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sexta-feira, 30 de julho de 2010

A macieira

Uma velha senhora de aproximadamente uns sessenta e poucos anos morava sozinha em sua bela casa amarela, ela possuía um jardim na frente de sua casa e lá cultivava muitos tipos de flores e plantas. Ela não gostava muito de árvores, mas por acaso um dia alguém jogou uma semente de macieira em seu jardim e lá a árvore brotou. No início a velha senhora não soube ao certo se deveria deixar a macieira crescer ou acabar com ela antes que crescesse muito, contudo o tempo foi passando e conforme a macieira foi tomando forma a velha senhora decidiu deixá-la em seu jardim.
O tempo foi passando e a macieira foi crescendo e ficando cada vez mais bonita e vistosa, seus frutos eram também deliciosos e deslumbrantes. A macieira sabia desde o início que sua dona não queria a ter em seu jardim, por isso desde muito pequena procurava deixar suas folhas sempre bem verdes e seus galhos bem organizados para que ela fosse a planta mais bela de todo jardim. Ao chegar à fase adulta a macieira continuou mantendo sua preocupação e por isso sempre se esforçava ao máximo para dar maçãs sempre suculentas e bem vermelhas, ela fazia de tudo que podia para agradar a velha senhora.
A velha senhora, entretanto parecia por vezes amar e por vezes odiar a macieira, havia vezes em que ela conversava com a árvore e dizia que seus frutos eram lindos e saborosos e agradecia pela existência da árvore, porém em outras vezes ela dizia que os frutos da macieira eram como de qualquer outra árvore, que não havia nada especial neles. Outras vezes também a senhora esquecia-se de aguar a árvore e também dizia coisas feias para ela; dizia que seus galhos eram feios e tortos, que sua sombra esfriava a casa, que ela não servia para nada ali.
Todas aquelas palavras faziam a bonita e vistosa macieira sentir-se mal, contudo ela se lembrava das vezes em que sua dona a tratava bem e por isso continuava a dar frutos ainda mais lindos e saborosos que os anteriores. A macieira comportava-se sempre assim, até que um dia a velha senhora disse algo muito grave para ela:

- “Olha, você nunca será minha planta favorita, eu só gosto de você por causa de seus frutos”.

Ao ouvir aquelas palavras a macieira entristeceu-se muito, ela ficou tão triste que suas folhas e frutos foram aos poucos perdendo a cor, seus galhos começaram a entortar e sua beleza foi aos poucos desaparecendo. O inverno chegou e a árvore deixou que todas suas folhas caíssem, deixando mostrar todos seus galhos tortos que diziam toda sua tristeza. Quando a primavera chegou a macieira deixou apenas que algumas folhas nascessem, alguns de seus galhos também caíram durante o inverno e ela não fez com que eles crescessem de novo. A macieira dentro de si ainda pensava que com aquele tipo de atitude a velha senhora poderia se entristecer, contudo nada disso aconteceu. A velha senhora simplesmente achou aquilo de certa forma bom porque agora suas queridas e amadas flores e plantas diversas poderiam voltar a ser a coisa mais linda de seu jardim e enquanto ela admirava suas outras plantas a macieira continuou a viver ali triste e solitária, vivendo cada dia à espera do momento em que sua dona lhe desse algum valor e ela pudesse voltar a ser para a senhora a bela e formosa árvore que sempre fora.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Algumas verdades sobre o amor

Podemos pensar no amor como sendo um sentimento mutável que pode aumentar, diminuir, nascer, ser sufocado ou até mesmo morrer, porém o amor é um sentimento único e absoluto. O amor já está dentro de nós desde o dia em que nascemos, puro, verdadeiro, absoluto e único, esperando apenas o dia em que será despertado, mas jamais criado ou concebido como muitos pensam.
O amor não é como uma flor que precisa de água, luz, calor e cuidado; como uma flor que quando jovem é botão, mas que com o passar do tempo vai perdendo seu brilho e viço até que sua última pétala toque o chão. O amor é como uma rocha, rocha que vence o tempo e que existe por si só. O amor é rocha dura como diamante, é brilhante como um prisma que captura um simples e monocromático raio de luz e o transforma em arco-íris para que todos possam ver sua beleza. O amor é como uma rocha que não precisa de cuidados e que sempre existirá independente do tempo e do que aconteça ao seu redor.
O amor não é do tipo que presenteia por ter sido presenteado, que bem cuida por ter sido bem cuidado, que bem trata por ter sido bem tratado. Tampouco é do tipo que presenteia para ser presenteado, que bem cuida para ser bem cuidado, que bem trata para ser bem tratado. Fazemos isto por alegria, merecimento ou gratidão, mas jamais por amor. O amor não precisa de razões nem motivos para se expressar, ele se expressa pela simples alegria de existir.
O amor não se reformula, não muda de cor, na muda de capa nem de endereço. Tampouco pode ser morto, apenas fingi-se ter sido esquecido. Contudo o amor só pode ser despertado uma vez, apenas uma única vez. E se a vida em suas escuras veredas fizer o amor dormir, este poderá até o fim dos tempos assim permanecer, porém jamais há de deixar-se morrer.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O amor habita no inexplicável

Nós humanos estamos acostumados a querer ter explicação para tudo, como porque o céu é azul, porque a água do mar é salgada, porque não falamos todos a mesma língua e assim por diante, todos já nascemos perguntando para nossos pais o porquê de várias coisas. Passamos tanto tempo tentando entender tudo que acabamos por esquecer-se de admirar as coisas que temos ao nosso redor.
Nessa mania frenética e mecanizada de querermos entender tudo decidimos também que queríamos entender porque e como acontece o amor, dizendo que ele está em certa parte do cérebro e que é definido por certos fatores que somados fazem uma pessoa amar alguém, a chamada ciência do amor. Por não sermos capazes de explicar o que é o amor, (é lógico que nunca saberemos explicar) muitos acham que ele não existe simplesmente porque não pode ser explicado. Essa é a maior mentira do mundo!
O amor existe sim e Ele habita justamente no campo do que não pode ser explicado. O amor tem suas próprias razões e seus próprios motivos, o amor não precisa que digam para ele se algo é certo ou errado para que ele exista, ele simplesmente existe e enxerga tão mais longe que nossos olhos que por vezes é confundido com insensatez ou até mesmo com falta de inteligência. Dizem que o amor é cego, mas cego mesmo é quem não vê as maravilhas que o amor faz. O amor te fez crer sozinho quando todo o mundo diz que era hora de parar de acreditar, o amor te dá forças para lutar, o amor faz palavras entrarem e saírem por seus ouvidos sem que parem em sua mente, o amor acredita que o impossível é possível e te dá força tamanha que o impossível de fato acontece. O amor te faz sonhar, te faz lutar, te faz acreditar e sempre te faz vencer.
O amor não se explica nem jamais será explicado. Se um dia acharmos razões do porque amamos alguém então termos a certeza de que não é amor, pois o amor verdadeiro existe ali quando simplesmente dizemos “eu não sei porque, só sei que eu o (a) amo.”

Deus intercede por nós

Meu Pai, por tantas vezes o inimigo se esconde e fica na espreita nos cantos escuros de nossas vidas e também na vida daqueles que nos cercam, apenas esperando o momento de conseguirem entrar em nossas. Porém meu Pai Tu és grande e poderoso e por isso vim hoje te pedir que olhe pelos Teus filhos e os encha de força, que sejam verdadeiros soldados em suas casas e que com escudos feitos de fé expulsem todo e qualquer inimigo que lá habitar. Que Tu esteja com teus filhos nessa guerra, pois um exercito regido pelo inimigo não é nada comprado com o teu poder. Não deixe que nada se entre-ponha em Teus planos e continua iluminando e abençoando aqueles que a Ti seguem para que sejam seus porta-vozes aqui na Terra, para que possam levantar os caídos e enxergar aquilo que outros não enxergam. Conversava-os na pureza e não deixe que se abatam com mentiras proferidas de bocas que não sabem o que dizem nem que sementes ruins tomem conta de seus coração. Ouça os clamores que chegam a Ti e opera Teu milagres sempre olhando para os corações daqueles que Te pedem. É isso que te peço hoje meu Deus.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Mostre-me ó Jesus

Jesus, quero te fazer um pedido. Se poder e se achar que mereço peça a teu Pai que me indique a resposta para como tirar alguém da escuridao. Jesus, já tentei de várias formas e todas deram certo, mas foram passageiras, preciso agora de uma forma definitiva para que isso chegue a um fim. Teu Pai me deu um presente tão grande e maravilhoso, e tenho certeza que Ele deu a mim porque sabia que somente eu seria capaz de cuidar deste presente. Mas Jesus, por que o presente não quer que eu cuide dele? Se foi Teu Pai que me deu e se foi Ele que criou então por que a força do presente as vezes falta, por que pode ser tão cego? Teu Pai é amor e é isso que Ele quer que sejamos, mas como uma criatura concebida por Ele para amar pode nao se importar para isso? Peço muito que Você Jesus interceda por mim e faça que Teu Pai me dê a resposta para que eu possa salvar este presente da ruína. Sempre acreditei e esperei em Ti e em Teu Pai Jesus e é por isso que mais uma vez eu recorro a Ti.

De seu humilde servo e pecador,
Rafael Assis da Silva

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Analogia

O cavalo sempre fora animal admirado pelo homem devido sua robustez e pelo fato de poder ser domado e poder executar atividades diversas. O cavalo é de tanta importância e significância que os usamos para mostrar o quanto um motor a combustão é forte dizendo que este motor é capaz de produzir X cavalos de força, os famosos CV. Por serem tão fortes nós usamos os cavalos desde muito tempo para nos transportar de um lugar para outro, para carregar peso por nós, para arar a terra por nós, mas será que os pesos que nossos amigos equinos carregam em seu dia-dia são maiores que os pesos que nós seres humanos carregamos? Não quero tomar partido defendendo esse ou aquele lado, vamos apenas observar os fatos.
Um cavalo pode parar para comer em qualquer lugar que haja capim e aquilo para ele será um banquete, um cavalo não precisa esperar até o casamento para poder cruzar, não existem cavalos ricos ou pobres, apenas uns bem e outros não tão bem cuidados. Contudo, no fim das contas eles nem sabem disso, ou você acha que um cavalo de corrida que vive em um estábulo bem cuidado irá virar o focinho ao cruzar na rua com outro que puxa carroças cheias de areia ou tijolos para uma obra próxima? Tampouco, cavalos de corrida irão voltar para o estábulo tristes ou felizes porque ganharam ou perderam uma corrida, eles nem sabem porque estavam correndo e querem apenas saber de comer sua cenoura de cada dia.
Por outro lado, nós humanos somos obrigados a pagar por tudo, desde um prato de comida a uma casa para nos estabelecermos, temos que sufocar nossa libido dentro de nós mesmos esperando a consagração do matrimônio, salvo aqueles que não seguem religião alguma. Também temos que nos preocupar com estudos, trabalho, capitação de renda, educação de nossos filhos, pagamentos de nossas contas, manutenção de nossas saúdes mental e física, coisas que somadas podem enlouquecer qualquer um. Quase sempre acordamos e de forma quase mecanizada cumprimos os afazeres de cada dia, um banho rápido pela manhã, café da manhã, dentes escovados e ônibus ou trens cheios para chegarmos a nossos trabalhos. Se tivermos carro também não muda muita coisa, pois no trânsito só o que encontramos é lentidão e ela é igual para ricos e pobres.
Então eu me pergunto se não deve ser mais fácil carregar um peso nas costas a carregar em nossas mentes todos os tormentos que a vida moderna nos trás. Verdade que um cavalo não usa roupas caras, não dirige carros rápidos, não mora em casas luxuosas, claro que não, um cavalo só quer poder ter o que comer e para ele isso basta. Entretanto, nós tivemos a “brilhante” idéia de criar roupas, carros, casas e afins cada vez mais caros para separar o rico do pobre, o bem sucedido do “Zé Ninguém” e assim na nossa louca escala de qualidade humana podermos apontar e julgar quem é melhor do que o outro. Por isso cada vez mais aumenta o número de pessoas com crises de estresse, suicídios, pessoas que procuram amenizar suas dores com álcool, drogas, prostituição, pois hoje nossas mentes estão tão condicionadas ao ato de conquistar bens que não temos tempo, e pior ainda, nem mesmo temos mais a capacidade de perceber as coisas que realmente necessitam de nossa atenção. Uma pessoa que vende bala no ônibus ou no trem é muitas vezes deixada de lado, fingimos que não a estamos vendo e nos importamos muito mais em comprar um tênis, calça ou camisa de marca para mostrarmos que obtivemos sucesso na vida. Pior ainda é quando somos elogiados por ter ficado com um troco que veio errado para mais quando o certo seria sermos educados a devolver a diferença. Porém, neste mundo em que o mais importante é o ter e não o ser os valores vão pouco a pouco mudando de lugar e o certo passa a ser errado, assim como o louvável passa a ser ridicularizado. Por isso creio que se somarmos todos os pesos que carregamos em nossas costas desde o dia que nascemos até o último dia de nossas vidas creio que este será infinitamente maior que os milheiros de tijolos e metros de areia que um cavalo de fornecedora poderá ter carregado.
Em suma, somos todos Atlas modernos carregando em nossas costas um peso cada vez maior, um pensamento que me faz cada vez mais acreditar que colocar um filho no mundo hoje em dia é quase um crime inafiançável.

P.S. Atlas foi um titã que foi condenado por Zeus a sustentar para sempre o céu em seus ombros.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Homem de verdade

Homem de verdade não tem pele, tem casca. Casca instransponível, do tipo que não se quebra nem se fura, é casca impenetrável que esconde as fragilidades que os tornariam menos homens e também as aflições que os tornariam menos sábios. Pois, homem que é homem não pede informação quando está perdido, não chora quando está ferido, homem que é homem luta com bravura escondendo atrás de seu frágil escudo de poses e posturas a verdadeira pessoa que ali está. Pessoa esta que é pessoa, de carne e também de osso. Pessoa esta que também chora por dentro e que nunca saberá de tudo, pois a vida é um aprendizado sem fim. Mas homem que é homem não se pode dar ao luxo de chorar, pois para cada lágrima derramada existem vários dedos apontados. Dedos cruéis que julgam sem saber julgar, que ferem sem ao menos tocar, dedos simples e pequenos, mas que carregam em si o peso de toda uma sociedade. Qual o homem que nunca ouviu seu pai dizer “Engole o choro filho, homem não chora”.
Homem que é homem não pode gostar de poesia, não pode se emocionar com estórias, não pode ter pele, pois é preciso ter casca. E quem será capaz de transpor a casca instransponível e ver com olhos únicos a beleza que se esconde por trás do homem de verdade? Não serão machados golpeados ferozmente contra a casca que irão rompê-la, tampouco serão músculos trabalhados e admirados durante anos que serão capazes de rasgá-la de cima abaixo. Não será preciso esforço nem suor, dor nem aspereza, martelo nem formão, será preciso apenas uma voz e um toque leve como brisa daquela que foi concebida por Deus através da costela de um homem de verdade, basta apenas uma mulher. Mas não qualquer mulher, pois se simples fosse todos os homens de verdade seriam vistos por dentro, mas não é assim, somente mulheres especiais conseguem romper a casca e ver o que ela esconde. Esconde lágrimas que choram de tristeza, esconde uma alegria transbordante quando algo vai bem, esconde dúvidas, esconde grandes vales sem conhecimento, esconde uma pessoa de verdade. E a pessoa de verdade é muito mais importante que o homem de verdade, visto que não é personagem, é real, não é abstrato, é concreto, não é finito, é eterno. Contudo, se fácil e compreensível fosse, seríamos nós homens todos pessoas de verdade, mas vivemos atrás de nossas cascas guardando o que há de melhor e também de mais falho em nós para o dia em que aquela que nos fará apaixonar para sempre terá o privilégio de conhecer o que nós realmente somos, e isso não é desmerecimento para todo o resto, mas sim um presente para aquela que nos ama. E esta então poderá conhecer a pessoa de verdade, que é muito maior e mais completa do que o pseudo homem de verdade, que na verdade não passa de um homem de mentira.

sábado, 3 de julho de 2010

As sementes que plantamos

Um grande apartamento de uma grande metrópole abrigava vários moradores, cada família com sua peculiaridade e dentre esses moradores havia dois homens que moravam sozinhos em seus apartamentos, eles se viam quase todos os dias no estacionamento, pois iam sempre trabalhar no mesmo horário. Com o crescimento cada vez mais rápido da cidade a prefeitura viu-se obrigada a demolir aquele prédio para realizar a construção de um grande elevado por onde vários carros e veículos pesados trafegariam todos os dias, desafogando assim o transito, então a prefeitura decidiu indenizar todos os moradores do prédio e deu a eles um prazo de um ano para que todos arrumassem um novo lugar para morar e deixassem o prédio, que seria demolido ao fim da mudança de todas as famílias. Os dois homens que sempre se encontravam ao ir para o trabalho tinham algumas coisas em comum, uma delas era a jardinagem, hobby que cultivavam desde adolescentes. Nas vezes que se esbarravam pelos corredores do prédio nos fins de semana sempre conversavam sobre seus jardins, sobre quais flores tinham, que remédios usavam e outras coisas relacionadas ao assunto. Certo dia um dos homens levou o outro para seu apartamento para mostrar seu pequeno jardim cultivado em vários vasos de plástico e também de barro, mostrou todas as plantas e flores que tinha e se demonstrou bem orgulhoso de sua obra. Depois de mostrar tudo com muito orgulho e pompa para seu vizinho ele então o indagou:

- Você sempre me fala de seu jardim, mas eu nunca o vi, você pode me levar para seu apartamento para que possa vê-lo?
- É claro que poderia sim levá-lo até meu apartamento para vê-lo, se assim eu o tivesse, porém não tenho jardim algum aqui.
- Oras, porque não tem um jardim aqui como eu?
- Porque minha passagem por esse prédio é fugaz, logo estarei longe daqui, então meu jardim está onde farei minha morada definitiva, é lá que cultivo minhas flores e minhas plantas. Tenha um bom dia e fique com Deus.

Poucos meses depois ambos deixaram o prédio e foram para seus lares definitivos, o homem que havia cultivado seu jardim no prédio não teve como levar tudo aquilo e acabou deixando para trás, já o outro que o estava cultivando em sua nova casa ao chegar nela para morar definitivamente já tinha um lindo jardim esperando por ele. E assim como ele mesmo havia dito para seu vizinho, morou naquela casa até o dia em que deixou nosso mundo, seu jardim sempre lindo e bem cuidado o acalmou nos dias de estresse e perfumou sempre sua casa com o mais puro e doce aroma das flores.
Creio que seja isso que todos nós precisemos fazer enquanto habitantes desse mundo, não devemos cultivar nem investir todo nosso esforço, tempo e tudo mais que temos aqui, pois nossa morada aqui e passageira. Devemos investir o que temos de melhor no reino de Deus, pois é lá que vamos morar definitivamente, seguindo-O e obedecendo-O com a certeza que de as sementes que plantamos no reino dos céus serão um belo jardim no dia em que formos morar junto de Deus.

O dia em que a lua esqueceu de se pôr

Aquele havia sido um longo inverno em Rocktown, as nuvens já cobriam a cidade por três meses seguidos e durante todos esses três meses a lua, que costumava iluminar as noites da cidade, não era mais vista. Durante o dia somente a forte luz do astro rei conseguia traçar seu caminho por entre as pesadas nuvens e chegava à cidade como um alívio para os moradores que usavam pesados casacos para se livrar do frio. Nunca em um inverno os moradores de Rocktown passaram tanto tempo sem ver a luz do luar, mas tudo aquilo tinha um motivo. Certo dia, Lua desobedeceu uma ordem de Universo, este então decidiu punir Lua com um período indeterminado em que ela ficaria sem poder observar os moradores da Terra e suas maravilhas, ela foi punida pois um dia o Universo ordenou que naquela noite ela não estivesse cheia mas ela o desobedeceu e assim tomou sua punição.
Lá embaixo na Terra poucos dos moradores de Rocktown se deram conta do desaparecimento de Lua, eles apenas reclamavam do frio e do fato de ter que usar casacos cada vez mais pesados, mas para eles era apenas isso que os incomodava. Lua sempre fora a inspiração de muitos casais e costumava ser o fundo perfeito para beijos e abraços apaixonados ao ar livre, talvez por isso os únicos que haviam percebido o desaparecimento da rainha da noite era justamente um casal de namorados que por vezes passava horas em um banco da praça da cidade conversando e namorando sob a luz do luar e das estrelas, eles estavam juntos há quase um ano e o rapaz da relação já pensava em algo para celebrar aquela data.
Rocktown era uma belíssima cidade, seus moradores eram pacíficos e uma bela montanha deitava-se sobre a cidade a poucos quilômetros do centro, de lá era possível ver mais estrelas no céu, pois não havia tanta iluminação e também era possível ver as luzes da cidade lá embaixo. O rapaz planejava acampar com sua namorada em um platô ainda no início da subida da montanha, ir até o topo era desnecessário, pois até lá era uma longa caminhada e o frio provavelmente estaria mais intenso, o platô daria uma bela vista tanto do céu quanto da cidade além de ser um lugar perfeito para acampar. O rapaz foi visitar sua namorada na casa dela e lá contou para ela a idéia que tinha, no início ela ficou um tanto receosa, mas logo começou a gostar da idéia, era algo que ela nunca tinha feito e passar uma noite com seu namorado nas montanhas parecia algo maravilhoso para ela que também tinha um certo espírito aventureiro. Os dois começaram a fazer uma lista de tudo que precisariam e em suas mentes já começaram a viver aquele momento que se tornaria único na vida de ambos.
Naquela mesma noite Lua já estava por demais chateada com sua punição e decidiu que iria falar com Universo, ela então tomou coragem e foi falar com aquele que mandava nas estrelas, planetas e quaisquer corpos celestes.

- Olá senhor Universo, posso falar com você?
- Diga Lua, o que te traz aqui?
- Senhor Universo, sua punição para mim está durando muito tempo, já estou cansada de não poder mais ver a Terra e suas maravilhas. Já faz três meses que estou nessa situação, será que você não pode acabar com essa minha punição?
- Lua, você sabe que você me desobedeceu, isso foi algo muito grave!
- Eu sei disso Universo e estou muito arrependida, mas eu por natureza já sou punida a cada dia, basta ver minhas amigas estrelas, elas tem luz própria enquanto eu dependo da luz do Sol para iluminar a Terra durante a noite, isso já é uma punição pela vida inteira.
- Seus argumentos são bons e creio que de fato você já aprendeu sua lição, mas fica aqui uma ressalva. Se você voltar a me desobedecer você será punida de forma que nunca mais esqueça minha autoridade, lembre-se disso.
- Está certo Universo, posso voltar a iluminar na Terra já na próxima noite?
- Pode sim
- Muito obrigado Universo, muito obrigado mesmo!

Lua voltou para seu lugar e esperou ansiosamente pelo momento em que pudesse voltar a iluminar a Terra e ver mais uma vez as suas maravilhas.
Lá embaixo na Terra a tarde estava em sua metade quando o casal de namorados decidiu começar sua subida até o platô onde acampariam, saindo pela metade da tarde ambos chegariam ao platô a tempo de ver Sol se por e ver a noite chegar aos poucos, eles pegaram tudo que precisavam, colocaram suas mochilas nas costas e rumaram em direção a natureza. Mesmo antes de chegar ao local do acampamento a natureza já mostrava sua presença com seus cheiros, cores e sons, fugir um pouco da cidade era tudo que ambos queriam naquele momento em que completavam um ano vivendo a maravilha que é amar. Após mais ou menos uma hora de caminhada ambos chegaram ao platô, deixaram suas mochilas ao chão e começaram a levantar acampamento, depois de mais ou menos trinta minutos tudo estava pronto e ambos sentaram-se na frente de sua barraca e passaram a admirar o pôr do sol enquanto comiam algo. O céu a frente deles foi mudando de tons de azul para um alaranjado enquanto Sol se escondia por trás do horizonte, pouco depois o alaranjado tornou-se roxo e por fim ficou tudo negro. Passado algum tempo algo chamou a atenção daquele casal, do outro lado do céu uma bola alaranjada apareceu no horizonte, os dois olharam incrédulos e logo perceberam que era ela, Lua havia voltado! Depois de três meses, no exato dia em que completavam um ano juntos o casal foi presenteado com a volta de Lua, ela estava cheia e linda, parecia enorme perto do horizonte e estava mais linda do que nunca. As horas foram passando e quando Lua atingiu seu ponto máximo no céu o rapaz gentilmente colocou sua namorada sentada e pediu que ela fechasse seus olhos, ele abriu a mochila e de lá tirou uma caixinha recoberta de veludo negro, ele abriu a caixinha e pediu que sua namorada abrisse seus olhos, ao abrir ela viu duas alianças douradas lindas, enquanto seus olhos brilhavam por olhar aquelas lindas alianças seus ouvidos foram tomados pelas palavras proferidas por seu namorado:

- Você quer se casar comigo?

Ela então ainda meio chocada com a surpresa e com lágrimas nos olhos olhou fundo nos olhos de seu amado e o respondeu com um largo sorriso de felicidade em seus lábios.

- É claro que sim meu amor, é tudo que eu mais quero!

Eles se olharam fundo nos olhos um do outro e deram um forte abraço e beijaram-se como se nunca houvessem se beijado antes, a felicidade era tamanha que somente um pensamento passava na cabeça dos dois naquele momento: “Eu não quero que esse momento acabe!”
Lá no alto do céu Lua estava encantada com o amor daquele casal e os admirou tanto que acabou esquecendo-se de traçar seu caminho em direção ao oeste, como se tivesse ouvido o que o casal tinha acabado de dizer Lua parou no céu e de fato para os dois lá embaixo aquele momento de fato durou mais tempo do que se esperava. Os ponteiros do relógio passaram a correr mais devagar e Sol que logo precisava nascer no horizonte para iniciar um novo dia pediu para que um cometa que passava na hora desse um recado para Universo, pediu para que ele dissesse que Lua estava parada e que Universo fizesse algo porque ele (Sol) precisava nascer em breve. Universo ouviu tudo que o cometa disse e deu a ele outro recado e pediu que ele o levasse para Lua, chegando lá Lua viu o cometa e perguntou para ele:

- Olá cometinha, o que faz por aqui?
- Vim te dar um recado do Universo, ele disse para você continuar logo seu caminho para o oeste e disse que assim que você se pôr é para você ir direto falar com ele.
- Minha nossa, eu fiquei tanto tempo olhando o casal lá embaixo que me esqueci de seguir meu caminho! Vou continuar meu rumo para o oeste e assim que me pôr irei falar com Universo.

As horas passaram e no horizonte Lua se deitou, assim que seu ultimo raio deixou de tocar a Terra ela respirou fundo e foi falar com Universo, chegando lá ele estava com cara de bravo e Lua logo começou a se tremer.

- Olá Universo, o cometinha me deu seu recado, o que você quer falar comigo?
- Eu tirei você de seu castigo e é assim que você me retribui?
- Perdoe-me Universo, é porque eu estava tão empolgada com o amor daquele casal que acabei me esquecendo da hora, perdoe-me!
- Desculpe-me Lua, mas não posso fazer isso, outros planetas e satélites já me desobedeceram no passado e tive que ser duro com eles também, por isso tenho que fazer o mesmo com você mesmo gostando muito de você Lua. Eu te disse que caso você me desobedecesse de novo você seria punida para sempre, de forma que sempre irá se lembrar do meu poder, então me ouça bem porque aqui vai sua punição. A partir de hoje até o fim dos tempos haverá épocas em que colocarei a Terra entre você e Sol e quando isso acontecer durante a noite ninguém poderá ver a sua luz.
- Por favor, Universo, não faça isso comigo, eu te peço.
- Esta é minha ultima palavra Lua, agora volte e assuma seu posto.

Daquela forma Lua foi punida e cientistas na Terra chamaram de eclipse o momento quando a Terra cobre a luz de Lua, mas ela não se sentiu assim tão triste, pois graças à ela um momento mágico de um casal foi eternizado.
O casal na Terra se sentiu muito feliz por ter recebido tamanho presente dos céus e até o último dia em que ambos viveram sempre contaram para seus filhos, netos e bisnetos que não havia eclipses antes daquela noite e que os eclipses deixam apenas um anel de luz visível em volta de Lua, anel esse que eterniza o dia em que o rapaz pediu sua namorada em casamento com uma bela aliança dourada. E assim, cada vez que um membro daquela família presencia um eclipse eles se lembram de como forte e intenso foi o amor daquele casal, um amor que parou o tempo e mudou o universo.