Rio & Cultura

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domingo, 24 de outubro de 2010

O soldado


Não era dos soldados mais fortes, tampouco o consideravam o mais inteligente. Contudo, era do tipo que quando tinha um objetivo seguia em frente como um tanque blindado, só parando assim que sua missão fosse cumprida. Era confiável e motivado como poucos, era de fato um bom soldado.
Um dia viu-se em uma missão que parecia perdida, ele tinha tudo contra ele e a seu favor somente seu otimismo e a motivação que sempre estivera com ele.
Pendurou suas armas em seus ombros, pegou todo o resto que precisava e mais uma vez partiu.
Era como uma máquina, cada passo dava o tom de sua marcha, não havia nada em seu caminho que fosse capaz de impedi-lo de realizar seu feito.
Então ele seguiu e enfrentou diversas batalhas, os inimigos eram sempre os mesmos e ele sempre os vencia, batalha a batalha ele chegava mais perto de seu objetivo.
Entretanto, a cada batalha o nobre soldado se feria um pouco mais e deixava que as feridas fossem pouco a pouco tomando conta de sua pele e carne.
Então, bastante ferido, mas ainda assim confiante ele foi para mais uma batalha acreditando que mais uma vez sairia vencedor.
Oh soldado, chegou tão longe, mas agora suas pernas já não mais os levariam a lugar algum, tampouco suas armas seriam capazes de desferir tiros certeiros que o fizesse vencer.
Certeiras foram as balas do inimigo, e o soldado que uma vez fora forte e confiante viu-se cair de joelhos em seu próprio mundo, em seu próprio campo de batalha.
De seus olhos brotavam lágrimas e de suas feridas corria o sangue misturado com seu tão lutado suor.
Antes de cair, ele olhou para o céu sobre seu já debilitado corpo e lá entre as nuvens viu tudo que fizera.
Sentia seu coração bater cada vez mais devagar e sua respiração cada vez mais difícil.
Arrependeu-se de certas atitudes tomadas em suas batalhas, mas jamais por ter entrado nelas.
Caiu ali e ali fez seu túmulo, ali fez seu nome.
Morreu como um guerreiro, lutou como um guerreiro, viveu como um guerreiro.
Sonhou como um homem e no seu último segundo viu que derrota e vitória são os únicos destinos daqueles que lutam.
Já lutar é o único caminho para aqueles que escolhem vencer.

Gravura por: Rafael Assis

sábado, 16 de outubro de 2010

Não desista

Não existe lugar alto demais, nem distância longa demais
Tampouco cansaço que nos impeça de dar mais um passo
É nas horas em que nossas forças parecem se esvair
Que vemos o quão forte de fato somos
É nas horas em que tudo parece uma negra imensidão sem fim
Que vemos mais um brilhar de luz
Rompamos as amarras que nos seguram
Renunciemos ao cansaço, a falta fé, a insegurança e ao medo
Mostremos que quando mais parecemos fracos é quando verdadeiramente somos fortes
Pois a verdadeira força está em superar o que parece insuperável
Está em continuar quando o mundo quer que você pare
Não existe sonho grande demais
Não existe objetivo impossível
Somos nós mesmos que nos dizemos aquilo que somos ou não capazes de alcançar
Então não diga “eu não consigo”
Diga “sim, eu posso!”
Foque em seu sonho, seu objetivo.
Pois ele está lá
Somente esperando você ir buscá-lo
E quanto mais difícil ele parecer
Mais você aprenderá e se fortalecerá durante seu caminho
E com força e sabedoria, não existe outro fim que não seja a sua vitória

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Carta para um amanhecer

Mãe e Pai, venho por meio desta desculpar-me por todas as vezes que fui negligente com vocês, por todas as vezes que deixei de ouvir seus conselhos por achar que minhas idéias eram mais certas e também por todas as vezes que os coloquei em segundo plano.
Desculpem-me pelas diversas noites mal dormidas, pelos diversos problemas que os causei com relação ao carro, pelas dívidas que os fiz contrair por minha causa, por todos os transtornos que eu os trouxe. Tenham certeza que se eu pudesse voltar no tempo teria feito diferente várias coisas para não ter que vê-los passar pelo o que vocês passaram.
Sinto-me muito mal pela forma ingrata que posso os ter tratado por diversas vezes e quero que apenas saibam que não foi por mal, eu apenas não conseguia ver.
Quero que saibam também que eu posso até não admirar todas suas formas de pensamentos e posturas, mas que vocês dois são pessoas muito especiais e que são exemplos belíssimos!
Você meu pai, sempre se mostrou disposto a ir atrás de mim onde quer que eu estivesse, não havia hora nem lugar, eu sempre podia contar que com uma ligação no celular em poucos minutos você estaria lá, seja de Gol ou de Fusca, e de fato você sempre esteve. Com você eu aprendi a ser paciente, a ser uma pessoa amável, carinhosa, a ser um sujeito bondoso e sempre disposto a ajudar. Aprendi também que nem sempre nas ocasiões em que fazemos o bem somos recompensados por isso, mas que ainda assim vale a pena, pois a verdadeira ajuda é aquela que não busca nada em troca. Lembro-me de ter visto você chorar numa época em que tudo que eu ouvia era “homem não chora”, vi e vejo até hoje você cuidar e amar minha mãe com um amor que parece ser infinito e isso é algo que me encanta. Eu só tenho uma frase pra expressar o que sinto por você: pai, você é meu herói!
Você minha mãe, é aquela que amarrou meus sapatos até os 10 anos de idade, aquela que sempre cuidou de mim com o máximo de atenção que uma mãe pode ter para um filho. Aquela que nunca levantou a voz para mim, que nunca me xingou, que nunca me disse nenhuma palavra que me magoasse. Você é a pessoa que abdica dos seus próprios sonhos para realizar os meus e também os do Renato, mãe como você não há! Mais do que me ensinar a ler e a escrever, você me ensinou a lutar pelas coisas que quero, me ensinou que não é bom permanecer estagnado na vida, me mostrou que nada vem para aqueles que não buscam, e é isso que tenho feito desde sempre, lutado pelas coisas pelas quais eu acredito para um dia poder conquistá-las. Também te acho uma pessoa inteligentíssima e embora hoje eu fale mais de uma língua e entenda bastante sobre vários assuntos sei que jamais serei tão inteligente quanto você.
Sempre escrevi bastante sobre diversos assuntos e também para diversas pessoas, mas escrever para vocês sempre havia sido uma grande vontade que parecia estar aprisionada dentro de algo que não sabia explicar. Pois bem, esta noite as barras de ferro dessa prisão foram rompidas e consegui colocar nessa carta um pouco de tudo que sinto por vocês, gostaria de poder dizer muito mais, contudo as palavras e suas limitações jamais me permitirão. Quem sabe, até o fim da minha vida poderei demonstrar a tamanha gratidão e amor que sinto por vocês. Por agora, termino essa carta com algo que hoje em dia virou “bom dia”, mas que para mim são as três palavras mais carregadas de sentimentos que uma pessoa pode dizer.

Eu amo vocês!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Minha bela natural


Hoje a caminhar pela natureza, em um lugar tão já conhecido me surpreendi com o quanto eu pude mais uma vez me vislumbrar com tudo aquilo. Achava que seria como visitar um lugar que já havia ido com tanta frequência que poderia até achá-lo sem graça, porém ao chegar lá descobri novos ângulos, mirei novos olhares, ouvi novos sons e descobri mais uma vez a beleza da natureza! A natureza não envelhece, tampouco rejuvenesce, ela apenas muda e deixa-se revelar um belo e surpreendente novo segredo a cada visita.
Foi assim, contemplando e admirando uma das tantas belíssimas criações do divino que pude enfim compreender porque que meus olhos já familiares de sua tão única silhueta ainda se deixam encantar e se deleitam na mais pura fascinaçao toda vez que eles te vêem. Embora estes olhos, que já chegam a quase três décadas de vida, já conheçam bastante cada sutil curva e textura sua, você em seu transborde de naturalidade revela-os um novo encanto, uma nova surpresa, um novo detalhe a cada olhar que eles dirigem à ti. Você não envelhece, tampouco rejuvenesce, apenas muda e a cada mudança transforma-se em um novo ser mais belo e surpreendente do que jamais fora, me fazendo encantar-se por ti a cada dia, minuto ou segundo como se jamais a tivesse visto. É como uma rosa que ao passo lento do tempo desabrocha mais uma pétala, exala seu novo perfume e me ilumina com as cores tão vívidas e verdadeiras de suas pétalas.
Princesa, minha doce princesa, feliz serei vivendo dia após dia a doce mágica de descobrir-te.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O mundo em mute


Às vezes gostaria de pegar um controle remoto e colocar o mundo todo em "mute", deixaria apenas os sons da natureza e dos animais, todo o resto seria calado. Não haveria mais som de carros nem pessoas, não haveria funk nem axé, não haveria mais nada além do som de rios, miados, uivos e afins.
Queria que pelo menos por alguns minutos meus ouvidos maculados fossem libertos de tantas mentiras e valores sem valor algum.
Queria não ouvir que o dinheiro é mais importante que tudo, que o amor não existe, que é preciso ter diploma para ser alguém, que todo homem trai, que mulher só gosta de dinheiro, que tamanho é o que importa, que é preciso ser malandro etc.
Chega disso tudo, chega de tantas vozes, chega de tanta mídia e tanta TV, chega de comerciais.
Quero por algum momento na minha vida poder ouvir na magia do silêncio a tão baixinha e verdadeira voz do meu coração.
Essa sim é a única voz que me levará para um destino seguro e feliz, pois ela é uma voz que se importa comigo e sempre sabe onde me levar.
E mesmo se um dia ela não souber ao certo para onde me levar, pelos menos saberá que qualquer um dos dois caminhos me levará a honestidade e a algo que é verdadeiramente importante.
Quero por um mute no mundo, pois ele tenta me envenenar, quer me fazer acreditar em algo que nunca acreditei, e pior que isso, quer me fazer desacreditar em tudo que achava certo.
Mundo cruel que quer matar minha unicidade, quer me tornar igual a todos os outros, quer me ver como todos os outros.
Mas não mundo, você não irá vencer!
Pois posso não ser capaz de colocar um mute em você, mas sou capaz de dizer não a todas suas mentiras e dizer sim quantas vezes forem necessárias para as verdades dentro de meu coração!

O floricultor


Não há flores como as de Sakir, era o que todos diziam naquela cidade. As flores daquele rapaz eram sempre as mais perfumadas de todas, de longe se podia sentir o aroma das flores que eram colocadas a venda, eram as mais lindas, coloridas e mais perfumadas de toda a cidade. A loja estava sempre cheia de homens apaixonados por suas esposas, namoradas, mães e atá mesmo amantes.
A casa de Sakir ficava alguns quilômetros distante de sua loja e lá em um espaço enorme ele cultivava todas as belíssimas espécies de flores que vendia em sua loja. Ele sempre cuidara se duas flores com muita paixão e afinco, cuidar daquelas tão belas e frágeis flores era a vida de Sakir.
Naquela cidade costumava chover bastante naquela época do ano, entretanto em uma noite especial o céu estava limpo e era possível ver a lua cheia e linda, brilhante como nunca. As estrelas também pareciam estar mais próximas do que jamais estiveram e pareciam também estar em maior número. Naquela mesma noite uma jovem senhorita de outra cidade que havia viajado quilômetros apenas para ver a bela plantação de Sakir havia acabado de chegar e como ainda era cedo ela quis caminhar um pouco pela rua da casa de Sakir, que era bem próxima do hotel onde ela havia se hospedado. Ela era diferente de todas as moças da cidade, era a mais bela entre todas elas. Era morena, tinha lindos cabelos castanhos acobreados ondulados, uma voz suave como um doce canto de um anjo e um sorriso tão belao que fazia a mais bela flor de Sakir sentir-se feia. Seus olhos eram penetrantes e fascinantes, tinham um brilho que nem mesmo chegavam perto do brilhar das estrelas no céu daquela noite tão especial.
Ao passar pelos portões de Sakir ela notou um clarão no fundo da casa do rapaz e viu algumas pessoas correndo de um lado para outro sem saber o que fazer enquanto outras estavam paradas, pareciam estarrecidas e amedrontadas com suas mãos em seus rostos. A menina então abriu o portão negro da casa de Sakir e entrou, perguntou para uma das pessoas que estavam paradas o que estava acontecendo e eles disseram que as flores de Sakir estavam pegando fogo, que o fogo iria consumir toda a obra de uma vida de Sakir. Sem pensar duas vezes ela viu um balde jogado no jardim, uma torneira perto da plantação e começou jogar baldes de água ao fogo. Ao ver aquilo, um jovem que até então ela não conhecia chegou para ela e disse:

-Menina se afaste, você pode se queimar e esses baldes d’água não serão suficientes para apagar esse fogo!
-Eu sei senhor, mas alguém precisa fazer alguma coisa caso contrario tudo será perdido.

O Rapaz então puxou a menina forte pela cintura e a tirou dali dizendo para ela que era para esquecer aquilo, que a plantação havia sido perdida. Ela perguntou como ele podia deixar que uma plantação tão bela pudesse ser tomada pelo fogo e ele então respondeu.

-Estou muito triste de fato, mas eu posso plantá-las novamente, embora isso me custe muito tempo e dinheiro. Não há nada nesse mundo que não possa ser recuperado. A propósito moça, muito obrigado pela sua ajuda e coragem, é algo que não se vê muito nos dias de hoje, qual é seu nome?

-Me chamo Sesiat e acabei de chegar a cidade.
-Seja bem vinda Sesiat, eu me chamo Leafar Sakir.

Os dois conversaram um pouco mais e então a jovem percebeu que era hora de voltar para seu hotel, Sakir acompanhou a donzela até lá e depois voltou pra sua casa.
No dia seguinte Sakir parecia estar mais feliz do que jamais estivera e aquilo estava mexendo com a curiosidade de seus criados, um deles chegou para seu patrão e o perguntou.

-Senhor, suas flores foram todas queimadas ontem, como pode estar tão feliz? Na verdade, o senhor parece mais feliz do que jamais estivera.
-Meu caro, se você reparar, chovia todas as noites nesta cidade por uma semana e exatamente ontem não choveu. A chuva poderia ter evitado o incêndio, mas foi o mesmo céu limpo que levou embora minhas flores que fez com que aquela bela jovem saísse para um passeio por nossa cidade. Embora eu tenha perdido alguns milhares de flores ontem, eu encontrei, ou melhor, os céus fizeram com que apenas uma, porém a mais bela de todas me encontrasse.

O criado de Sakir sorriu como quem tivesse entendido tudo e deixou seu patrão sozinho, mais tarde Sakir foi procurar Sesiat em seu hotel e lá convidou a jovem para um passeio pela cidade.
Sakir encontrou na perda de todas suas flores a beleza de uma única que era tão bela e especial que jamais nenhum outro floricultor poderia ser capaz de criar, naquela noite de céu estrelado ele ganhou a mais bela flor que Deus fora capaz de criar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os três irmãos

Tempo existira desde todo o sempre e tinha como sua mulher a bela Eternidade, eles viviam bem porém chegou uma época em que viram que havia chegado a hora deles terem filhos. Tempo chamou Eternidade e ela também concordou que era bom que eles tivessem filhos, sendo assim em uma bela noite nasceram os trigêmeos Ontem, Hoje e Amanhã. Eles eram crianças lindas, contudo com personalidades diferentes. Ontem era o mais calado e introspectivo, através de seus olhos se podia ver que ele sempre buscava algo que parecia estar em sua mente, algo que parecia lembrar com saudade. Hoje era o mais prestativo de todos os irmãos, era o mais dinâmico, o mais corajoso e o mais cheio de energia também. Seus olhos sempre buscavam algo bem perto de si e ele parecia ser capaz de muitas coisas. Amanhã era o mais relaxado de todos, gostava de descansar e parecia não se preocupar muito com o presente, seus olhos buscavam sempre algo muito além, bem mais além do que todos podiam ver.
Certo dia, Tempo chegou para seus filhos e os disse:

- Universo veio até nossa casa e deixou comigo seis presentes, sendo três deles bons e três deles ruins e me disse que devo distribuí-los a vocês de forma que cada um tenha um bom e um ruim.

Os filhos de Tempo ficaram curiosos, pois queriam logo saber o que havia naquelas seis caixas que guardavam cada uma um presente. Eles então perguntaram quem ficaria com cada caixa e seu pai respondeu.

- Universo já me mostrou o que cada uma delas guarda e é por isso que preciso fazer um teste com vocês para decidir qual ficará com cada caixa. Prestem atenção, pois só direi uma vez. A tarefa é muito simples, basta vocês irem aos famosos anéis de Saturno e de lá trazerem uma pequena rocha para mim. Não importa quando, apenas tragam.

Os trigêmeos ouviram aquilo ao mesmo tempo, entretanto cada um teve uma reação diferente. Assim que seu pai terminou de dar as instruções Hoje foi o primeiro a sair, não perdeu tempo e como já sabia o caminho para Saturno foi direto para lá pronto para buscar a tal rocha e voltar tão logo quanto fosse possível.
Ontem se afastou de seu pai e ficou se lamentando, pois pensava que já devia ter feito aquilo antes em uma das muitas vezes em que fora conversar com Saturno, ao mesmo tempo lembrava com nostalgia das conversas que teve com ele.
Amanhã também se afastou um pouco de seu pai e ficou pensando que como seu pai não havia dado prazo algum para que tal tarefa fosse cumprida ele descansaria um pouco mais e deixaria para fazer aquilo depois, não havia necessidade daquilo ser feito agora. Ao mesmo tempo também pensava que guardando suas energias para mais tarde poderia trazer duas rochas para seu pai, invés de apenas uma.

Hoje foi o primeiro a voltar e assim que deixou a rocha com seu pai e foi congratulado por ele perguntou se ele já iria receber seus dois presentes, contudo seu pai disse que ainda não, somente quando ele pudesse entregar os seis presentes a todos no mesmo momento.
Após alguns dias apenas Hoje havia trazido a rocha e Tempo viu que aquele era o momento certo para entregar os seis presentes, ele então reuniu seus filhos e os disse:

-Tenho aqui os seis presentes que me foram dados por Universo e irei entregá-los a vocês, a começar por Ontem. Meu filho, você passou a maior parte do seu tempo se lamentando por não ter pegado as rochas antes quando fora conversar com seu amigo Saturno, sua tristeza foi tão grande que o impediu que fizesse algo no momento em que foi preciso, contudo também vi em seu olhar um sentimento de saudade das conversas que teve com ele no passado e lembrou-se de tudo de bom que havia conversado com ele, por isso ficará com a caixa da boa lembrança e também a caixa do arrependimento.
Agora é sua vez Ontem. Você meu filho foi muito rápido como sempre fora, dinâmico e sem deixar nada para depois. O problema meu filho é que você não parou para avaliar suas condições antes, não procurou saber se Saturno estava acordado, se eu precisaria de sua energia para depois, você apenas foi sem pensar em nada. Por isso te dou a caixas da eficiência e da impulsividade.
Por último, mas não menos importante, entrego suas caixas Amanhã. Vi que você teve boa intenção, você se guardou para que depois você pudesse realizar sua tarefa de forma ainda mais completa do que lhe foi pedida, você me traria duas rochas ao invés de apenas uma. Contudo meu querido filho, é preciso que se dê o primeiro passo, é preciso que usemos o momento que temo agora para começarmos as ações que nos levarão ao sucesso em um momento posterior, é por isso que te dou as caixas da visão a longo prazo e da preguiça.

Cada um dos gêmeos então pegou as duas caixas que a eles foram dadas e guardaram sempre consigo, levando-as onde quer que fossem. Deste modo as pessoas na Terra, que já nasciam com esses sentimentos dentro delas, podiam ser facilmente identificadas como estando mais próximas da forma de agir e de pensar de Ontem, Hoje ou Amanhã e se elas soubessem usar as caixas boas de cada um dos gêmeos com certeza não teriam do que se arrepender, não seriam impulsivas, tampouco preguiçosas. Com o melhor das caixas dos três irmãos elas seriam pessoas realizadas, felizes e sempre com boas lembranças em suas mentes de tudo que fizeram no passado.

Vazio

Vazio saia de mim, não me habite mais, pois estou cansado do vazio que você me traz. Vazio mau que me faz procurar e não achar o que tanto quero, que me faz tatear como um cego em busca das tão preciosas e valiosas palavras que você roubou de mim. Onde elas estão? Diga-me por caridade. Numa imensidão imensurável de sentimentos me vejo como um louco preso na minha camisa de força, braços atados, lábios cerrados, sentimentos grandes que não conseguem ser expressos, pois de mim, Vazio, você roubou as palavras. Traga-as de volta para mim, pois estou me afogando num mar de sentimentos! Não quero sair dele, mas quero mostrar a todos o que sinto e sei que seria capaz se não fosse pelo seu egoísmo, Vazio.
Sinto tanto, sinto tudo, vivo tudo e vivo-a. Vazio, saia de mim, pois quero me banhar num rio de largas margens, num rio de palavras, quero sair inundado por elas, perfumado por elas, quero sair imerso nelas e viver com elas. Pois como uma velha fofoqueira eu preciso falar, não assuntos vazios, rasos e superficiais, mas preciso falar sobre toda a beleza sentimental que toma conta de mim. Por isso Vazio, saia de mim; e palavras não me deixem jamais!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

4 de outubro


Uma mensagem rimada no celular chegada as três da manhã deu o tom do meu novo dia, não importa se a rima fora proposital, ela apenas aconteceu. Mensagem linda, daquelas que te faz sorrir, mensagem daquelas que te faz esquecer-se de tudo e somente ser feliz.
Mais um dia que nasce e com eles suas obrigações, telefonemas apressados, e-mails mal escritos, compromissos cancelados e outros confirmados. Tiro o carro da garagem e vou trocando marchas e lendo placas, vidros fechados para pouco consumir e uma camisa do rei do pop para me cobrir.
É ali na frente a Haddock Lobo? Sim meu amigo, é essa que cruza aí.
Enfim cheguei! Passos apressados, elevadores lentos, lá vou eu mais uma vez rumo ao tão familiar desconhecido, um mundo que me cerca, ele e o leão e eu a presa.
Dever cumprido, mission accomplished, solto o freio de mão e deixo descer. Caminho da roça? Que nada, quero encontrar meu céu.
O paraíso é logo ali, na saída 120 da Washington Luis, olho no retrovisor e não vejo nada, pista da direita liberada Lima Oscar Uniform.
Reduzo para quarta, terceira, muito lento, volto para quarta. Os olhinhos querendo fechar, melhor tirar uma soneca. Quase sonhando até que ouço um toque no vidro, meu anjo chegou, o paraíso nunca fora tão lindo.
No display as horas passam devagar e eu aqui protegido pelo negro insulfilm, enquanto isso um anjo estuda para ter um bom futuro.
Hora de ir, ir para onde? Não importa, onde você estiver está bom para mim. Então vamos, deixando as luzes nos guiarem e o som das águas nos acalmar.
E assim eu vôo, para seus braços e abraços e beijos, sem querer que o dia tenha fim. Mas enfim ele chega, para mais uma vez me afastar de você.
Mas não me importo, pois o fim de hoje é apenas um novo começo, o começo de uma nova e ainda mais bela história sem final, escrita a quatro mãos e a dois corações.

domingo, 3 de outubro de 2010

Louco

Talvez eu seja um louco que não conhece limites, que não conhece a profundidade do acelerador nem os perigos da chuva. Um louco que não se preocupa se ficará resfriado, se escorregará, se chegará tarde demais, se perderá a hora. Um tipo de louco que vê uma loucura pela qual se vale a pena ser louco. Um louco que vê na lama a beleza da vida, que vem em ossos quebrados a intensidade da vida com toda sua força, que vê em um sorriso a belíssima simplicidade que existe nas coisas de Deus. Talvez louco seja eu, talvez louco sejam todos vocês, a verdade nunca será sabida. Acho que o que importa e apenas o que nós sentimos em nossos corações não importando se somos loucos ou sãos.