Rio & Cultura

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domingo, 25 de novembro de 2012

Abismo

Se você tivesse um carro sem motor, você iria esperar que ele andasse? Acho que algumas pessoas são assim, como carros sem motor. Você pode tentar explicar a mesma coisa durante uma vida toda, mas elas jamais irão entender. Não sei se isso seria uma incapacidade mental, um fator psicológico ou o simples fato de que cada um tem uma verdade dentro de si. O fato é que elas não vão mudar e isso não é culpa delas, elas simplesmente não podem. É como se no seu mundo houvesse uma ponte e você pudesse atravessá-la com essa pessoa em suas costas, mas se você soltá-la ela vai cair. Você irá se irritar e se perguntar por que ela não andou sozinha e a resposta é simples, no mundo dela essa mesma ponte nunca existiu.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Carta para um amor

Um dia me quiseram vender a ideia de que sucesso, realização, era ter um carro com bancos de couro e ascendimento automático dos fárois. Que sucesso era ter uma casa avaliada em R$ 1.000.000,00 e uma boa conta bancária. Me disseram que sucesso era vestir Girogio Armani e viajar de primeira classe para passar minhas férias na Suíça.

Aí o tempo foi passando e eu fui vendo que carros alemãs também são vítimas de motoristas bêbados nas madrugadas cariocas. Percebi que uma casa de R$ 1.000.000,00 é bem mais visado por desumanos egoístas do que uma humilde residência de R$ 50.000,00. Percebi que as doenças não fazem distinção de conta bancárias e matam ricos e pobres, os primeiros apenas tem sua dor prolongada. Percebi que Giorgio Armani vai envelhecer, desbotar e manchar na máquina de levar se misturada com uma roupa de outra cor assim como uma camisa comum. Descobri que passageiros de primeira classe também morrem da mesma forma que os da classe econômica em caso de acidente, pois os passageiros do Condorde francês não foram poupados por terem pago passagens caras.
Percebi que a sociedade dá valor as coisas que são passageiras, como ela própria, já o tempo não. O tempo enferruja o aço, resseca o couro, destrói tijolos e desbota pinturas, definha o corpo e transforma o dinheiro em nada, como tudo que fica quando nós vamos.

A única coisa que fica, a única coisa que o tempo não pode destruir é o amor. O amor existia antes do tempo e existirá mesmo depois dele, o amor se fortalece com o tempo, como raizes de uma árvores que se fincam cada vez mais no solo. O amor não tem prazo de validade, não se desgasta, não precisa ser trocado nem substituído por um mais moderno, só precisa ser cuidado.

Não vou ser hipócrita e dizer que não gostaria de vestir Armani nem viajar de primeira classe, mas hoje eu sei que o verdadeiro sucesso é viver o amor, pois ele é o único bem invencível pelo tempo.
Ainda preciso de mais conquistas na vida, na verdade, acho que a essência da vida é jamais parar, porém, a maior conquista da vida eu já tenho, você.
Todo o resto eu posso lutar, posso alcançar, posso perder, mas enquanto eu cuidar desse amor que é só nosso, eu sei que ele jamais me abandonará.
E é assim que eu vivo, escrevendo, sonhando, vivendo, te amando.

Beijos, minha princesa!

domingo, 11 de novembro de 2012

I don't believe

I don't believe in any sort of supreme power from above which will reward me If I am good or punish me if I misbehave. I believe in me, for I am totally responsible for everything that happens to my life. If I work, I will make money; if I save it, I can buy my goods; if I take good care of myself, I might live longer and if I live longer I will see more of this world. To my mind, no blessings will come to me if I don't fight for what I want. If I pray every night that's fine to my soul, it will help me believe that I am not alone, but the truth is that I am and if I don't take the responsibility for my own destiny nothing will change in my life.

I also believe that each one of us carry the seed of good and evil. Some people choose to be good, or are simply born this way, some others choose to be bad, or they are simply born this way, too.
Evil is not in Hell or Hades, the same way angels are not up there beyond the clouds, they are all right here, crossing streets, driving cars, paying hookers, saving lives, killing people. We are all the real angels and demons.

After spending twenty-eight years in this world, listening to crazy stories, being defined, judged, flattered, humiliated, deceived, loved and mistreated, I think I have enough reasons not to believe in words anymore.
Words are by far the human's greatest invention, also the most powerful weapon. Stronger than an atomic bomb and a lot more precise than a GPS guided missil, words can destroy a person and change this one person for the rest of his/her life. Words will leave scars that time may ease, but never heal.
With words we can rule a nation, we can make people believe in the craziest stories, we can make people die and kill, we can destroy dreams and banish hopes without pulling any trigger, but by just moving our tongues and lips.
Words are human's greatest invention, I have no doubt about that.

I think I've seen and had enough of this life. I saw and felt sorrow, pain, sadness, I made people cry, I made them worry about me and I know that we may even laugh about that in the future, but the tears they and I cried were true. I don't want these things to happen again, the same way I don't want to live these bad and heavy feelings again, but I would risk and face all that again if I had just a slight chance to be happy, for I believe that the path that leads us to happiness is always worth, no matter how hard it can be.

I've had enough, but as long as I believe in a better future nothing will stop me from chasing my dreams, not even the human race and it's endless ability to destroy itself.

domingo, 4 de novembro de 2012

Tais no plural

Ela poderia ter sido um sonho que deixou de acontecer ou uma realidade que eu poderia jamais encontrar, mas como a vida é um labirinto em que cada escolha é certa, hoje parte da minha vida é ela.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nostalgia

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As vezes sinto nostalgia, mas acho que isso é algo normal, afinal, quem nunca sentiu saudade de algo que já passou?
Minha máquina do tempo são as músicas e quando as ouço as lembranças se tornam tão vívidas que de fato sinto como se tivesse de novo os meus dezepoucos anos.
Aí me vejo sentindo falta da época em que estudava inglês, da época em que estava no ensino médio, da época em que eu estava descobrindo a vida. Sinto falta daquilo como se aquela fosse a melhor época de minha vida.
Mas aí, quando escolho ser racional de novo, logo percebo que naquela época eu também lembrava com nostalgia da época em que era criança e que não tinha curso de inglês nem ensino médio.
Isso me faz ver que a melhor fase da nossa vida é sempre agora, pois é no agora que podemos mudar algo e de fato viver cada dia sentindo todas as emoções que ele tem para nos dar.
Por isso vamos viver o presente de forma intensa, real e humana, para quem sabe um dia, o nosso presente se torne um lugar agradável para o qual eventualmente voltaremos no futuro

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O verdadeiro líder

Os líderes religiosos constroem suas igrejas, templos e mansões através da inocência daqueles que acreditam que exista alguém que seja a ponte entre a Terra e o céu.
A verdade é que nenhum homem tem a chave ou conhece os caminhos que levam a salvação, pois nenhum homem ou mulher sabe mais sobre as coisas além da nossa compreensão do que eu ou você.
A verdade é que só existe um líder real, somente um que vai promover milagres na sua vida, que vai melhorar sua situação financeira, que vai fazer com que as coisas ruins passem e tempos melhores venham, e esse líder é você.
É através da sua postura, da sua perseverança, das suas atitudes perante as adversidades que você terá o sucesso, a fartura e os bons tempos que deseja.
Você é o seu único líder, e ninguém mais.

domingo, 12 de agosto de 2012

Sob a sombra da cruz

As religiões deveriam ser uma coisa boa, algo que construisse valores nas pessoas, que as fizessem agir de forma mais correta e evitar que elas ferissem seu próximo. Talvez as religiões sejam de fato algo bom, o problema está nas pessoas.
As pessoas não sabem seguir algo sem acabar se tornando fanáticas por isso. Somos fanáticos por cantores, por nossos amores, por times de futebol e muitas outras coisas. O problema do fanatismo religioso é que ele cega e faz com que esses fanáticos vejam os outros, aqueles que não dividem a mesma crença, como errados e muitas vezes até mesmo merecedores de pena de morte simplesmente por não dividirem a mesma crença. A crença fanática em uma religião gera intolerância, hipocrisia, desrespeito e acaba fazendo com que muitas religões nutram efeitos inversos aqueles que se propõe. O problema das religiões é que elas são criadas por homens e para piorar, são seguidas por homens.

Então, quando passo na frente de uma igreja e ouço um pastor que se esgoela como um galo ao amanhecer, não me sinto motivado a entrar, pois nunca soube de fãs de John Lennon queimando fãs de Justin Bieber vivos em uma fogueira, tampouco ouvi falar de Monet ou Picasso enviando cavaleiros em uma cruzada com o objetivo de converter admiradores de Toulouse de Lautrec ou Van Gogh. Porém, sei de uma igreja que levou mais de 400 anos para desculpar-se por ter tachado Cristóvão Colombo de louco por acreditar que a Terra era redonda, também sei de uma igreja que é intolerante ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e se esconde por trás de "ensinamentos de Deus" para justificar sua própria incapacidade de reconhecer que o amor não é limitado pelas barreiras do sexo.

Por isso não se espantem se eu admirar outras pessoas e não me importar por não ser um religioso, afinal de contas, é melhor seguir um homem sábio do que se deixar levar pela histeria de centenas de loucos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Gentileza de mãe

Mãe gentil em palavras em um hino, porém mãe ausente na realidade de uma vida.
Pergunto-me onde está sua gentileza quando saio de carro a noite e preciso de olhos de felinos para evitar cair dentro de um buraco.
Pergunto-me onde está sua gentileza quando adoeço e preciso pagar por um médico, pois você é incapaz de me fornecer um de qualidade.
Pergunto-me sobre o que você faz com os impostos altíssimos que te pago para que você cuide mim e você não cuida.
Mãe gentil, quando você deixará de ser apenas uma promessa e se tornará enfim minha mãe?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Esboço de um auto-retrato

Ele era uma mistura de negro com nordestino, com lábios carnudos e seus dentes anteriores bastante proeminentes. Também tinha a cor e cabelo do nordeste, traços clássicos seus que desenhavam suas formas e corriam em sua veias. Atrás do volante do seu carro, sentia-se como um playboy quando sozinho e um pai de família responsável quando ao lado de sua namorada. A imagem do que ele aparentava ser por trás de suas vestes comparada com a imagem do que ele realmente era o atormentava até o mais profundo do seu ser. Por fora, talvez ele fosse o rapaz bem de vida que dava dinheiro no sinal quando com um simples toque baixava o vidro de seu carro, por dentro era o cara ,que assim como Atlas, levava em suas costas o peso do mundo. Cada dia 15 era o dia da tristeza, era o dia de ver o dinheiro e as oportunidades passarem. Um pastel, uma coquinha, uma visita, tudo ficava distante. O carro ficava na garagem e o dinheiro em qualquer lugar, exceto em suas mãos. Ele era mais ou menos assim, alguém que usava óculos escuros e roupas sociais, que ensinava pessoas para que elas mudassem suas vidas, mas que apenas carregava o pessoa da sua própria.

O mendigo que falava inglês

Tantos dias, tantas situações adversas acontecendo e eu aqui.
O mendigo que falava inglês continuava a caminhar com seus pés sujos e barbas grandes, se vislumbrando com as vertiginosas retas da cidade e vivendo da caridade de bons corações. Ele pede um Real e ela dá. Ela é a moça rica que anda de taxi no centro do Rio e ele o bilingue sem dinheiro no banco nem no bolso, que anda com belas roupas para se enganar sobre o que realmente é.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O sentido da vida

Qual o sentido da vida? Destruir seus sonhos e te mostrar que tudo que você acredita é uma mentira. O sentido da vida é nos igualar por baixo, é fazer com que as pessoas especiais deixem de ser assim e transformar todos nós em seres egoístas.
Esse é sentido da vida, fazer sofrer uma alma que era pura e transformá-la em sujeira para que no fim sejamos todos iguais, para que no fim morramos todos um bando de seres desprezíveis.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Neruda

Neruda dizia que escrever era fácil, bastava rechear com ideias o espaço entre uma letra maiúscula e um ponto final. Bem, talvez para ele fosse fácil, mas ele era Neruda e eu sou apenas Rafael.
Talvez o que me falte para escrever como antes seja a motivação que eu antes tinha.
Hoje minha vida é tão simples e mecânica que seria mais fácil eu ver beleza em algo feio do que ver alguma forma de arte nessa minha vida vivida.

sábado, 16 de junho de 2012

Na mesma linha

Pesquisas científicas mostraram que o cérebro de psicopatas funciona de forma diferente, eles não processam as emoções da mesma forma que as pessoas tidas como normais o fazem. Os psicopatas são mais distantes das emoções, tendem a não sentir medo e por isso fazem coisas que para nós são atrocidades.
Se em um extremo temos esses cérebros que não processam as emoções, creio que exista o oposto também no outro lado dessa mesma linha, aqueles que processam as emoções em exagero, como os poetas, por exemplo.
Creio que ambos tenham sérios problemas para viver em sociedade, a diferença talvez seja o fato de que o primeiro mata o próximo enquanto o segundo mata a si mesmo.

domingo, 10 de junho de 2012

Retrato escrito

Hoje foi um daqueles dias de céu cinza em que nada acontece, se pelo menos chovesse, trovejasse, se relampejase um pouco, ou se de repente o sol saísse; mas não, nada aconteceu.
Foi um dia chato que poderia nem ter existido em minha vida, pois a verdade é que esse dia foi como um ator que participou de uma peça mudo e sem ser visto, atrás de uma cortina qualquer num papel coadjuvante que foi menos importante que um figurante.
O dia passou, a falta chegou, você não ligou; não me procurou, não se lembrou e em mim nada sobrou.
Agora encontro meu consolo num teclado de computador quando na verdade o que mais queria era poder descansar em seus braços.
Ainda bem que ainda tenho as palavras, ao meu lado agora sentadas comigo nesse colchão velho e surrado. Elas nunca me abandonam, acho que são como um presente ou um prêmio de consolação para aqueles que como eu em certos momentos não tem nada além de seus próprios pensamentos.
Gostaria de poder estar sob melhores lençóis agora, mas já que não os posso ter, como um mendigo perdido numa calçada qualquer coberto com folhas de jornal eu me perco um pouco nessa solidão que se abriu entre mim e você e acho meu alento no cobertor das palavras que escrevo.
Esse é o retrato em duas cores de um dia que só teve uma, a cor da solidão.

Seu pierrot


Te fazer sorrir, sem motivo nem razão, só por gostar de mim.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Tão real como nota de três

Algumas pessoas me acham um idiota, um imbecil, um louco, porque não dou valor as idiotices, as imbecilidades e as loucuras que eles criaram.
Por vezes confesso que é difícil ouvir essas coisas, mas penso que deve ser bem mais difícil ser como eles e passar uma vida toda limitado e guiado por valores que não tem valor algum.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Caos

Na teogonia de Hesíodo a primeira divindade grega a surgir foi Caos e dele vieram todas as outras. Hoje a palavra caos nos dá a ideia de uma grande confusão, mas o Caos da mitologia grega era na verdade o vazio, sendo assim tudo veio a partir do nada.
O curioso é quem em alguns momentos de nossas vidas tentamos muito fazer com que algo aconteça, no entando não vemos resultado algum. Já em outros momentos, as coisas simplesmente parecem acontecer sem razão alguma e nós não entendemos porque não deram certo antes quando tentamos com o nosso melhor.
Acho que a lição que a mitologia grega nos ensina é que certas coisas podem acontecer do nada sim, porém a mente humana ainda é muito pouco evoluída para entender isso e acabamos colocando os pés pelas mãos em muitos momentos. Talvez, se em certos momentos de nossas vidas nós esperássemos mais e nos afobássemos menos, muitas coisas poderiam ter dado mais certo.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Na casa dos homens

Aqueles que vejo que lá frequentam não são diferentes de mim, por isso não tenho razão alguma para estar lá.
Se acharem que sou pecador, são eles também tão pecadores quanto eu.
Se acharem que são santos, sou eu também tão santo quanto eles.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um mal necessário

Perdoar é uma dádiva que habita no coração dos bons, mas infelizmente, não poder esquecer é um castigo que mora na mente de todos.
Podemos até esconder algumas memórias ruins e com o tempo não mais lembrar delas de forma tão corriqueira, mas acredite, elas ainda estão lá, escondidas mas jamais mortas, somente esperando o momento de mais uma vez se fazerem vivas.

Verdade inversa

Estou cada vez mais inclinado a acreditar que é mais provável as divindades serem criações da coletividade humana do que os homens a criação de um ato divino.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tempos atrás

Houve um tempo em que o cinema era mudo e o rádio ocupava lugar de destaque nas casas das famílias.
Houve um tempo em que acordos eram fechados com apertos de mãos e assinaturas eram meras formalidades.
Houve um tempo em que os beijos duravam menos, e os casamentos eram eternos.
Aqueles eram tempos em que cada objeto era uma obra de arte em si; eles possuíam almas, pois eram feitos pelas mãos suadas e calejadas de homens e não pela frieza de robôs com coração de aço.
Naquele tempo a informação não trafegava via satélite nem viagens intercontinentais eram feitas em asas de pássaros a jato, pois o homem não queria correr, ele queria simplesmente viver.
Naquele tempo não era preciso ter um haras sob o capô porque se o próprio tempo não se importava em correr, por que nós deveríamos?
Naquele tempo nasceu um mito que de tão especial nem precisou de um nome para chamar a atenção, bastava sua potência; 11cv.
E foi assim que mais uma vez a arte invadiu a vida e a deixou mais bela quando refletida na pintura que dançava com as curvas daquele carro.
Naquele dia mais uma vez uma empresa francesa mostrou ao mundo que carros não são apenas uma mistura de fórmulas matemáticas e desenhos funcionais numa folha de papel, mas sim a humana e pura créative technologie.

domingo, 6 de maio de 2012

Não acreditem no que escrevo

Não acredito mais em palavras, pois sei o quão manipuladas e falsas elas podem ser. Palavras muitas vezes são como uma obra de arte da mente sensível ou um simples desejo do ser, mas não aquilo que ele realmente é. Ainda me deixo enfeitiçar pela beleza superficial das palavras, mas já não mais acredito nelas. Acredito sim nos gestos, pois estes sim são a verdadeira expressão do ser sem refrão nem rima. Gestos são lindos quando devem ser e também horríveis em outros momentos, mas são reais, muito mais do que qualquer palavra poderá jamais sonhar em ser.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Falam do Peugeot

Já ouvi várias pessoas dizerem que um Peugeot tem suspensão ruim, que dá problema toda hora, uns chegaram até a dizer que não queriam nem de graça, mas na boa, eu gosto muito do meu!
O carro tem o DNA de um campeão, pois foi o vencedor do assustador grupo B do mundial de rally nos anos de 1985 e 1986. Nesta época a fábrica francesa competia com um 205 com motor central que virou lenda e deixou os "invencíveis" Audi Quattro comendo poeira. Mesmo depois que o grupo B foi banido devido ao grande número de fatalidades a Peugeot voltou a triunfar em 2000 e 2002 com o 206, provando que certa parte das coisas ruins que dizem do carro não passa de lenda.
Mas deixando os rallies de lado e voltando para minha humilde realidade urbana, posso afirmar que o meu Peugeot é demais!
Se quero subir a serra no calorão do Rio com o carro cheio de malas no porta malas e outras sentadas no banco traseiro, o motor 1.6 16 válvulas dele não faz vergonha. Mesmo com o ar ligado ele sobe rápido e eu na pista da esquerda vou só vendo alguns outros carros que se arrastam na direita com o vidro aberto, lógico, caso contrário não sobem.
Quando eu preciso chegar rápido para ver a pessoa amada eu sei que posso confiar nele, quando quero andar devagar por que ela já está no banco do passageiro, sei que também posso contar com ele. A aceleração desse meu leão é suave quando precisa ser e também nervosa como a de um grande campeão das pistas quando afundo um pouco mais o pé direito no acelerador.
Se tá calor lá fora eu ligo ar e lá dentro o clima de montanha toma conta do ambiente, se tá frio lá fora basta ligar o aquecedor e rapidinho o clima do Rio de Janeiro invade meu carro de novo.
Quando meu amor tá cansada é só abaixar o banco e ela dorme como um anjo e de vidros fechados só o que se ouve é o ronco do motor, na medida certa para você saber que se trata de um Peugeot, mas sem jamais perturbar o sono do anjo que dorme no banco da direita.
O meu Peugeot tem a velocidade e a "pegada" de um vencedor sem jamais perder a sutileza e o conforto de um verdadeiro hotel 5 estrelas.
Quando comprei meu Peugeot em 2009 eu não comprei simplesmente um carro, eu comprei o carro que eu queria desde moleque, desde quando eu o vi pela primeira vez numa propaganda em que ele passeava numa rua européia ao som de Lenny Kravitz. Comprar um Peugeot não foi uma escolha, foi a realização de algo que eu queria muito!
É por isso que hoje escrevo, pois podem falar mal dele o quanto quiserem, mas o meu 206 é um leão de verdade e eu terei o grande prazer de domá-lo por ainda muito e muito tempo!
Um Peugeot é mesmo assim, é emoção e movimento!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vida breve

É estranho como na vida as coisas acontecem de forma rápida e muitas vezes abrupta.
Alguns dias atrás eu pensava ser amado e ela já me chamava de noivo, ela era parte do meu futuro e eu não conseguia imaginar minha vida sem ela. Nós iríamos casar, ter filhos, éramos felizes! Nós fazíamos tudo juntos; dividíamos nossos problemas, vivíamos nossas alegrias, éramos verdadeiramente um casal. Eu tinha plena certeza que nada no mundo iria me separar daquela que havia tornado meu maior sonho realidade e que me fazia sentir um homem de verdade.
Contudo, poucos dias depois estávamos nós vivendo nossas vidas separadamente, trilhando nossos caminhos sem nem mesmo trocar uma palavra com o outro. O casal que superava tudo e que já estava junto há três anos tornava-se agora apenas uma memória, uma lembrança, um desejo de algo que poderia ter sido, mas infelizmente não foi.
Não acredito que alguém possa ser capaz de passar por isso tudo como se nada tivesse acontecido, pois em mim está acontecendo um mundo de coisas.
Ainda sinto falta dela, muita falta, mas só o que me cabe agora é continuar e torcer para que algum dia, quem sabe, eu ainda possa dividir minha vida com ela novamente, mas dessa vez de forma definitiva.

Utilidade da mente

A maior função de nossa mente é nos permitir acreditar na eternidade das coisas, pois somente nela algum sentimento pode ser eterno.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Atores natos

Muito se fala e sempre se falou sobre hipocrisia. Muitos são aqueles que acusam e que também são acusados de serem hipócritas, mas, honestamente falando, é possível não ser hipócrita? Há muito, um estudioso cujo nome agora me falha, notou que somente uma minoria - que talvez até mesmo não exista - de pessoas totalmente santas e um outro grupo composto por pessoas totalmente amorais poderiam de fato não ser hipócritas. Concordo com ele, pois só pessoas extremamente santas ou completamente pervertidas poderiam não ser hipócritas, mesmo assim, acho impossível que existam esses grupos. Primeiro pelo fato de sermos todos homens, então santidade é algo que não nos pertence, basta ver o exemplo dos líderes das grandes religiões e os tantos escândalos em que esses líderes estão envolvidos. Segundo por acreditar que mesmo nas pessoas mais amorais ainda existe um mínimo traço de moralidade, sendo assim. Partindo desse princípio, fica claro que quem reina no mundo é a hipocrisia.
A própria palavra em si deriva do latim e também do grego, onde em ambas as línguas significava a representação de um ator no palco. Sendo assim, penso que hoje somos todos grandes atores, dignos de um Oscar.

domingo, 25 de março de 2012

Digerindo

Momento difícil esse quando voce percebe que para alguem que era tudo para voce, voce simplesmente é nada. Acho que a única forma de superar isso é simplesmente continuar vivendo e aprender que talvez a vida seja assim mesmo, cheia de enganos e decepçoes.
Acho que a liçao que aprendo com isso tudo é que a única pessoa que nos dará o valor que realmente merecemos somos nós mesmos.

sábado, 24 de março de 2012

Os entendedores de deus

Trabalhar embarcado é uma experiencia de fato estressante certas vezes, pois passar 14 e algumas vezes até mesmo 21 dias embarcado nao é algo muito simples de se fazer, contudo, a convivencia com pessoas de diversas origens e crenças sao uma fonte inesgotável de reflexoes e pensamentos.
Certo dia durante um jantar ouvi um frequentador de uma igreja dizer que no dia em que fez uma brincadeira sobre uma igreja sua vida virou de pernas para o ar, desde entao ele parou de fazer tal coisa. Em outro momento ainda no mesmo dia, um pastor veio me dizer como era engraçado o fato de os Beatles terem dito que do jeito que o mundo estava eles acabariam sendo mais famosos que Jesus Cristo e depois de Guga ter dito que devia suas vitórias as bananas que comia sua carreira ter acabado devido aos problemas em seu quadril. Analizando essas duas frases elas me levam a dois tipos de pensamentos sobre esse deus que eles acreditam e pregam.

Número 1: O deus que eles creem e pregam é um deus egoísta e revanchista, que quando ve algum humano agradecer a qualquer outra coisa que nao seja ele, se vinga e destroi a vida dessa pessoa. Um deus que gosta de ser aclamado todo o tempo e gosta de ser o centro das atençoes.
Se isto for verdade, isso explicaria a natureza cheia de defeitos de nós humanos, pois jamais poderíamos ser bons quando nosso criador é tao ruim quanto nós.

Número 2: O deus que eles creem é na verdade tao parecido como nós humanos porque é na verdade uma ivencao da própria humanidade. Deus, nao passaria entao de uma criaçao como a Branca de Neve ou Os tres porquinhos.
Isso é algo que Nietzsche já havia percebido anos atrás quando se endagou "Seria o homem uma mera criaçao de deus ou deus uma mera criaçao do homem?"

A primeira hipótese dessa linha de pensamento é bastante assustadora, por isso temo com todo meu coraçao que ela seja verdade e espero que de fato nao seja, pois simplesmente nao me é possível acreditar que o todo poderoso seja tao humano e cheio de defeitos como voce e eu.
Já a segunda hipótese é, para mim, até bastante crível, visto todas as atrocidades que a raça humana é capaz de fazer.

Frente a esse panorama sinistro sobre o que seria deus, eu prefiro, na verdade eu escolho, acreditar numa terceira hipótese.

Número 3: Deus é o criador e da mesma forma que um filho carrega os genes de seus pais, todos nós carregamos Deus dentro de nós. Eles está e sempre esteve conosco, mas por vezes chamamos Ele por outros nomes, como "a voz que vem de dentro, esperança, força interior", penso que na verdade isso tudo seja o verdadeiro Deus. Esse Deus que acredito nao vai me punir se eu nao disser o nome dEle, tampouco se irritar se eu atribuir meu sucesso a meu próprio esforço ou inteligencia, visto que essas sao características dEle próprio que estao dentro de mim.

Esta é a hipótese que acho mais plausível e real, pois esta sim se encaixa na imagem de um deus benevolente e misericordioso que acredito.

Que Deus abençoe e todos!

terça-feira, 6 de março de 2012

Um comentário que virou postagem

"O amor quando é engano fere mais que qualquer outro sentimento que podia ter sido".

P.S. Este deveria ter sido um comentário no blog Pão doce com queijo, de Nataly Serejo, mas como não consegui colocar lá postei aqui mesmo.

Parabéns Nataly pelo blog!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Santidade

Nao sou nem quero ser santo, posto que a santidade nao é inerente ao homem e eu nao posso aceitar ser condenado simplesmente por ser aquilo que verdadeiramente sou, humano.
Quero apenas ser bom, pois isso sei que posso ser.
Todo o resto que tentarem me impor será nada além de mais uma forma de me escravizarem.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ilha Estrela

Quatorze luas passaram e após experimentar diversos sentimentos volto mais uma vez para o dorso de Pégasos, que voa entre céus de nuvens e estrelas me levando de volta para Ilha Estrela, a ilha da ambiguidade.
Deixo meu outro eu no lugar de onde parti para viver a experiencia de me redescobrir.
Subo no plato oeste da ilha e ao mirar para além dos Pilares de Hércules sinto Éolo tocar minha pele.
Ainda ao longe, vejo Hermes voando como se fizesse ele mesmo parte do céu de Urano, trazendo consigo a mensagem da esperança.
Agora sinto-me um pouco mais forte, um pouco mais energia, um pouco mais Eros e um pouco menos homem.
É a força da Ilha Estrela, que me faz esquecer de minha pele e me faz lembrar de minh'alma.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Espécie humana


Outro dia, quando estava eu a assistir uma reportagem no National Geographic sobre nossos amigos símios, descobri algo muito interessante. Eles mostraram que chimpanzés de uma certa localidade eram capazes de usar pedras para abrir seus cocos, mas não era simplesmente bater a pedra contra o coco, a técnica que eles usavam era ainda mais refinada. Eles usavam uma pedra como martelo e outra como uma "mesa", esta possuía um entalhe no meio para ali eles colocarem o coco, assim quando este fosse golpeado pelo "martelo" não sairia voando para todo lado e dessa forma também o macaco poderia mensurar melhor a força de seu golpe. Ainda em outro momento da alimentação dos primatas, uma matriarca que não possuía um martelo chegou perto de um grande chimpanzé, estendeu sua mão e este por sua vez a emprestou sua própria pedra. Assistindo tudo aquilo confesso que fiquei maravilhado com aqueles atos.
Pouco tempo depois, fui assistir RJ TV e vi a notícia sobre alguns rapazes que espancaram um mendigo na Ilha do Governador pelo simples fato dele ser mendigo, isto me lembrou o mendigo que fora queimado vivo em Brasília anos atrás e todos os nossos políticos, um bando de egoístas que fecham os olhos para as necessidades da população e só querem enriquecer por meios à margem da lei. Vendo estes dois fatos eu gostaria muito que Darwin estivesse vivo para que eu pudesse perguntá-lo:

-Meu caro amigo, tem certeza que somos nós a espécie evoluída?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A visita de Caronte


Dia 2 de fevereiro

Nunca vou me esquecer daquele dia 2 de fevereiro de 2012, meu dia havia sido um dia daqueles! Fui acordado pelo telefonema de minha namorada que dizia precisar de mim, queria conversar sobre algo que a estava incomodando. Eram 10:42 da manhã quando o celular tocou e lembro-me que naquele exato momento estava pensando que se eu levantasse em no máximo mais 5 minutos poderia ir buscá-la em seu estágio, mas parece que ela leu minha mente e antecipou as coisas saindo de lá mais cedo e me ligando para encontrar comigo. Assim que acabamos de nos falar escovei os dentes, peguei uma camisa sem manga e depois de dar alguns cinco minutos de atenção para minha mãe e irmão, algo que não fazia já há poucos dias, saí ao encontro dela. Era um encontro bastante ansiado por mim, uma vez que quando se trabalha embarcado cada dia em terra deve ser muito bem valorizado. Infelizmente, porém, o encontro foi catastrófico e mais uma vez nós brigamos. Nossa, como aquelas brigas me incomodavam. Eram brigas por motivos e razões simples, mas que na mente dela faziam todo sentido. Jamais consegui compreende-la e aquilo acabava comigo por dentro ao ponto de isso somado a mais todos os outros problemas ter me feito pensar por várias vezes que a única solução, e também a melhor, seria o descanso final, pois só ele traria a paz que tanto buscava. Eu não gostava do meu emprego, não gostava da saudade que ele me causava, não tinha paz ao ver meu cheque especial ser usado mês após mês, não tinha paz por não mais conseguir pagar nada a mais do mínimo do meu cartão de crédito, isso quando eu conseguia pagar. Em resumo, minha vida era uma tragédia e a única pessoa capaz de me fazer feliz parecia não pensar duas vezes antes de me fazer sofrer. Naquela época, a única coisa que eu queria era poder ter a liberdade para ser eu mesmo sem ser crucificado por isso.
Depois daquele dia trágico, quando a noite chegou escrevi um pouco e lá pelas duas da manhã, após minha mente já ter me matado e ressuscitado umas trezentas vezes, sentia que pelo menos no meu colchão teria um pouco de paz, mesmo que temporária. O que eu não imaginava é que aquela não seria uma noite comum.

A visita

Após tomar um banho e escovar os dentes, fui então para minha cama. A noite estava quente, pois o verão era impiedoso no Rio de Janeiro, mas um ar-condicionado ligado deixava a temperatura mais amena e tornava aquela noite um pouco menos dura do que fora o dia.
Tudo estava indo bem e meu sono era bem tranqüilo, até que em algum momento que a surpresa do fato me impede lembrar, fui acordado por uma figura estranha. Vi um rosto velho, mais velho do que qualquer outro homem que já havia cruzado meu caminho, ele trajava vestes surradas e escuras e sua áurea era carregada. Tinha um cheiro estranho que não consigo até hoje reconhecer e estava envolto em uma névoa negra e assustadora. Tomado pelo medo confesso que tentei gritar, mas aquela figura estranha colocou sua mão em minha boca não deixando que ar nenhum entrasse ou saísse dela, sua mão igualmente enrugada e gélida ao tocar meus lábios me assustou ainda mais, porém, naquele segundo reconheci aquela figura. Era ele, era Caronte, o barqueiro que leva as almas dos mortos até o Hades atravessando-as pelo rio Aqueronte. Naquele mesmo momento o medo simplesmente me deixou e penso que o barqueiro sentiu isso, pois tirou sua mão coberta de anéis de ouro de minha boca e começou a me olhar profundamente. Caronte então afastou-se um pouco de mim ainda envolto naquela nuvem negra e me disse.

- Você sabe quem sou, por isso te pouparei de explicações a respeito de minha identidade e irei direto ao assunto. O que venho fazer aqui está noite é te mostrar um lugar no qual você jamais esteve e que tenho certeza jamais irá querer voltar.

Após proferir aquelas palavras que me fizeram sentir cada pelo de meu corpo se erguer e aquele frio assustador na espinha, Caronte pegou minha mão com a dele e arrancou minha alma de dentro de meu corpo. Essa sensação de sentir sua alma deixar seu corpo é algo simplesmente inexplicável, mas se pudesse colocar isso em palavras diria que senti um calor na parte de minha pele por onde meu espírito a rompia ao mesmo tempo que pouco a pouco me sentia cada vez mais leve ao ponto de flutuar. Enquanto Caronte me erguia no ar eu via meu corpo deitado naquela cama, via meu peito enchendo e se esvaziando a cada vez que respirava e pela primeira vez tive a noção real de como eu fisicamente era. Após deixar meu corpo já não mais sentia necessidade de respirar, não sentia calor, não sentia frio, era como se eu fosse o próprio ar, leve e capaz de ir a qualquer lugar que eu quisesse.


A primeira parada

Caronte me levou para fora de meu quarto e foi estranho sair de lá sem usar a porta, na minha nova realidade de “alma penada” eu teria que me acostumar e passar pelos lugares como se eles nem mesmo existissem, visto que não sabia por quanto tempo estaria à mercê do barqueiro.
Conforme nos elevávamos no céu eu via minha casa ficando cada vez mais longe, via as luzes de Mesquita lá do alto e quando passamos por dentro da primeira nuvem algo estranho aconteceu. Embora eu não sentisse mais nada na minha condição de alma, nem mesmo meu próprio peso, ao entrar naquela nuvem minha cabeça estranhamente pesou e minha vista foi tomada por um grande embaço de cor negra, logo após isso adormeci.
Lembro-me de ao acordar ver a face de Caronte olhando mais uma vez profundamente em meus olhos, ao perceber que eu já estava mais uma vez acordado ele me disse:

- Levanta rapaz e veja o lugar que te trouxe, é tudo que acontece aqui que quero te mostrar.

Ao olhar para aquele lugar fui tomado mais uma vez por um enorme frio na espinha e meus pelos mais uma vez se arrepiaram. O lugar era de um negro que jamais havia visto, parecia um jardim, porém tudo que ali já devia ter tido vida agora estava morto. Uma névoa fina tomava conta daquele lugar e havia muitas almas ali perdidas perambulando sem direção alguma, aquele lugar e aquele sentimento eram com certeza os mais tristes que já havia visto e sentido. Meu peito foi tomado por uma profunda tristeza e um vazio imensurável, aquele lugar era com certeza vazio de qualquer forma de amor ou qualquer outro sentimento bom.
Peguntei para Caronte que lugar era aquele e ele me respondeu.

- Este é o Campo e nem todas essas almas que você vê aqui, ao contrário do que você deve estar pensando agora, são almas de pessoas mortas, algumas estão vivas. É aqui que almas que perderam algum sentimento em suas vidas vem durante as noites, porém elas jamais sabem que estiveram aqui.

Ao ouvir aquilo eu perguntei para o barqueiro.

- Eu também já estive aqui?

-Vamos andar um pouco por esse lugar e em breve você terá suas respostas. Respondeu Caronte.

Começamos então a andar e cada vez que chegava perto de alguma alma me sentia ainda mais triste. Eu via pessoas jovens, idosas, mulheres, homens e quanto mais velhos eles eram mais tristeza eu podia sentir e também ver em seus olhos. Algo ainda mais estranho me chamava atenção quando via essas almas. Todas elas estavam com suas cabeças completamente viradas para trás, aquela era uma cena aterradora. Mais uma vez perguntei para Caronte o porquê daquilo e mais uma vez ele me respondeu.

-Essas são as almas dos lamuriantes, suas cabeças estão sempre viradas para trás porque são incapazes de olhar para o futuro. Tudo o que fazem é olhar para o passado, para os erros que cometeram e culpar a vida pelo seu presente. Essas almas são incapazes de chegar a lugar algum, pois suas vidas são baseadas em desculpas para tudo e estas os impedem de seguir em frente. Perderam a força de viver e são apenas como cadáveres que ainda respiram. Agora continue seguindo-me, quero te levar a mais um lugar.

Caronte continuou a andar e eu por minha vez fui o seguindo por entre os becos e resquícios do que antes deveriam ter sido arbustos ou árvores. Andamos por um tempo não muito longo, mas também não muito curto, até que chegamos em um banco onde eu podia ver um jovem sentado de costas para mim, porém sua cabeça voltada para suas costas estava de frente para a minha. Chegamos mais perto dele, pois ele tinha um “ar” bastante pesado e Caronte parecia muito interessado em que eu conhecesse aquele rapaz, ao chegar mais perto, fui tomado pela pior sensação de espanto e medo que já senti em minha vida. Quase não pude acreditar quando cheguei mais perto e reconheci aquela face, aquele olhar, aquele choro, aquele rapaz triste de cabeça baixa era eu!
Aquela era a segunda vez que podia me ver por tal perspectiva, mas diferente de quando me vi na cama dormindo, desta vez a imagem que via de mim mesmo era nada além de simplesmente deprimente.
Perguntei para Caronte como eu poderia estar ali se estava com ele mesmo naquele lugar e ele então me respondeu.

-Esta aqui é a sua alma, meu jovem. Assim como todas as outras que você aqui pode ver, a sua também é freqüentadora diária do Campo. Você me pergunta como pode estar comigo e também ali, te respondo que é porque esta que você vê agora é a noite de ontem, voltamos um pouco no tempo para que você pudesse ver a si mesmo.


Poder ver a mim mesmo em estado tão deplorável era uma cena muito perturbadora, nem mesmo em meus devaneios quando me imaginava vendo meu retrato ao estilo Dorian Gray podia imaginar um ser tão miserável, na verdade quando me olhava tudo que sentia era uma profunda e imensurável pena de mim mesmo. Naquele mesmo momento pela primeira vez pensei em olhar meu “corpo” e ao baixar minha cabeça constatei mais uma verdade assustadora! De fato, ao olhar para baixo tudo que via eram minhas próprias costas, minhas nádegas e meus calcanhares, minha cabeça estava de fato virada para trás e eu simplesmente não havia percebido aquilo. Tentei a virar para posição normal, mas meu esforço foi em vão, era como se meus “músculos” não mais respondessem, ou tivessem simplesmente sido retirados de mim, o fato é que minha cabeça só podia olhar para trás. Embora este fato tivesse me deixado petrificado, tentei buscar em algum lugar de minha alma um resto de racionalidade para que pudesse voltar a olhar o meu outro eu sentado no banco, pois julgava que se o objetivo de Caronte havia sido me levar até aquele lugar para ver aquela cena em particular, então não caberia a mim desperdiçar aquela visita do barqueiro, por mais extraordinário que qualquer outro fato pudesse ser.
Com mais cuidado comecei a reparar em mim mesmo sentado ali naquele banco e como num passe de mágica a espessa névoa que cobria meu ser se dissipou. Como se já não fossem bastantes as experiências aterradoras que aquela noite havia me revelado, tive mais uma visão daquela digna dos mais assustadores filmes de terror. Confesso que se estivesse em corpo presente naquele lugar teria morrido de um ataque cardíaco ao ver o que vi, pois nada na vida havia me preparado ou sequer chegado perto daquela cena.
Ao desaparecer da névoa pude ver claramente que os braços de minha alma seguravam um pontiagudo e grande punhal e este estava enfiado até o fundo contra meu peito, via uma energia, uma luz esverdeada que se comportava quase como um gás vazando de dentro de minha alma, naquele momento senti toda minha energia ser drenada e embora minha condição de alma me impedisse de chorar com lágrimas, chorei em sentimento e me senti como se caísse de joelhos sobre o chão daquele lugar. Assim que toquei o solo e antes que pudesse pensar em qualquer pergunta, Caronte me ergueu de forma bruta, segurando-me pelo queixo e me fez olhar para aquela cena horrível mais uma vez. Enquanto ele certificava-se de que eu estava vendo tudo aquilo acontecer na minha frente comigo mesmo, ele me disse.

- Olhe rapaz, olhe e se lembre disso, pois uma visita dessas não acontece com todos, na verdade, posso contar em dedos de uma só mão quantos já estiveram aqui da forma que você está agora. Agradeça a Posídon, pois foi ele que vendo teu sofrimento no mar se compadeceu de sua dor e pediu para que Zeus deixasse eu trazê-lo aqui. Este é com certeza o pior lugar em que já estivera e tenho certeza que depois de ver o que vistes, jamais irá querer estar aqui novamente.

Em prantos, ouvia cada palavra que o barqueiro me dizia e enquanto eu tentava sobreviver a tamanha dor Caronte prosseguiu.

-Sua alma não é única aqui que tem em suas mãos o punhal do medo, todas as que vistes esta noite assim também o tinham, porém a névoa negra que as cobre o impediu de vê-las. Como disse, esse punhal é o medo e ele vive dentro de cada uma dessas almas que aqui estão e ele é o responsável por toda sua dor, pela sua solidão, pelo seu fracasso. Todos aqui culpam as adversidades, a vida, o mundo, viram suas cabeças para o passado a passam todo o seu tempo se lamentando sem jamais perceber que toda reação que acontece na vida deles é fruto de suas atitudes no passado. No caso das almas que aqui habitam, o medo as domina, as tira a energia um pouco mais a cada dia e os impede de seguir, pois enquanto eles não tiverem a força para eles próprios retirem os punhais de seus corações continuarão sendo escravos de si mesmos, assim como você é agora. Quando você tentou virar sua cabeça para frente não conseguiu fazer isso foi porque você ainda tem o medo em você, você só conseguirá enxergar o futuro quando for capaz de aceitar o seu presente.

Ouvi todas as palavras de Caronte em choque, não conseguia fazer nada além de chorar naquele momento, não conseguia sentir nada mais além do meu próprio desespero. De repente uma grande luz azulada se abriu no céu e o Campo antes escuro e tenebroso se iluminou, todas as figuras que ali estavam simplesmente sumiram a passamos a flutuar em um imenso vazio muito claro. Apesar da luz que tomava conta daquele lugar, ainda me era possível ver a luz azulada no alto, Caronte então mais uma vez me pegou pela mão e disse que me levaria para um outro lugar.

A segunda parada

Seguimos então em direção àquela luz azulada e começamos a passar por dentro de uma espiral de luz, uma mistura de azul com uma luz branca muito clara. Enquanto passávamos por aquela espiral eu tentava me enxergar, porém naquele momento acho que havia me tornado mais uma vez apenas algo como o próprio ar, assim como no momento em que deixei minha cama e fui em direção ao Campo com Caronte.
Depois então, chegamos a um lugar onde não havia chão, nem paredes, nada, era um lugar muito iluminado e nossos espíritos simplesmente flutuavam ali. Sobre nós, quase como se fosse no próprio céu, eu podia ver cenas da minha infância. Dessa vez, diferente daquele lugar horrível por onde havia passado, havia muita luz e eu me via ainda muito jovem e feliz correndo para todos os lados com meu primo e meu irmão, podia me ver jogando bola com chinelos Havaianas e todos nós parecíamos muito felizes. Pouco tempo depois, avançamos um pouco nos anos e me vi agora um adolescente, porém algo já havia mudado em minha fisionomia. Caronte me mostrou saindo de meu estágio, eu estava vestido com uma camisa pólo vermelha e jeans azuis, o dia estava ensolarado e Jonas, meu supervisor, estava comigo, assim como Luciana, a outra estagiária. Eles me diziam que eu devia sair um pouco mais, aproveitar mais minha adolescência, mas eu dizia que era feliz do jeito que era. Lembro-me que sempre fui do tipo que toma bastante cuidado com o corpo, não quero dizer que malho todo dia, na verdade sou bem magro, mas sempre procurei evitar acidentes, mesmo assim, via alguns arranhões em minha pele e podia me lembrar com toda certeza que nada havia acontecido naquela época que justificasse aqueles arranhões. Como tudo naquele passeio com Caronte era novo e tinha uma explicação que eu jamais poderia imaginar sozinho, perguntei para ele, então, porque eu via aqueles arranhões em meu corpo. O barqueiro então começou a me explicar.

-Na sua infância seu espírito era livre e o medo ainda não fazia parte da sua vida, contudo, na sua adolescência sua pele está marcada porque foi nessa fase da sua vida que você começou a se sabotar. Antes de chegar ao seu coração, o punhal que você se viu segurando momentos atrás passeou pela sua pele e cada corte drenava um pouco de sua energia. O primeiro momento em que você sentiu medo e se cortou levou a todos os outros cortes que você vê na sua pele quando adolescente, pois você nunca foi capaz de vencer esse seu medo inicial e deixou que ele dominasse sua vida. O medo é natural a todos nós, pois este é um dos sentimentos que foi liberado por Pandora quando ela abriu o vasilhame tempos atrás, porém, assim como o medo, existem diversos outros sentimentos que compõe a alma humana. O que você precisa lembrar é que o medo é apenas parte de você, mas não define o que você é.

Depois de ouvir aquilo tudo Caronte continuou.

-Minha visita a você termina aqui, agora te levarei de volta para onde te busquei.

Antes que ele tomasse minha mão mais uma vez, perguntei.

-Ainda posso me libertar do Campo?

Ele então respondeu.

-Apenas olhe para frente e você nunca mais frequentará o Campo de novo, não se esqueça disso.

A volta para casa

Caronte então pegou minha mão e senti uma sensação como se estivesse caindo. Diferente da primeira vez, quando ele foi me buscar em meu quarto, agora eu não podia identificar nada, não via mais nuvens, nem luzes na cidade, nada, só podia ver um grande borrão que nos cercava. Após o que pareceu ser apenas um segundo me vi em meu quarto mais uma vez, estava agora acordado exatamente na mesma posição em que estava dormindo quando o barqueiro me acordou, não sentia medo, nem angústia, nada, estava apenas um pouco confuso, pois não sabia se aquilo havia sido um sonho ou realidade. De qualquer forma, pensei que não mais deixaria o medo me dominar, pois aquela experiência havia sido intensa demais para eu arriscar me ver de novo no Campo da forma que me vi. Fui então ao banheiro lavar o rosto e quando caminhava de volta para cama senti que algo pesava no bolso do meu short de dormir, coloquei a mão para ver o que era imaginando serem as chaves do carro ou qualquer outra coisa, mas ao ver o que ali estava tive a constatação de aquela experiência que havia vivido minutos atrás não havia sido um sonho. Descobri um pedaço de papel que enrolava algo, desembrulhei-o e dentro do papel havia uma bela moeda de ouro, fiquei impressionado com a beleza e o brilho dela, mas também me impressionei com o próprio papel, pois nele estava escrito: “Não se esqueça dela em sua próxima visita.”

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Valente, o carrinho

Meu nome é Valente e hoje estou aqui para contar sobre minhas histórias. Eu nasci no ano 2000 e eu me lembro como se fosse hoje, eu era lindo, azul, meus faróis brilhavam como duas estrelas e minha pintura era tão lisinha que chegava a escorregar! Eu tinha bancos confortáveis, minha buzina era forte e eu tinha aquele cheirinho de carro novo que todo mundo gosta. Eu saí da fabrica e pouco tempo depois um senhor me achou lindo e decidiu me comprar, ele era um senhor elegante que tinha um belo bigode grisalho e falava bem, naquele momento eu já sabia que seria bem cuidado. Ele me levou para casa dele e lá conheci o resto da família dele, duas filhas e sua esposa, todas lindas e muito bem educadas. Com aquela família eu fui à praia, ao mercado, viajei para outros estados, eles me davam banho e polimento todos os fins de semana; aquela era uma vida maravilhosa. Mas o tempo foi passando e muitos carros novos foram lançados e então aquele gentil e bondoso senhor de bigode decidiu me vender para comprar um carro novo, ele me levou de volta para a concessionária e lá meio triste eu esperei por meu novo dono. Alguns meses passaram e então em um sábado um jovem rapaz me viu e gostou de mim, ele tinha 20 e poucos anos e depois de sentar em meus bancos e sentir todo meu conforto ele me comprou e me levou para casa dele. Aquele rapaz gostava muito de mim! Ele me colocou grandes rodas, colocou uma grande caixa de som no meu porta-malas, me pintou com uma tinta que mudava de cor; eu me senti ótimo! Ele me levava para festas com os amigos dele e quase sempre eu era o centro das atenções, eu gostava muito daquela vida! Até que um dia ele quis andar rápido comigo, ele queria ver até onde eu conseguia chegar, mas antes que ele pudesse acelerar muito ele passou em um buraco e não conseguiu me controlar, bati de frente com uma árvore e logo a brincadeira acabou. Meu dono não se machucou sério, mas ele não tinha dinheiro para me consertar então eu fiquei parado na garagem sem fazer nada por muito tempo. A poeira foi tomando conta de mim, as aranhas foram tecendo suas teias e o tempo foi passando. Minha pintura perdeu a cor, meus bancos perderam o charme, minha buzina já não falava mais tão alto e meu motor foi ficando cansado. Até que um dia um velho mecânico decidiu me comprar do rapaz para me consertar, eu fiquei muito feliz, pois finalmente eu voltaria a andar por aí e fazer mais algum dono meu feliz. O mecânico, que andava sempre sujo de graxa, me comprou e consertou tudo que tinha ficado ruim na batida, assim que eu fiquei bom de novo ele me vendeu para um senhor que era feirante. Naquele momento eu pensei que nunca mais seria feliz, pois não iria mais andar rápido pelas ruas, não iria mais à praia, não iria mais tocar música alta, não iria mais ter uma bela pintura, então comecei a chorar. Então o tempo foi passando e eu vi que eu era mais importante do que nunca! Todo domingo meu dono me enchia de frutas e me levava para feira, é verdade que eu estava meio empoeirado e velho, mas todos gostavam quando me viam, pois sabiam que eu tinha sempre frutas fresquinhas e gostosas! As senhoras vinham todas em minha direção e eu sempre tinha as melhores frutas para elas. Naquele dia em que eu pensei que eu nunca mais seria feliz eu descobri que hoje, sendo um carrinho de feira e ajudando muitas pessoas ao meu redor eu sou na verdade o carrinho mais feliz do mundo!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Contar até dez e respirar fundo

Nem sempre podemos dizer tudo aquilo que queremos, mas ainda bem que podemos libertar nossas mentes da prisão que essa ansiedade nos causa através da maravilha da escrita, e hoje quero escrever da forma que sair, sem ser bonito nem algo que entrará para academia brasileira de letras, quero apenas que seja sincero. O que eu gostaria mesmo de fazer hoje era responder a altura um monte de babacas que me cobram várias posturas ditas profissionais, "com o objetivo de me tornar uma pessoa melhor", quando eles mesmos não são capazes de tomar essas posturas. Será que eles até hoje, mesmo com a idade que tem, foram imbecis demais ao ponto de não terem conseguido ser pessoas melhores ou simplesmente estão abusando do poder que tem para acobertar suas próprias incapacidades e não assumir seus erros? Pois, errar é humano, mas admitir um erro parece não ser. A pseudo ideia de poder parece colocar seu detentor acima do bem do mal, mas na verdade a coisa não é bem assim e a realidade só mostra que a maioria das pessoas que chegam a esse "poder" não passam de miseráveis de espírito que muitas vezes esqueceram do homem e se deixaram fascinar pelo dinheiro. Exigem comunicação, mas são incapazes de se comunicar, isso quando não são incapazes até mesmo de se comunicar com o outro que trabalha na sala ao lado. Esperam profissionalismo, contudo parecem nem mesmo saber o que isso significa. O que mais me enoja nisso tudo é ver que hoje em dia tudo tem preço, até mesmo coisas que deveriam ser primordiais como educação, saúde, segurança, entre outras. Hoje tudo pode ser etiquetado e talvez isso explique o fato de que aqueles que alcançam o poder são justamente aqueles que não se importam o mínimo com pessoas, apenas com o valor de suas contas bancárias. Espero que alguém olhe por nós, expectadores do teatro sombrio da decadência humana.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Mensagem

Hermes, sei que tu és o mensageiro dos Olímpicos e por isso entendo se negares meu pedido, visto que sou apenas um mortal e nobreza alguma há em me servir. Mas ainda assim, te chamo e te peço, pois a nobreza desse gesto está na mensagem que carrega, nao naquele que a envia. Peço-te que com tuas asas voe pela a noite iluminada por Selene e fazendo teu caminho sobre os mares de Posídon, chegue enfim ao lar daquela que outrora, em meu nome, por Eros fora flechada. Leve a ela a mensagem que nao se faz em voz nem em letra. Leve a ela a mensagem mais bela que só se entende pelo bater de um coraçao. Faça-a sentir no mais profundo de sua alma a falta que sinto dela, preenchendo-a com o vazio que sinto. Faça-a sentir a ausencia que em mim habita de seus beijos doces e do enlaçe de seus abraços. Leve também as razoes pelas quais o tempo me vence para que ela possa ver que nao sou um covarde que foge da luta, mas apenas um soldado que por vezes é vencido. Por fim, leva a ela o meu mais profundo amor embrulhado pelos meus mais verdadeiros sonhos. Esse é o simples e mais verdadeiro pedido de um homem que vive como todos outros, mas ama como ele só.