sábado, 11 de maio de 2013

Tempo sem você

Do nascer ao pôr do sol, mínimo é o tempo.
Mínimo é o tempo quando estou contigo.
Eternizo cada abraço, cada beijo e os guardo num lugar secreto em que te visito sempre que quero.
E é somente nesses lugares que posso te ter quando as necessidades do mundo se sobrepõe as necessidades da alma.
Nesse caleidoscópio feito de saudade os mais formosos coqueiros e a mais refrescante brisa tornam-se meras imagens e sensações quando estou longe de ti.
De outra forma, as mais corriqueiras e simples imagens ganham um novo brilho quando refletidas em teu olhar.
Nos meus dias sem você não falo línguas nem desafio o mar, nos meus dias sem você eu sobrevivo a saudade.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os pontos que escrevem

Cada pessoa é um ponto. As mais escandalosas, as mais vívidas, são como pontos de exclamação. Se fazem notar onde quer que passem e vivem a vida como se cada segundo fosse o único e o último.
Algumas outras são como vírgulas, sempre ponderando tudo, pausando sempre para analisar o que vem depois.
Há também os pontos finais, os dois pontos e tantos outros.
Eu sou como um ponto de interrogação, alguém que ainda não conhece seu completo potencial. Alguém que a cada dia descobre uma nova capacidade e por vezes um novo defeito, alguém que aprende através da tentativa e erro.
Para mim ela é como uma reticências, aquele tipo de pessoa da qual sempre podemos esperar algo mais, uma pessoa cujas ideias jamais tem fim. Ela é alguém que se renova, se reinventa, alguém que sempre que se vê obrigada a ir até seu limite descobre que ele ainda está um pouco mais além. A reticências não tem medo do que vem em seguida e por isso jamais para.
No dia em que nossas vidas se juntaram o mesmo aconteceu com nossos pontos. Ela passou a me ajudar em minhas descobertas e eu passei a auxiliá-la em sua caminhada. Ela começou a responder minhas perguntas e eu me tornei a mão que segura a dela e dá suporte para cada nova caminhada rumo ao desconhecido. Assim, misturando a minha interrogação com a reticências dela nós vamos escrevendo uma nova página a cada dia nesse nosso livro que teve seu início, mas que jamais terá um final.
A única certeza dessa história é que ela é tão linda e inacreditável que somente dois pontos tão diferentes poderiam ter sido capazes de escrever.

P.S. Texto dedicado a minha namorada.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Quem foi que disse que o amor?

Se te disseram ou te mostraram que o amor é um mar de rosas, peço a ti que, por favor, não acredite nisso. Amores descritos como nos contos de fadas não existem além do mundo fantasioso das mentes daqueles que os escreveram. O amor na vida real é feito sim de momentos felizes que se eternizam em memórias inesquecíveis, mas é feito também de momentos não tão agradáveis. No amor, em um relacionamento sério, verdadeiro e compromissado, existirão brigas, desentendimentos, discussões, pois se nós humanos somos complexos ao ponto de passar a vida sem entendermos a nós mesmos, querer acreditar que vamos entender completamente nosso parceiro é gerar em nós mesmos uma cobrança sobre algo que jamais poderemos alcançar. Contudo, quando esses desentendimentos ocorrerem, se no relacionamento houver de fato amor, ele sempre triunfará e esta será a prova de que um casal de fato se ama, não apenas se gostar. O gostar é um sentimento simples e superficial, o gostar se encanta somente pelos bons momentos e não é capaz de lidar com os maus. Um relacionamento que se baseia no simples gostar está fadado ao fracasso, pois ninguém jamais foi e jamais será perfeito, então ao primeiro deslize o gostar morre e arranja algo novo para se tornar vivo mais uma vez. Já o amor, por outro lado, é um sentimento tão maior que compreende as falhas do outro e muito além de somente compreender, precisa do outro de forma completa, ou seja, com suas qualidades e defeitos. O amor é o desejo de estar perto da pessoa amada mesmo quando estamos com raiva, pois ela é a parte de nós que nos completa, que nos faz sermos melhores. O amor é a vontade de beijar mesmo quando achamos que queremos distância daquela pessoa. O amor é o sentimento que tolera, é a mão que a calma, é a vontade de querer cuidar do outro às vezes até mais do que cuidamos de nós mesmos. O amor é a inconstância que se faz tão necessária para o viver como é o ar para o sobreviver.
Então, não sonhemos nem busquemos a perfeição, mas abramos nossos corações para viver a realidade nem sempre tão calma, mas em seu todo maravilhosa de amar alguém.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Antônio Conselheiro

Aquele era o homem e aquela era a terra, terra dos escravos recém libertados, terra dos flagelados, dos filhos da desigualdade. Diversas cores e histórias se misturavam na "terra prometida". O "Bom Jesus" trazia ao povo o alento, o sustento, a ajuda e a igualdade que o sistema esquecera que existia. Nas terras de Morais o dinheiro era o imperador, nas terras de Conselheiro todos viviam pela fé. O sonho de um mundo novo e livre germinava nas terras da opressão.
Mas o sistema é como uma locomotiva feita de aço e movida pelo vapor do capitalismo e do poder, um trem que não pode parar por nada e que atropela e esmaga tudo que estiver em seu caminho.
Os ideais alimentaram a força da resistência conselheira, mas não foram páreo para o fogo e as balas, muito menos para a necessidade do sistema de aniquilar tudo que não esteja subordinado à ele. E assim, Canudos e seu líder entraram para história quando a terra dos sonhos sucumbiu à realidade.