quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ícaro

Ícaro era o filho de Dédalo e ambos vivam aprisionados em um labirinto construído pelo próprio Dédalo para prender o Minotauro. Desse labirinto ambos podiam ver a cidade de Creta e motivado por uma grande vontade de deixar aquele lugar Dédalo construiu para si e para seu filho dois belos pares de asas feitas com penas que caiam de pássaros que voavam sobre o labirinto e também com cera. Dédalo advertiu seu filho para que não voasse perto do mar, caso contrário a umidade aumentaria o peso das penas, tampouco poderia voar perto demais do sol, pois o calor derreteria a cera de suas asas. Ícaro, contudo, viu-se deslumbrado com o prazer de voar e subiu cada vez mais alto e não deu ouvidos para os conselhos que seu pai lhe dera. Pouco a pouco a cera em suas asas foi derretendo e Ícaro caiu ao mar enquanto seu pai olhava impotente e seguia seu rumo em direção a Creta.
Essa e apenas mais uma das diversas histórias da mitologia grega, que é muito rica e também muito interessante. Essa história em particular embora cheia de fantasia cabe muito bem em muitos casos da sociedade moderna. Quantas vezes nós vemos pais que constroem belas asas para seus filhos, muitas delas até mesmo mais belas que as de Dédalo, mas seus filhos assim como Ícaro se deslumbram com tanta liberdade e acabam simplesmente se perdendo no caminho rumo a Creta? Às vezes nossos pais nos dão educação, carro, casa, e por não sabermos como usar acabamos acabando com tudo, nos perdemos em nossas próprias ambições e nos tornamos escravos da nossa falta de racionalidade, jovens movidos pelo coração muito mais que pela razão acabam pagando da forma mais pesada e amarga pelo desejo de querer subir mais alto do que se pode. E assim como Ícaro traçamos nosso caminho rumo ao mar que lá embaixo nos espera com ondas famintas loucas para nos mostrar toda sua força. Somos Ícaros caídos, sem asas, Ìcaros que não podem mais voar, levados de cá para lá e de lá para cá pela vontade do mar.
Quantos de nós não nos arrependemos de algo que fizemos e em nossas mentes pensamos “ah se eu tivesse ouvido meus pais”, talvez se não tivéssemos sido tão impulsivos, se não tivéssemos sido tão inocentemente enganados pelo brilho do sol que saía por entre as nuvens talvez tivéssemos encontrado nosso caminho e hoje estaríamos todos em nossas Cretas. O que nos resta, contudo, e que diferente de Ícaro que encontrou no mar a sua morte nós ainda podemos mesmo sem asas usar nossos braços para nadar e uma vez que alcancemos a orla podemos nos secar e recomeçar, dessa vez andando, um passo de cada vez, invés de voando deslumbrados com o infinito. O que nos resta é esta palavra chata que se chama erro, porém podemos transformá-la em algo mais belo e renomea-lá para aprendizado para que assim não nos sintamos como Atlas, que carrega o céu sobre seus ombros, pois transformando erros em aprendizado podemos ser capazes de mais uma vez traçar nosso caminho e dessa vez não chegar apenas a Creta, mas chegarmos onde quer que nossos pés possam nos levar.

3 comentários:

  1. Adorei o texto! Acho a História de Ícaro muito interessante, já li vários textos sobre, mas esse, eu realmente gostei! Parabéns!
    *Tenho um irmão chamado Ícaro!

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado pelo seu comentario, sao pessoas como voce e outros leitores do meu blog que me motivam a continuar. Aproveito para agradecer tambem a minha ex-namorada que me motivou a continuar escrevendo quando quis parar.

    ResponderExcluir
  3. Lindo texto!
    Me inspirei nessa história para escolher o nome do meu filho que hoje está com 10 meses. Parabés!

    ResponderExcluir