terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sete pecados



Desde que li pela primeira vez o livro “O retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde fiquei fascinado com a idéia de termos um quadro nosso que envelhecesse, adoecesse, morresse e se putrefizesse enquanto nós continuaríamos jovens e saudáveis, desde que não destruíssemos o dito quadro. Da mesma forma, o quadro de Dorian Gray mostrava os pecados que ele havia cometido em sua vida e este foi outro pensamento que me ocorreu em vários momentos de minha vida.
Por vezes fico imaginando o que veria se tivesse um quadro como esse, imaginando o que veria em minhas mãos, quantas rugas e cicatrizes haveria em meu rosto e corpo, queria ver meu olhar, minha postura, pois creio que todos nós guardamos em lugares secretos de nossas existências alguma atitude, pensamento, gesto ou palavra que queríamos não ter tomado, pensado, feito ou dito.
Gostamos de nos esconder por trás de roupas da moda, maquiagens caras, por trás de carros velozes e luxuosos, por trás de músculos e corpos bem torneados, mas qual será a nossa real imagem? Qual seria a imagem que teríamos nos nossos próprios retratos de Dorian Gray?
Eu creio que somente um quadro como esse poderia mostrar a real imagem que temos, visto que a imagem que temos para cada indivíduo que nos cerca depende muito mais da forma como ele decide nos ver do que como realmente somos. Podemos parecer metidos, arrogantes e destemidos para alguma pessoa e parecer justamente o oposto para outra, tudo depende dos olhos que nos vêem.
Eu sei das coisas que fiz e também todas as outras que deixei de fazer e por isso creio que a imagem que teria no meu “Retrato de Rafael Assis” não seria das mais belas, contudo ainda tenho o tempo que Deus me reserva aqui para poder consertar tudo que fiz de errado e quem sabe um dia ter uma imagem diferente dessa que imagino ter agora.

P.S. Gravura por Rafael Assis

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