Esse meu espaço é na verdade um lugar onde posso postar meu textos e pensamentos. O blog possui esse título porque acredito que o ponto final limita as palavras e sentimentos são muito maiores do que as palavras podem descrever, por isso às vezes não uso ponto final para que os sentimentos não se sintam acorrentados às limitações da gramática.
sábado, 30 de abril de 2011
A queda
Estou caindo. É como dizem: "do chão não passa." Mas e quando não há chão? Quando há somente queda não há conforto, não há esperança, não há fim, há apenas queda. E quanto mais se cai, mais fundo se chega, mais falta o ar, mais falta a luz. Estou caindo, em queda livre rumo ao nada. Uma queda solitária sem pára-quedas. Estou caindo no vazio que eu mesmo criei quando me matei no alto do prédio de onde me joguei.
Rima dos dias tristes
O sol se foi! É o que ouço gritar.
O sol se foi! É o que ouço em todo lugar.
E agora calor não há, luz não há.
Agora é mais triste o meu falar.
Cadê você que sabia tanto me amar?
Onde está você, para fazer de novo minha luz bilhar?
Agora é tudo escuro! É o que grita a multidão.
Agora não há luz em mim, habito na escuridão.
Peço a Deus em oração, que ele me tire dessa solidão.
Mas Deus parece não ouvir um mandrião.
Que por vezes não vive em retidão.
Sinto-me abandonado, na cova de um leão.
No meu teatro triste, esperando salvação.
Pai do céu, me acalme por favor.
Pelo menos essa noite, ouça firme o meu clamor.
E não me deixe mais assim, vivendo nessa dor.
E traga de volta para mim, dela o mais belo amor.
Voa passarinho (dor de amor)
Escrever é preciso. Há tantas coisas presas dentro de mim, tantos sentimentos que não se calam. Eles gritam, berram, e às vezes sussurram, mas o que quer que façam eles não me deixam em momento algum dormir ou esquecer de você. Não que eu queria, mas eu queria apenas que a dor parasse de doer. Queira ir na farmácia da esquina e comprar um remédio para curar essa dor tão forte que dói em meu peito. Dor que queima, que me faz querer chorar, que me leva pra você a todo momento de novo e de novo. Você que eu tanto amei, que eu tanto cuidei, para quem eu tanto me doei. Mas você é passarinho que não vive em gaiola, e chegou a hora de abrir as portas para que você possa voar, sem mim, sem minhas asas pra te protejer, sem meu bico pra te alimentar. Então voa passarinho, voa minha linda! Para cada batida de asa tua nesse céu sem fim mais uma pontada de dor sinto em meu coração. Dor de amor, é o que eles dizem. Dor que passa, é o que eles dizem. Mas se amar você for sentir essa dor cada vez que te vejo mais longe de mim, então prefiro viver doente a te esquecer. Voa passarinho, minhas portas continuam abertas para você. Voa passarinho, e volta, volta pra me curar, pois não há remédio que me cure, que não seja o teu amar.
As sementes
As estações passaram, passou o sol, a chuva, a seca e o florecer. Passaram luas e céus de azul e gris. Agora chegou a colheita e aqui estou, colhendo em dias belos os frutos amargos do meu próprio semear.
As sementes não eram perfeitas, mas eram boas, eram as melhores que podiam ser. Contudo, em barro que se fez para dar vida a plantas de inverno não adianta plantar sementes e desejar que elas sejam primavera.