sábado, 21 de maio de 2011

Paroles

Por vezes tão belas e tão vazias, em outras voltas do ponteiro tão feias e cheias de significado. Em momentos sublimes de amor, despidas como os corpos simplesmente se deixam falar. Palavras, nada mais que palavras. A forma mais usada por todos nós para revelarmos ou escondermos aquilo que se sente. Muito mais que letras em um pedaço de papel ou caracteres em um mundo virtual, as palavras são um mundo em si mesmas. Podem existir na contraditória eloqüência do silêncio assim como podem nadar dizer por mais que milhares delas sejam usadas. Elas podem ferir sem macular a pele e também podem fazer brotarem lágrimas que não conhecem a tristeza.
Talvez tenha sido justamente por causa da inconstância das palavras que elas hoje vivam ao meu lado, pois somente elas seriam capazes de acompanhar e entender minha mente tempestuosa. Companheiras perfeitas para uma mente imperfeita, repouso para um coração por horas aflito.
Elas foram chegando devagar, tomando conta de meus dedos e os fazendo escrever. Foram pouco a pouco fazendo de minha mente sua morada e quando abri meus olhos me vi rodeado por elas. Estava eu mergulhado em um mar de palavras sem colete ou bote salva vidas, submerso entre letras, pontos e sinais, encharcado até a alma de todos seus significados. Com elas aprendi a conviver e fiz delas minhas amigas, usei-as para construir pássaros que me libertavam do solo e me levavam para além do horizonte. Com as palavras criei asas, libertei meus pensamentos, transformei o subjetivo em concreto e espalhei as sementes do amor por mais do que somente os cantos do meu próprio ser.
Através das palavras pude plantar e colher sorrisos, pude acalentar corações e também pude fazer sonhar algumas mentes que até então só sabiam o que era estar acordadas. De outra forma também, por elas expressei minha raiva, minha tristeza, meu descontentamento, fui capaz de ferir e magoar, fui capaz de dar vida ao Mr. Hyde que havia dentro de mim. É certo que isso é algo do qual não me orgulho, mas isso só mostra que as palavras são capazes de dar vida ao que se julga morto ou até mesmo àquilo cuja existência não há.
Sou grato às palavras, pois sem elas eu seria apenas metade do que sou e espero continuar por toda minha vida cercado por essas belas e voláteis companheiras, porque quero retribuí-las por tudo que fizeram por mim levando-as também para lugares onde jamais imaginaram estar.

Obrigado, palavras!

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