Esse meu espaço é na verdade um lugar onde posso postar meu textos e pensamentos. O blog possui esse título porque acredito que o ponto final limita as palavras e sentimentos são muito maiores do que as palavras podem descrever, por isso às vezes não uso ponto final para que os sentimentos não se sintam acorrentados às limitações da gramática.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
O floricultor
Não há flores como as de Sakir, era o que todos diziam naquela cidade. As flores daquele rapaz eram sempre as mais perfumadas de todas, de longe se podia sentir o aroma das flores que eram colocadas a venda, eram as mais lindas, coloridas e mais perfumadas de toda a cidade. A loja estava sempre cheia de homens apaixonados por suas esposas, namoradas, mães e atá mesmo amantes.
A casa de Sakir ficava alguns quilômetros distante de sua loja e lá em um espaço enorme ele cultivava todas as belíssimas espécies de flores que vendia em sua loja. Ele sempre cuidara se duas flores com muita paixão e afinco, cuidar daquelas tão belas e frágeis flores era a vida de Sakir.
Naquela cidade costumava chover bastante naquela época do ano, entretanto em uma noite especial o céu estava limpo e era possível ver a lua cheia e linda, brilhante como nunca. As estrelas também pareciam estar mais próximas do que jamais estiveram e pareciam também estar em maior número. Naquela mesma noite uma jovem senhorita de outra cidade que havia viajado quilômetros apenas para ver a bela plantação de Sakir havia acabado de chegar e como ainda era cedo ela quis caminhar um pouco pela rua da casa de Sakir, que era bem próxima do hotel onde ela havia se hospedado. Ela era diferente de todas as moças da cidade, era a mais bela entre todas elas. Era morena, tinha lindos cabelos castanhos acobreados ondulados, uma voz suave como um doce canto de um anjo e um sorriso tão belao que fazia a mais bela flor de Sakir sentir-se feia. Seus olhos eram penetrantes e fascinantes, tinham um brilho que nem mesmo chegavam perto do brilhar das estrelas no céu daquela noite tão especial.
Ao passar pelos portões de Sakir ela notou um clarão no fundo da casa do rapaz e viu algumas pessoas correndo de um lado para outro sem saber o que fazer enquanto outras estavam paradas, pareciam estarrecidas e amedrontadas com suas mãos em seus rostos. A menina então abriu o portão negro da casa de Sakir e entrou, perguntou para uma das pessoas que estavam paradas o que estava acontecendo e eles disseram que as flores de Sakir estavam pegando fogo, que o fogo iria consumir toda a obra de uma vida de Sakir. Sem pensar duas vezes ela viu um balde jogado no jardim, uma torneira perto da plantação e começou jogar baldes de água ao fogo. Ao ver aquilo, um jovem que até então ela não conhecia chegou para ela e disse:
-Menina se afaste, você pode se queimar e esses baldes d’água não serão suficientes para apagar esse fogo!
-Eu sei senhor, mas alguém precisa fazer alguma coisa caso contrario tudo será perdido.
O Rapaz então puxou a menina forte pela cintura e a tirou dali dizendo para ela que era para esquecer aquilo, que a plantação havia sido perdida. Ela perguntou como ele podia deixar que uma plantação tão bela pudesse ser tomada pelo fogo e ele então respondeu.
-Estou muito triste de fato, mas eu posso plantá-las novamente, embora isso me custe muito tempo e dinheiro. Não há nada nesse mundo que não possa ser recuperado. A propósito moça, muito obrigado pela sua ajuda e coragem, é algo que não se vê muito nos dias de hoje, qual é seu nome?
-Me chamo Sesiat e acabei de chegar a cidade.
-Seja bem vinda Sesiat, eu me chamo Leafar Sakir.
Os dois conversaram um pouco mais e então a jovem percebeu que era hora de voltar para seu hotel, Sakir acompanhou a donzela até lá e depois voltou pra sua casa.
No dia seguinte Sakir parecia estar mais feliz do que jamais estivera e aquilo estava mexendo com a curiosidade de seus criados, um deles chegou para seu patrão e o perguntou.
-Senhor, suas flores foram todas queimadas ontem, como pode estar tão feliz? Na verdade, o senhor parece mais feliz do que jamais estivera.
-Meu caro, se você reparar, chovia todas as noites nesta cidade por uma semana e exatamente ontem não choveu. A chuva poderia ter evitado o incêndio, mas foi o mesmo céu limpo que levou embora minhas flores que fez com que aquela bela jovem saísse para um passeio por nossa cidade. Embora eu tenha perdido alguns milhares de flores ontem, eu encontrei, ou melhor, os céus fizeram com que apenas uma, porém a mais bela de todas me encontrasse.
O criado de Sakir sorriu como quem tivesse entendido tudo e deixou seu patrão sozinho, mais tarde Sakir foi procurar Sesiat em seu hotel e lá convidou a jovem para um passeio pela cidade.
Sakir encontrou na perda de todas suas flores a beleza de uma única que era tão bela e especial que jamais nenhum outro floricultor poderia ser capaz de criar, naquela noite de céu estrelado ele ganhou a mais bela flor que Deus fora capaz de criar.
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