Rio & Cultura

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sábado, 31 de dezembro de 2011

Fide et fiducia

Diz o ditado antigo que a fé move montanhas, mas qual é o real significado da palavra fé? Nos tempos atuais a palavra fé é quase sempre associada a algum contexto religioso, porém seu real significado pode ser atribuído a tantas outras coisas quanto queira o homem acreditar. Fé significa acreditar em algo sem a necessidade de razao ou prova, fé é também acreditar em algo de forma indubtável, indo desde os temidos monstros marinhos dos tempos das grandes navegaçoes até os diversos deuses que hoje existem em infinitas religioes. Ter fé está muito além de se acreditar em céu, inferno, deus, buda, espíritos e tudo mais que pregam as diversas religioes e seitas hoje existentes, ter fé é a aparente simples, porém de fato, complicadíssima tarefa de crer no incrível. A fé está presente em cada um de nós e sua maior expressao está nas religioes, pois estas foram criadas por seres humanos que acreditavam em algo com tamanha certeza que seriam capazes de sacrificar suas vidas por suas crenças. Pelo fato da fé ser um sentimento que independe de provas cada um de nós é livre para acreditar em qualquer coisa que queiramos sem sermos julgados ou considerados errados, pois a fé está acima da razao, do bem e do mal. O grande problema é que muitos sao aqueles que tentam impor a sua fé, a sua crença sobre outros sem respeitar a liberdade de cada um e nós. Indo mais além, aquele que tenta converter alguém ou fazer uma pessoa dividir a mesma fé através de provas está na verdade cometendo um grande engano sobre o que é ter fé, pois se este sentimento independe de razao para existir entao como pode a verdadeira fé nascer da comprovaçao de fatos? Se isso acontece entao este é o exato momento em que a fé cede seu lugar para razao e o convertedor mostra que na verdade nunca soube o que é ter fé. A fé nao pode ser imposta, nao pode ser provada, nao pode ser fundamento de confrontos nem um escudo atrás do qual se escondem os pseudo sábios, os "donos da verdade". A fé é de cada homem e cabe a nós somente tolerarmos a crença de cada um sem jamais tentar impor a nossa própria, pois se olharmos pelo prisma da sensatez veremos que somos todos iguais, todos acreditando em algo que nao pode em hipótese alguma ser provado.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Por um 2012 melhor

Diz a lenda grega que Prometeu, após roubar o fogo dos deuses e o entregar aos homens, despertou a ira de Zeus e este por sua vez decidiu punir todos os homens da terra de forma que jamais pudessem se livrar desse castigo. Zeus pediu entao que os outros deuses criassem um ser até entao desconhecido e dessem para este diversas qualidades, dessa forma foi criada a primeira mulher, a qual foi chamada de Pandora. Pandora de fato possuía diversas qualidades, porém carregava também em si a traiçao e a mentira, sentimentos colocados nela pelo mensageiro Hermes. Os deuses já haviam antes "presenteado" os homens com uma anfora que guardava em si todos os males do mundo e a qual jamais deveria ser aberta, porém, ao iniciar sua vida nesse mundo Pandora foi tomada pela curiosidade e decidiu abrir a anfora de todos os males. Assustada por ver tantas coisas ruim saírem dela, Pandora apressou-se em fechar a anfora, guardando nela apenas um último sentimento, o sofrimento por antecipaçao. Alguns outros textos irao dizer que o sentimento derradeiro guardado na anfora foi a esperança e podemos sim também interpretar dessa forma porque se o homem nao sabe do seu futuro entao por certo guarda em si a esperança de que ele seja melhor do que seu presente. Pois bem, a mensagem que fica para o ano de 2012 é que dessa vez nossas vontades e desejos de mudança deixem enfim o pedaço de papel onde foram listados, ou, até mesmo nossas mentes, e sejam de fato realizados. Que a esperança que existe em cada homem e mulher nao seja apenas um alento para os momentos dificeis, mas sim um combustível que nos impulsiona para alcançar um futuro melhor. Que em 2012 nao haja espaço para preguiça, para os obstáculos que nós mesmos criamos, quase como se quiséssemos nos boicatar, nem para qualquer outro sentimento que nos impeça de chegar onde queremos. Que a esperança seja a nossa bússola e força, que deixe de ser apenas uma semente e que germine para se tornar uma bela e frondosa árvore. Desejo para todos que 2012 seja um ano de mudanças e que possamos enfim subir o primeiro degrau na escadaria que nos levará para lugares onde nunca estivemos. Também desejo que essa subida rumo ao desconhecido, porém desejado, nao termine jamais e que mesmo quando estivermos muito alto jamais esqueçamos de onde começamos para jamais nos sentirmos superiores e pisemos em quem agora está onde ontem nós estivemos, pois nao existe ninguem melhor que ninguem, estamos apenas em estágios diferentes. Um feliz 2012 para todos! Obs: o teclado que usei para escrever esse texto nao esta em conformidade com a norma brasileira.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Essa maldita liberdade

Agora posso me reerguer financeiramente, posso pagar todas minhas dívidas e quem sabe até fazer um pé de meia. Posso ir dormir mais cedo, posso passar menos tempo no telefone, posso gastar menos dinheiro com gasolina, posso até dormir durante a tarde. Agora eu posso passar meus dias em casa sem fazer nada, só vendo o sol nascer e se pôr. Posso assistir quantos filmes quiser, posso deixar o carro empoeirar dentro da garagem, posso sair a noite e beijar quem eu quiser, posso ir a praia que eu quiser, posso fazer tudo aquilo que quero. Que merda de vida, que merda de vida eu posso ter agora. Preferiria ter a minha vida de outrora, quando eu na verdade não fazia quase nada disso, mas eu fazia aquilo que eu mais gostava, que era poder fazer tudo ao seu lado. Essa liberdade me sufoca. Tudo que eu queria era ter você de novo.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Divina invençao humana

Todos nós temos esperança e cometemos erros. Genial foi a pessoa que decidiu chamar esperança de deus e erro de pecado.

sábado, 8 de outubro de 2011

"Prezados colaboradores"

Agora é assim que as empresas chamam àqueles que trabalham para elas, não somos mais empregados, funcionários, nada disso, somos colaboradores. Mas, em um de meus tantos devaneios diários percebi que havia alguma conexão com a palavra latina labore, que significa trabalho. Com um pouco mais de pesquisa descobri o verbo laborar na língua portuguesa e seu principal significado é trabalhar. Sendo assim, é fácil entender que laborador quer então dizer trabalhador e colaborador seria então aquele que trabalha junto. Conclusão, já fomos trabalhadores, empregados, funcionários e agora somos colaboradores, ou seja, voltamos mais uma vez ao início. Acho que o mais correto seria invés de ficarem inventando nomes simpáticos para seus "colaboradores", as empresas deveriam sim investir neles com melhores salários e condições de trabalho, assim não teriam que se preocupar com uma nova forma de chamá-los a cada vez que eles sentissem vergonha daquilo que são.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Meu tempo

Já ouvi várias vezes pessoas dizerem que queriam que o tempo parasse, posso até garantir que muitos homens e mulheres já ouviram isso nos seus momentos mais apaixonados e que essa frase tão comum, mas tão cheia de significados, já foi cantada em diversas músicas em diversas línguas. Então hoje, completo pela sua ausência, minha mente volta em um desses momentos e sinto a imensa vontade de te ligar só para dizer “queria que naquele momento o tempo parasse”, mas aí eu percebo o quanto você é única no meu modo de ver e logo sinto que não posso direcionar a você essa frase que já foi endereçada a tantas outras. Você não é como elas, não tem o perfume delas, não tem o sabor delas, não anda, não fala, não se comporta como elas. Você é única como todas as outras são, mas é diferente o suficiente para tomar meu coração em arremate e me fazer pensar no que de mais belo posso te dizer, pois de tudo que jamais tive você foi o que de mais belo me deixei pensar que fosse meu. Por isso hoje me recuso e não sinto como dizer que gostaria que o tempo parasse naquele momento, na verdade eu gostaria que você fosse o tempo. Se você fosse o tempo você veria toda minha vida desde meu nascer e saberia de todas as vezes em que meu olhar perdido no horizonte procurou você. Saberia de todas as vezes em que me apressei para te ver e saberia de todas as vezes em que sozinho tirei sua foto da carteira para mais uma vez te admirar e poder me enganar da sua presença. Se você fosse o tempo você estaria em minha vida em todo e qualquer momento e mesmo quando eu estivesse com raiva e por impulso não quisesse você ali você ainda assim estaria lá ao meu lado para ver que na verdade você era o que mais precisava. Se você fosse o tempo você conheceria cada nova ruga em meu rosto, cada novo fio branco em meu cabelo, estaria comigo até no momento em que eu não estivesse mais contigo. Se você fosse o tempo jamais seria tarde demais ou cedo demais, jamais seria longe demais, jamais haveria espera, jamais haveria horário, pois se você fosse o tempo você me teria tão intimamente em sua vida e eu teria você na minha que seríamos apenas um. Se você fosse o tempo jamais haveria dor porque jamais haveria despedida, jamais haveria choro porque jamais haveria fim. Por isso eu digo que não peço que o tempo parasse para eu ter você imóvel em meus braços por infinitas horas, eu gostaria que você fosse o tempo para eu ter você em todo meu redor e preencher você com cada mínima parte minha da forma mais completa e duradoura que alguém já pode sentir. Mas a verdade é que a vida é bem diferente da poesia e dessa forma você não poderá jamais ser o tempo. Sendo assim, o que me resta é confiar no tempo e manter sua foto em minha carteira na esperança de quem um dia você saia do meu bolso e entre de uma vez por todas nem meu peito. Deste dia em diante confesso que nem mais me preocuparei com o tempo, pois ele será apenas um mero espectador de um amor que será até mais duradouro que ele.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Vida

Algumas meninas já nascem mães, mas não podem ter filhos; enquanto outras os têm aos montes, mas nunca souberam o que é ser mãe. Algumas pessoas têm corpos frágeis e mesmo assim desafiam o mundo, enquanto outras de corpos robustos não têm a coragem de desafiar nem a si mesmas. Algumas pessoas são capazes de alcançar as estrelas, mas a elas são dados céus estéreis; enquanto outras vivem em meio a cometas e constelações mesmo sem saber o valor do seu brilhar. Não entendo porque as coisas são assim, sinceramente não entendo. Contudo, sinto-me no direito de duvidar de muitos outros e acreditar em mim mesmo, mesmo correndo o risco de estar errado, pois se a vida fosse como eles dizem nada seria do jeito que é. A vida não conhece lógica e por isso eu também não devo ser lógico. Devo ser o que sou e viver da melhor forma que puder, me fazendo feliz, acertando, errando, sem medo de pecar, tampouco com a esperança de ser presenteado por bom comportamento. Devo apenas viver, pois a vida não é lógica, a vida é acaso.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O erro de Deus

Em algum lugar acima das nuvens, além de onde a vista alcança, lá Deus está. Sentado, de cabeça baixa, seus dedos entrelaçados em seus cabelos e em seu semblante a face da tristeza. O Todo poderoso, o onipotente, o oniciente cometeu um erro e agora carrega em suas costas o peso da dor de vários dos seus. O peso da cruz que seu filho carregara parece uma pena quando comparado ao peso de tantas almas em prantos que buscam alento nos ombros de Deus.
Ao final do quinto dia pensou que de tudo ele era possível e que tudo seria bom, mas se enganou e no alto de sua auto confiança criou o homem, um sonho de algo que seria lindo e a realidade de algo que se tornou repudioso. O declínio da raça continuou e o peso e a tristeza nos ombros do todo poderoso cresceu, pois agora além de seu próprio arrependimento ele carrega também os clamores daqueles que pedem noite após noite a ajuda dele para superar mais um dia nesse calvário em meio a tantas barbaridades e decepções. Deus sente o peso de ter criado a raça e também o peso de ver os poucos que deram certo serem oprimidos por tantos outros que deram errado. Deus com a palavra criou o mundo e a deu de presente para o homem, que quanto mais sábio fica mais sabe usá-la para ferir outros homens e assim tornar o mundo um lugar pior de se viver.
Confesso, Deus, que sim, por vezes senti e aindo sinto raiva de você por ter me dado a vida e me deixar nessa arena em meio aos leões sem você jamais ter me ensinado a lutar, mas também te perdoo, pois talvez você, o real Deus, seja bem menos deus e bem mais homem. A tristeza que carrego é apenas pelo fato do seu erro ter causado tanta dor a tantos de nós. Seu erro não machucou apenas alguns indivíduos por algum tempo, mas toda uma raça por todo tempo em que ela existir.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aquilo que você tem

O que é isso que tem em você, que transforma o menino em homem e faz do homem menino?
Que quando me abraça e me beija, faz com que meu respirar torna-se um apaixonado suspiro.
Que menina é essa que num corpo delicado e pequeno, guarda as seduções da mais ardente paixão?
Que me faz perder a cabeça, e faz com que eu ouça apenas o meu coração.
Que menina Amanda é essa, que nome é esse que jamais ouvi?
Que te cabe tão perfeito menina, e te faz a mais linda que já conheci.
Amanda dos beijos molhados, do abraço apertado, do mais doce amor.
Quem diria que entre outros tantos, seria justamente eu o merecedor.
De viver minha vida ao teu lado, pra sempre ao teu lado, presente eterno do meu viver.
E te dar em retorno um amor, que tão grande e bonito você pode até não entender.
Mas do que nos vale todo entendimento, se no fundo da alma o que nos resta é apenas ser?
Ser sempre feliz ao teu lado, vivendo o mais doce presente que eu já pude ter.

P.S. O nome Amanda foi usado apenas para preservar a real identidade da minha inspiração.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cinco sentidos

Se eu pudesse apenas enxergar, tua imagem me bastaria para que todo dia me apaixonasse novamente por você.
Se tivesse apenas meu tato, seria o calor, a maciez e a suavidade de sua pele que me fariam suspirar.
Se pudesse apenas ouvir, tua voz seria a mais doce canção e seria entre todas a mais bela que já tocou meus ouvidos.
Se eu tivesse apenas o olfato, teu aroma seria aquele que guardaria comigo toda noite e também a razão para que no dia seguinte mais uma vez te quisesse.
Se tivesse apenas o paladar, seria o gosto doce do teu beijo que se impregnaria em minha boca e me faria lembrar e mais uma vez desejar o mais adorável amor que já provei.
E mesmo se me faltassem todos os sentidos e não houvesse forma alguma de sentir você, ainda assim me apaixonaria por ti, pois meu coração não precisa de motivo algum para te amar, ele já nasceu junto ao teu.
Mas Deus foi bom comigo e me permitiu ter todos meus cinco sentidos para que eu pudesse me deixar apaixonar por ti em cada parte mínima do meu ser.
Esperando por ti desde que nasci, me apaixonado por ti desde que te conheci e vivendo em ti até quando Deus me permitir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O dia em que morreu a poesia

Houve um dia em que o brilho do olhar se foi, em que as músicas tornaram-se apenas músicas.
Houve um dia em que as brigas superaram os bons momentos e o medo assumiu o controle.
Houve um dia em que o sol ao deitar-se no horizonte deixou de ser um espetáculo divino e passou a ser apenas mais um fato científico.
Houve um dia em que dormir deixou de significar sonhar e passou a ser apenas uma droga que liberta a mente de seu próprio pensar.
Houve um dia em que o significado da vida era padecer.
Houve um dia em que o espelho azul tornou-se apenas mar.
Houve um dia em que a prisão tornou-se liberdade.
Houve um dia em que viver deixou de ser uma caminhada ao parque e tornou-se um castigo.
Houve um dia em que faltaram lágrimas, houve um dia em que faltou esperança, houve um dia em que faltou você.
Quando você se foi e levou consigo o nosso amor, foi nesse exato dia que enterrei a poesia de viver.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Texto número 100

Música, som, vento, sol; me lembram que estou viva nessa escuridão que me encontro. Onde não há lugar para sorrir, chorar, não há lugar para o que eu queria ser.
Tudo ficou para trás, mas tento ser forte, mas me sinto tão pequena. Na verdade sou pequena. Eu tento crescer, mas crescer dói tanto! Mas se não houver dor não há aprendizado e se não houver aprendizado não é possível seguir em frente. Vou vivendo minha vida de forma incerta e constante.
Constância é algo que me falta, algo que me sufoca. Pareço forte, mas no fundo a minha fortaleza está no meus sonhos, que me dão asas e me libertam das algemas da minha própria vida.

P.S. Esse texto celebra a centésima postagem nesse blog e não haveria forma melhor de comemorar essa data senão fazendo da postagem de número 100 um texto escrito por aquela que inspirou a vasta maioria das obras presentes nesse blog. Para você, minha querida, saiba que cada pessoa que lê esses textos e se emociona com eles ou reflete sobre eles, está levando consigo algo que você de certa forma plantou em mim, assim o sentimento que você tornou vivo em mim voa como uma semente no ar a cada visita que esse blog recebe. Muitíssimo obrigado por ser quem você é!

terça-feira, 12 de julho de 2011

O monstro e eu

Se conformar em se esconder nas entranhas do monstro e culpá-lo por tudo é mais fácil do que assumir a responsabilidade de matar o monstro. Todos nós somos um pouco de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, mas não entendo porque tantos de nós se sentem tão confortáveis em manter vivo o segundo. Talvez a razão disso habite na característica humana mais básica, a de jamais assumir a responsabilidade pela sua própria vida.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Animal racional?

Aristóteles, ao criar a definição de animal racional, aprimorou a definição da época sobre o homem que o definia como animal bípede implume, mas penso que Aristóteles, embora brilhante equivocou-se ao definir-nos assim. Digo isso, pois não creio que um ser considerado racional traia quando tem uma relação feliz e estável. Não vejo razão em deixar de comprar coisas muito mais úteis para comprar uma camisa com um jacaré verde bordado no peito. De forma alguma, vejo também razão em matar outro ser da espécie para dele tirar dinheiro para comprar drogas e assim abreviar sua própria existência. Pobres são dos nossos amigos “animais irracionais”, fadados a carregar esse rótulo quando na verdade aqueles que desconhecem a razão somos nós.

Como não sou Aristóteles, meus pensamentos serão por muitos considerados idiotas e até mesmo loucos e serão apenas palavras em uma rede social qualquer, mesmo assim atrevo-me a dizer que o homem é de fato um animal emocional. O homem é escravo de suas emoções e sentimentos e por causa disso faz por diversas vezes na vida as coisas mais estúpidas e irracionais que podem ser imaginadas, tudo motivado por desejos superficiais e sem o mínimo valor real. Sendo assim, espero que pensadores, cientistas ou outra pessoa de importância encontre uma nova definição para o homem, pois nos chamar de animais racionais só comprova que nada entendemos sobre a razão.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O mundo à venda









Não há quase nada mais que não se possa comprar.
Para os sem amor é vendido o sexo.
Para os sem educação são vendidos diplomas.
Para os humildes são vendidos milagres.
Para os doentes é vendida a saúde.
Para os tristes são vendidas as drogas.
Para os fora da lei é vendido o suborno.
E para os que não têm corpos “perfeitos” são vendidos silicones.
Mas de todas as coisas que hoje se encontram à venda no mundo.
A que mais se vende é justamente aquela que nem mesmo deveria ter preço.
A nossa dignidade.

domingo, 5 de junho de 2011

Escravos

Viva a liberdade, viva o fim das correntes e dos açoites, viva o fim da senzala e vivamos todos na casa grande! O suor e esforço dos mais fracos é agora recompensado, é pago em dinheiro e liberdade. Agora não existem mais documentos que separam possuídos de possuidores, não há mais diferença entre negros e brancos, pois somos todos filhos da liberdade. É findada a escravidão, o homem liberta o homem.
Agora somos todos livres para pensar, para agir, para amar, para fazer tudo àquilo que cabe ao homem. A tão sonhada liberdade enfim chegou e o homem em seu imensurável brilhantismo usou-a para mais uma vez escravizar-se. Tornamo-nos todos apenas um, todos iguais, todos escravos do homem pelas invenções do homem.
Somos todos regidos pelos ponteiros incansáveis e impiedosos do relógio que sempre nos diz qual é a hora certa para tudo, das coisas mais triviais àquelas fora da rotina nada pode ser feito sem a permissão do relógio. As punições para quem desobedecê-lo podem não ser tão fisicamente dolorosas quanto cinqüenta chibatadas, mas podem trazer um dolo que não há remédio nem cuidado que seja capaz de curar. O tempo é um patrão silencioso e que por vezes parece indiferente aos atos de seus subordinados, mas que em momento algum da vida, seja do primeiro choro ao deixar o ventre da mãe ao último suspiro num leito de hospital, jamais deixa que demos um único passo sem estar ao nosso lado marcando cada momento que se foi e esperando apenas um deslize nosso para nos punir. Ele nos dita o quão rápido temos que comer, limita nosso descanso e tira a espontaneidade de nosso agir, o tempo é um senhor de escravos invisível e atento como nenhum outro.
Se não bastasse a escravidão que nos é imposta, existem também aquelas que escolhemos viver. Somos escravos de um pequeno e fino retângulo de plástico que toma parte de todo nosso esforço para ele, um patrão pequeno e de feições amistosas que fazemos questão de manter sempre em nossas carteiras ou bolsas. Um patrão aparentemente inofensivo, mas que todo início de mês exige um pouco de nosso pensar somente para ele, que tira nosso sono e que nos lembra para quem trabalhamos.
Por outras vezes deixamos também que nos tornemos escravos de nossas próprias emoções, sendo dominados e totalmente controlados por elas. Escravizamos-nos à uma pessoa para qual direcionamos nosso amor e nos esquecemos de viver para nós mesmos, nos esquecemos de sermos os verdadeiros donos de nós para vivermos a mercê das emoções e do temperamento dessa pessoa. Limitamos nossa felicidade à dela, nossa alegria à dela, nosso bem estar ao dela, nossos sorrisos aos dela. Vendo isso tudo de uma forma mais ampla, limitamos nossas próprias vidas as dela, colocando um peso nas costas de tal pessoa maior que qualquer humano possa carregar, visto que nenhuma pessoa deve ser responsável pela felicidade de outra. Acabamos assim nos escravizando e também a pessoa que se ama.
Somos escravos da violência que nos prende atrás de grades em nossas próprias casas, somos escravos do nosso medo de arriscar, somos escravos daqueles que nos dizem em que acreditar, somos escravos de diversas forças invisíveis que passam sem serem notadas durante nossas vidas.
É dessa forma que funciona a escravidão moderna, astuta como jamais fora, sempre se escondendo por trás da máscara da falsa liberdade. No mundo em que vivemos hoje sempre haverá algo que nos dominará e não será uma figura clara como um senhor de barbas brancas e boas vestes sentado atrás de uma pesada mesa de madeira nos dizendo o que fazer, será uma força muitas vezes oculta que sempre manterá correntes e pesadas bolas de aço amarradas em nossos tornozelos.
No passado havia a clara distinção entre o dominado e o dominador, mas hoje somos todos iguais, todos acreditando na liberdade porém vivendo em escravidão.

Em um mundo ideal

Em um mundo ideal você e eu ainda estaríamos juntos.
Cada fim de beijo encheria nossos corações com a vontade de mais um.
Cada abraço não seria apenas uma formalidade, mas sim uma forma de dizer "senti muito sua falta, não me abandone mais".
Em um mundo ideal eu compraria salsichas para fazermos cachorros-quentes aos sábados.
Em uma noite de inverno você deitaria no meu colo vestindo um casaco de lã listrado e assistiríamos um filme romântico comendo pipoca enquanto eu te faria cafuné.
Em um mundo ideal todo momento significaria algo.
Em um mundo ideal eu seria seu herói.
Você sempre me amaria de manhã.
Sua boca sentiria falta da minha.
Numa sala de cinema você passaria duas horas com seu corpo junto ao meu.
Você responderia cada "eu te amo" meu com um olhar de quem diz "que lindo".
Em um mundo ideal sonharíamos juntos cada vez que passássemos ao lado de uma loja de roupas infantis.
Em um mundo ideal você sempre me trataria como se nunca mais fosse me ver.
Em um mundo ideal sempre que eu estivesse de costas você tamparia meus olhos e perguntaria "quem é?" e ao eu adivinhar você me congratularia com um beijo.
Em um mundo ideal todo dia seria meu aniversário.
Eu sempre teria dinheiro dinheiro para comprar tudo que você precisasse.
Em um mundo ideal seu amor por mim jamais acabaria.

sábado, 4 de junho de 2011

A alegria juvenil

Ouçam quantos risos, quantas falas altas; vejam quantas palavras acompanhadas por gestos. Nunca pensei que fora preciso um movimento de mão para cada uma delas.
A juventude se faz ver, ouvir e sentir, tem um comportamento que se difere de todo resto.
Nos jovens o riso rola solto, a vida é eterna e o tempo é uma mera convenção que à eles não se aplica. Ser jovem é ser aquilo que se é.
Em outro lado dessa mesma linha temos o adulto, cheio de polidez e recato. Tudo no adulto é ponderado, as conversas, os risos, as expressões, alguns são tão educados que por vezes parecem desprovidos de sentimentos.
Para um observador de fora tal postura de neutralidade poderia ser sim atribuída à educação, mas para um ser da raça é notável a razão de que tal comportamento acontece devido às experiências de vida acumuladas nas costas de um adulto. Se olharmos para o passado teremos de fato esta confirmação. Nos nossos quinze anos de idade não precisávamos nos preocupar com IPVA, IPTU, prestações de casa, carros, comida para fazer, filhos para criar, deveres do trabalho, dívidas com cartão de crédito, nada. Aos quinze anos a única preocupação era com a prova de física para amanhã que só fomos lembrar hoje.
A juventude ri e fala alto não porque lhe falta educação, mas sim porque lhe farta a alegria. Aos jovens não se é permitido sofrer de amor, ver um amigo ser levado pelas mãos de Deus, ter seus sonhos roubados, ouvir palavras duras, só o que se permite aos jovens é sorrir. Talvez aos jovens nada disso seja permitido porque a própria vida ainda seja inocente assim como eles.
Mas então se passam os anos e com eles vem a fase adulta, que deixa nos rostos rugas não apenas por causa do tempo que sei foi, mas também por tudo aquilo que se perdeu. Cada ruga conta em si a história de um momento de tristeza ou de preocupação, elas são um relato vivo, testemunhas oculares de tudo aquilo que aquela alma sofreu. Por vezes essas almas viram seus heróis partirem, viram amores eternos morrerem mesmo antes do murchar das flores, viram natais sem Noel, viram crenças sólidas como rochas serem destruídas como um castelo de cartas, viram que a vida não era o que antes se pensou ser. Para muitos adultos a vida é agora apenas um exercício contínuo de conformidade, pois seus sonhos se perderam ou foram esquecidos em um lugar entre o ensino médio e a faculdade e já não há mais tempo nem forças para procurá-los. Para eles agora só o que resta e se conformarem com a rotina, com o emprego, com o preço da gasolina e com a conta de telefone que esse mês veio mais baixa.
Para o adulto o jovem ri e fala alto porque é mal-educado, mas na verdade o problema está na alegria do adulto, que outrora fora muito eloqüente, mas que agora não passa de um simples sussurrar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A sentença de Ranier

Varuk era o único filho de Universo, o deus de todos os deuses. Varuk fora criado para cuidar de todos os seres viventes de todos os planetas, enquanto que Universo era responsável pelos planetas, estrelas e todo corpo celeste.
Varuk possuía vários ajudantes chamados Azuis e cada um era responsável por um sentimento; alegria, felicidade, saudade, satisfação, prazer, entre outros. Dentre todos os Azuis, havia um que Varuk mais achava especial e por isso o tinha em posição primordial em relação aos outros, seu nome era Ranier e ele era o grande Azul do amor.
Toda noite Ranier visitava os lares de todos os seres de todos os planetas e enchia o coração deles com amor, nas noites seguintes ele mais uma vez os visitava para certificar-se de que nada havia se perdido e que o amor ainda estava lá.
Certa noite ao visitar o planeta Terra Ranier se deparou no quarto de uma bela jovem e encantou-se por ela. Ela tinha 18 anos, pele morena, tinha cabelos curtos cacheados e era linda no mais puro sentido de sua existência. Ranier de imediato se apaixonou por ela e por isso foi incapaz de colocar no coração da jovem o amor que deveria. Ele então voltou ao Céu e decidiu que na noite seguinte voltaria ao quarto da menina e plantaria no coração dela amor por ele próprio, sendo assim na noite seguinte ele o fez e nada disse para Varuk.
Para encontrar sua amada durante o dia Ranier precisava deixar suas asas no Céu e assumir uma imagem mortal para ser semelhante a jovem, para isso ele contava com ajuda de outros Azuis para levá-lo e buscá-lo na Terra.
Tudo corria bem e Ranier e a moça já romanceavam por dois anos, até que um dia Varuk precisou de todos seus Azuis em emergência e no frenesi do momento Ranier foi esquecido na Terra. Durante a reuniao Varuk percebeu a ausência de Ranier e questionou o Azul da verdade sobre o que estava acontecendo e este contou tudo sobre o Azul do amor.
Ao saber de toda historia Varuk em muito desagradou-se e pediu que algum Azul trouxesse Ranier de volta ao Céu. Ao chegar lá, frente a frente com Varuk, que mostrava em sua face todo seu descontentamento e ira, Ranier foi condenado a passar o resto de sua existência amando a jovem como sua única e verdadeiro amor, mas em jamais poder receber o amor dela. Foi condenado também a falar e escrever sobre o amor pelos quatro cantos do mundo, deixando assim de ser o Azul do amor e tornando-se o Azul da poesia.
Triste e apaixonado, Ranier por vezes não suporta a dor que carrega em seu peito e então visita lares de homens e mulheres e deixa com eles partes de sua condenação na esperança de pouco a pouco se ver livre de sua pena. É dessa forma que nascem os poetas, mortais que carregam em si um pouco da dor de Ranier, condenados a escreverem e viverem em amor, mas quase nunca serem presenteados com ele.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Rules for an ideal world

1. When people said “I Love you” this should last forever.
2. Mothers should never die.
3. Money should never be more important than feelings.
4. People should be free to believe in what they want without being criticized for that.
5. Sex should not be a sin, but just a way of telling a special person how much you love her.
6. People should work to live, not live to work.
7. People should spend more time with the ones they love and less with their bosses.
8. Schools should teach people how to think, not just make us memorize equations we will never use.
9. Words should never be used to hurt people; for doctors can repair broken bones, but no one can heal the wounds you carry on your heart.
10. Love should be a reality that we live every moment, not simply a fairytale we see on the movies.

Regras para um mundo ideal

1. Quando as pessoas dissessem “Eu te amo” o sentimento deveria durar para sempre.
2. Mães não poderiam jamais morrer.
3. Dinheiro jamais poderia ser mais importante que sentimentos.
4. Todos deveriam ser livres para acreditar naquilo que quisessem sem ser criticados por isso.
5. Sexo não deveria ser um pecado, mas apenas uma forma de mostrar para uma pessoa especial o quanto nós a amamos.
6. As pessoas deveriam trabalhar para viver, não viver para trabalhar.
7. As pessoas deveriam passar mais tempo com aqueles que amam e menos com seus chefes.
8. Escolas deveriam nos ensinar a pensar, não apenas nos fazer memorizar equações que jamais usaremos.
9. Palavras jamais deveriam ser usadas para ferir alguém, pois médicos podem consertar ossos quebrados, mas ninguém pode curar as feridas que carregamos em nossos corações.
10. O amor deveria ser uma realidade vivida a cada momento, não apenas um conto de fadas que vemos no cinema.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Picadeiro (quando o palhaço chora)

A arte de todo palhaço está em fazer rir a multidão que lota o circo. Algumas pessoas ali, já felizes buscam apenas mais um momento de alegria, outras pinceladas com o a cor negra da tristeza procuram alguma razão pra voltar a sorrir. Lá no centro, alvo de todos os olhares está o palhaço, o verdadeiro artista da alegria. Todos na platéia já sabem que em algum momento ele dará um chute nas nádegas de outro palhaço, que se espatifará no chão e que também irá esguichar água no rosto de alguém usando a rosa que leva em seu bolso. A verdadeira graça não está nas coisas que o palhaço faz, mas sim em como ele faz. Ele é o verdadeiro artista que faz a mesma coisa todos os dias com a mesma paixão e vontade de fazer rir como se fosse a primeira vez. O palhaço anima o circo, ele vive o circo, ele é o circo.
Mas o que acontece quando a chama ardente leva embora o sonho feito de lona? Quando o picadeiro torna-se uma lembrança, quando as luzes que iluminavam o palhaço podem ser vistas apenas em seus sonhos, quando as palmas e gargalhadas durante o espetáculo tornam-se desejos e não mais realidade é quando o palhaço gentilmente tira a maquiagem de seu rosto e deixa mostrar o homem que ali habita. O que antes fora uma pintura perfeita rapidamente se torna apenas um borrão que com mais algumas passadas do algodão magicamente some e leva consigo toda cor do palhaço. Sem circo onde atuar nem multidão para aplaudir o palhaço deixa uma lágrima escorrer de seus olhos e como um rio que encontra o mar ela faz seu caminho por entre as rugas daquele rosto até tocar o chão. Triste lágrima aquela, tão pequena que cabe na ponta de um dedo, mas com uma tristeza que só quem a despejou sabe o tamanho que tem. Sem circo não há alegria, não há aplausos, não há arte, não há vida.
Às vezes em meus momentos loucos de solidão, sentado no meu picadeiro vazio me pergunto quantos de nós somos hoje palhaços a chorar. Me pergunto quantos de nós vimos há dias, meses ou anos os nossos circos se deixarem levar pelas chamas do tempo, da rotina, do cansaço, da falta de dedicação, da falta de vontade, da falta de amor. Nossos circos que antes eram nossos portos seguros contra a tempestade agora são apenas uma imagem linda e saudosa que habita em nossas mentes e traz sentimentos maravilhosos em nossos corações. Quantos de nós queríamos pelo menos por mais uma única vez poder ter o direito de um espetáculo final com a casa cheia, só mais uma cena, só mais uma noite para fazermos de novo aquilo que sempre fizemos tão bem. Apenas mais uma chance para sermos mais artistas e menos lágrimas. Mas o grande senhor da vida não nos deixa jamais voltar e dar um último espetáculo, pois cada momento é único e talvez por isso a saudade seja tão mais pesada que o mar.
Quando as chamas consomem o sonho e o transformam em fumaça leve que é levada com o vento, o que resta a nós palhaços é mais uma vez fazer as malas e seguir em frente deixando para trás uma lágrima de cada vez; seguir em frente com a esperança de que um dia possamos novamente ter o nosso circo de volta e enfim voltarmos a ser felizes.

sábado, 21 de maio de 2011

Paroles

Por vezes tão belas e tão vazias, em outras voltas do ponteiro tão feias e cheias de significado. Em momentos sublimes de amor, despidas como os corpos simplesmente se deixam falar. Palavras, nada mais que palavras. A forma mais usada por todos nós para revelarmos ou escondermos aquilo que se sente. Muito mais que letras em um pedaço de papel ou caracteres em um mundo virtual, as palavras são um mundo em si mesmas. Podem existir na contraditória eloqüência do silêncio assim como podem nadar dizer por mais que milhares delas sejam usadas. Elas podem ferir sem macular a pele e também podem fazer brotarem lágrimas que não conhecem a tristeza.
Talvez tenha sido justamente por causa da inconstância das palavras que elas hoje vivam ao meu lado, pois somente elas seriam capazes de acompanhar e entender minha mente tempestuosa. Companheiras perfeitas para uma mente imperfeita, repouso para um coração por horas aflito.
Elas foram chegando devagar, tomando conta de meus dedos e os fazendo escrever. Foram pouco a pouco fazendo de minha mente sua morada e quando abri meus olhos me vi rodeado por elas. Estava eu mergulhado em um mar de palavras sem colete ou bote salva vidas, submerso entre letras, pontos e sinais, encharcado até a alma de todos seus significados. Com elas aprendi a conviver e fiz delas minhas amigas, usei-as para construir pássaros que me libertavam do solo e me levavam para além do horizonte. Com as palavras criei asas, libertei meus pensamentos, transformei o subjetivo em concreto e espalhei as sementes do amor por mais do que somente os cantos do meu próprio ser.
Através das palavras pude plantar e colher sorrisos, pude acalentar corações e também pude fazer sonhar algumas mentes que até então só sabiam o que era estar acordadas. De outra forma também, por elas expressei minha raiva, minha tristeza, meu descontentamento, fui capaz de ferir e magoar, fui capaz de dar vida ao Mr. Hyde que havia dentro de mim. É certo que isso é algo do qual não me orgulho, mas isso só mostra que as palavras são capazes de dar vida ao que se julga morto ou até mesmo àquilo cuja existência não há.
Sou grato às palavras, pois sem elas eu seria apenas metade do que sou e espero continuar por toda minha vida cercado por essas belas e voláteis companheiras, porque quero retribuí-las por tudo que fizeram por mim levando-as também para lugares onde jamais imaginaram estar.

Obrigado, palavras!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

As correntes da exatidão

Um dia o homem começou a se perguntar sobre o porquê das coisas, começou a querer descobrir por que o céu e o mar eram azuis, por que a maçã caía das árvores; foram incontáveis os porquês. Até que em um dia inspirado ele descobriu que um mais um era dois, pior que isso, ele descobriu que um mais um sempre seria dois. Naquele momento o homem descobriu a exatidão e desde então o começou a persegui-la com afinco. Aquilo que não era exato já não fazia mais sentido e aquilo que era inexplicável não podia mais ser aceito.
No dia em que o homem descobriu que um mais um era igual a dois ele aprisionou muitos de seus semelhantes com as correntes invisíveis da exatidão, ele tornou muitos de nós escravos, seres humanos que perderam o direito da liberdade do fazer e do pensar. Ele nos tornou filhos de uma geração que não sabe mais voar nas asas do nosso pensamento porque nos fizeram acreditar que a vida não é poesia, mas sim matemática.
Daí então começamos a ouvir explicações sobre tudo. Nos disseram que o sol é um estrela, mas esqueceram de nos pedir para dizer o que sentimos quando o astro rei se deixa esconder atrás do horizonte. Nos disseram que um mais um é igual a dois, mas esqueceram de dizer que em um relacionamento um mais um pode ser três, quatro, cinco e que essa soma irá gerar infinitas lembranças e sentimentos muito maiores que a língua poderá jamais ser capaz de expressar. Nos disseram que a lógica da vida é nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer, mas esqueceram de dizer que as coisas das quais mais nos lembraremos e que mais nos farão sorrir serão justamente aquelas que fizemos sem lógica ou razão alguma, pois a vida não requer lógica para ser vivida.
A vida nunca foi nem jamais será uma fórmula matemática ou uma equação onde tudo se encaixa perfeitamente e no final temos um único resultado possível. A vida é cheia de variáveis, repleta de” X” e em sua essência jamais nos obrigou a fazer somente aquilo que julgamos racional, pois a vida está tão distante da exatidão como as palavras estão distantes dos sentimentos. Então é hora de esquecermos o que nos foi ensinado e assinarmos nossas cartas de alforria que nos libertará das amarras do exato. É chegada à hora de arrebentarmos os portões, quebrarmos as correntes e voarmos nas asas do ilógico, do irracional, é hora de nos perdermos no labirinto de tudo que nos foi dito para que possamos nos encontrar em nós mesmos. É hora de desaprendermos a andar com os pés da razão para que possamos reaprender a voar com asas do coração.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A ignorância é uma bênção

Olha que beleza de presente foi me dado, uma venda multicor que não deixa a verdade macular minha mente.

Tenho todas as palavras e nenhum pensar, leio tudo que está escrito nas paredes que me cercam, mas nunca aprendi a escrever.

Sou sábio como poucos e a cultura me transborda. Uma biblioteca enorme sobre meu pescoço e uma certeza burra que me amarra.

Conheço todas as mentiras da história e nelas acredito piamente. Jamais duvidarei de nada que me dizem, pois com certeza quem levanta a voz e diz é porque sabe muito mais do que eu.

Nunca me atreverei a atravessas as portas que vejo, tampouco quero saber o que há além delas. É muito melhor viver no meu mundo criado por quem me manipula a lutar contra aqueles que me dizem no que devo acreditar.

É melhor viver uma mentira gentil do que viver a realidade fria. É melhor viver sonhando do que sonhar vivendo.

A ignorância é a maior de todas as bênçãos, pois não há dor quando não conhecemos nossas mazelas. Não há o que se perder quando de fato nada do que temos é nosso.

A ignorância é a maior de todas das bênçãos e o real saber é a liberdade envolta em espinhos. A ignorância nos encarcera em alegria enquanto a realidade não tem medo de dizer quem é.

A ignorância é o comodismo que nos cega e a busca pelo conhecimento é a dor que nos liberta.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A inteligência (texto 2)

Os animais mostram seus dentes, rosnam, levantam as orelhas, ficam de pé para parecerem maiores ou usam qualquer outro artifício para intimidar outro animal. É claro que eles precisam disso, pois não tem a capacidade de falar como nós humanos temos. Mas nos tempos das cavernas quando nós ainda não éramos inteligentes o suficiente para desenvolver a fala será que nosso comportamento no mundo se diferia do comportamento que a maioria dos animais tem até hoje?

Se não fossemos inteligentes o suficiente para construir muros em volta de nossas casas, para criarmos a monogamia, para inventarmos os super-mercados e principalmente para falar, como será que viveríamos?

Olhando para o passado pré histórico da raça humana e olhando para as outras espécies ao nosso redor é possível e bem aceitável imaginar que se não fosse pela inteligência o comportamento de ataque e também de defesa mais comum e também mais efetivo que poderíamos usar seria a violência. Isso nos faz acreditar que a essência real do homem é uma essência violenta e que isso faz parte do DNA humano. A inteligência nos possibilitou falar e usar outros meios que não fossem a força para conseguir aquilo que queríamos e também nos tornou capazes de viver de forma “harmônica” em sociedade. Porém, se pararmos para imaginar vários momentos em que o homem perde a razão e deixa de ser controlado pela inteligência, sua essência violenta se mostra e o homem revela do que é realmente feito. Em uma partida de futebol, por exemplo, não razão ou matemática que explique alguém torcer pelo time A ou B, então quando um dos times perde muitos homens deixam a inteligência de lado, soltam o freio que os mantém educados e polidos e se deixam tomar pela essência animal e violenta que vive neles. Pronto, a receita perfeita para a guerra está criada. Outro bom exemplo que aconteceu bem recentemente foi a forma como a população estadunidense comemorou a morte de Bin Laden. Vamos parar e pensar. Quantos deles pararam em algum momento para refletir sobre o porquê de Osama Bin Laden ter se rebelado contra os Estados Unidos? Quantos tentaram entender porque ele fez o que fez e achar um culpado por aquilo? Não estou aqui sendo advogado de Bin Laden, mas quero apenas mostrar que naquele momento raras foram as pessoas que pararam e tentaram achar alguma RAZÃO para Bin Laden ter feito o que fez. A maioria foi para as ruas, se pendurou em postes, bebeu, cantou e muitos deles queriam ter eles próprios atirado no terrorista e tê-lo visto agonizar até a morte. Mais uma vez um exemplo claríssimo de que quando a inteligência se esquece de reger o homem, volta à tona todo seu comportamento animal e violento, é como se ela não fosse nada além da camisa de força que prende os braços de um louco.

Isso nos faz acreditar que na verdade o homem não seja um ser pacífico que sabe viver em sociedade, na verdade o homem é um ser de guerra que aprendeu a viver em sociedade por causa da inteligência que adquiriu ao passo da evolução. Contudo, a inteligência ainda não se desenvolveu o suficiente para controlar sentimentos de raiva infundados, ela ainda parece ser um vidro muito escuro e fino que quando quebrado revela a verdadeira face do homem.

sábado, 7 de maio de 2011

A inteligência

O que separa os homens do resto dos animais é com certeza a inteligência, pois embora seja cientificamente provado que alguns deles tenham algum tipo de inteligência, nenhum deles a tem de forma tão evoluída como o homem. Mas ultimamente assistindo a tudo que acontece no mundo e também ao meu redor me pergunto se deveríamos de fato chamar isso que temos de inteligência. Acho que o nome certo deveria ser burrice! Pois, paremos para refletir apenas por um minuto. Os animais vivem todos em paz apenas matando para comer, vivem harmonicamente em sociedade sem governantes, sem regras escritas, se locomovem por seus próprios meios e isto vem dando certo desde que o mundo é mundo. Agora vejamos o homem. O homem usa sua brilhante inteligência para estabelecer leis e vai ainda além para achar uma forma de burlá-las, cria animais para usá-los como alimento e mata outros animais e até mesmo outros homens movidos pela raiva e por não poucas vezes pelo simples prazer de matar seu semelhante. Usam a inteligência para criar carros com cada vez mais cavalos de potência, uma forma mais rápida e cara para nos levar para o céu, inferno, outro plano ou qualquer outra coisa que você acredite. O fato é que desde o início o homem usou a inteligência de forma egoísta invés de pensar nela de uma forma global, criou indústrias poluidoras pensando em lucro, mas sem pensar no futuro, criou armas buscando proteção, mas não pensou que a mesma arma que ele usa para matar pode matá-lo no futuro, criou meios na sociedade de separar ricos e pobres, manipuladores e manipulados, mas esqueceu que quando estamos sete palmos sob a terra nenhum de nós passa de comida para vermes. Somos todos corpos fétidos e putrefatos, a imagem perfeita da decadência humana.
É certo que alguém que ler esse texto irá pensar “nossa, mas a humanidade também criou a medicina, a tecnologia, muitas coisas boas” e eu concordo com vocês, mas quando olhamos para o planeta e para a forma de vida que levamos hoje é claro ver que há muito mais coisa errada do que certa aí fora. Pelo menos eu não acho que seja normal que paguemos por um seguro para nossos carros com medo de tê-los roubados, tampouco acho necessário polícia e cadeia já que se somos tão infinitamente inteligentes deveríamos saber por nós mesmos separar o certo do errado, muito menos vejo necessidade de leis que digam aquilo que podemos fazer ou não ou órgãos controladores, pois também deveríamos ser capazes de nos ordenar sem eles.
Por isso tudo penso que a inteligência seja a pior coisa que carregamos em nós, pois sentimentos todos nós temos, mas por causa de inteligência somos capazes de criar aquilo que põe para fora todos nossos sentimentos, sejam eles luz ou trevas, e infelizmente todo homem carrega em si as duas coisas, mas parece guardar o que tem de bom para não parecer frágil e mostra tudo que tem de ruim para parecer forte. É uma luta insana em que diferente do que se mostra nos contos de fada nem sempre o bem vence.
Termino refletindo um pouco sobre uma citação de Oscar Wilde, ela diz: “Penso que Deus, quando criou o homem, de alguma forma superestimou Sua habilidade”. Por vezes penso sobre essa frase e infelizmente cada vez ela faz mais sentido para mim, por que penso onde Deus estava com a cabeça quando decidiu criar raça tão falha, mesquinha, egoísta e pequena. Penso como Deus em toda sua onisciência teve coragem de criar essa raça e colocar nesse mundo já sabendo de toda destruição e violência que geraríamos. Penso como Deus pode deixar que homens matassem outros homens, criação dEle, em Seu próprio nome. Penso no que Deus pensou quando deu inteligência para quem jamais será capaz de fazer bom uso dela.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

All you need is love


Há não muito tempo os Beatles cantavam para os quatro cantos do mundo que tudo que você precisa é amor (All you need is Love), o tempo passou e hoje mais do que nunca essa frase faz muito sentido. Seria realmente maravilhoso se todos nós precisássemos apenas de amor, assim haveria mais compaixão, mais respeito, mais valores no mundo e muito menos dor. Contudo, parece que poucas pessoas ouvem Beatles, ou muito pior que isso, hoje em dia amor não é tudo que precisamos mais. A medicina evolui, a tecnologia evoluiu, evoluíram também os empregos e é lógico que com tudo isso “evoluiu” também a humanidade.
Hoje em dia para muitos de nós amor não é tudo que precisamos. Na verdade, para muitos amor nem é algo que se precise, pois amor demanda tempo e dedicação e como o ritmo de vida se torna cada dia mais frenético é muito mais simples “comprar” o “amor”, pois se tudo é comercializado hoje, então porque o amor também não seria?
Nos tempos de hoje tudo que precisamos é status, poder, carros, roupas caras, bolsas caras, smartphones e Ipods. O amor tornou-se ator coadjvante, o principal é sermos melhores um que os outros, sempre. Mas, será que algum dia essa raça “tão evoluída” que somos irá perceber que sempre haverá alguém melhor que nós e que essa corrida pelo primeiro lugar só nos tira tudo aquilo que de fato importa para nós? São tantas as necessidades que nós mesmos impomos ao nosso dia-dia que deixamos de ver como é belo um pôr de sol, deixamos de ver nossos filhos crescerem, deixamos de pensar por nós mesmo e acreditamos em tudo que é dito ou escrito por algum pseudo-sábio. Deixamos de sonhar, dádiva que somente nós humanos temos, e ao invés disso preferimos agir e viver como máquinas querendo cada vez mais trabalho para sermos cada vez “melhores”. Melhores em que? Não se sabe e talvez nunca será sabido. Enquanto essa luta incessante acontece lá fora sobram farpas, faíscas, lascas de espadas que acertam um ou outro na busca para ser o melhor. Sobra dor, angústia e desapontamento para todos os lados e para aqueles que ainda acreditam e vivem aquilo que os Beatles cantavam sobra a tristeza de procurar algo que se torna cada dia mais escasso. Sobra a dor da solidão, a incompreensão, sobra a sensação de viver sozinho em um mundo onde já não há mais espaço para o amor. Amor, quem sabe o que será desse sentimento..será que um dia ele voltará triunfal como deveria ser ou se tornará apenas mais um item folclórico na estante da evolução humana?

No início éramos perfeitos, simples e vivíamos a vida da forma que tinha de ser vivida, mas o tempo passou e nos tornamos inteligentes e hoje a inteligência parece ser a maior tolice que carregamos.

A humanidade

Ah...a humanidade, a maior de todas as criações divinas ou o símbolo máximo da evolução das espécies. Somente a humanidade é capaz de fazer caber em si adjetivos tão diferentes uns dos outros. A humanidade, a mais brilhante das luzes e a mais negra das sombras.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ele disse tudo

Essa noite colocarei aqui algo que não fui eu quem escreveu, mas que merece lugar aqui porque diz muito daquilo que acredito. Quem escreveu foi John Lennon, uma das pessoas que mais me inspira na vida por causa de seus ideais e crenças. Boa leitura para todos!









"Fizeram a gente acreditar"

"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.

Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.

Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar.
(John Lennon)

domingo, 1 de maio de 2011

Eu te amo

É ouvindo "A whiter shade of pale" que começo minha escrita de hoje. O notebook que geralmente uso para escrever está quebrado, então me vejo forçado a escrever em um outro computador com teclado duro, algumas teclas que custam a apresentar na tela a letra que digito, mas por você vale todo o esforço. Essa é também é a primeira vez que escrevo para você, pois hoje não quero escrever para uma "ela" que poderia ser qualquer pessoa, hoje eu quero escrever para você(*) Não é um texto de reconquista, não é um texto para dizer o quanto gosto de você, é um texto que quero que seja lido por você e interpretado da forma que você quiser, um texto sem rótulos.

Tudo começou com um olhar, um sorriso, com o som gostoso da sua risada a o branquinho dos seus dentes contornados pelos seus macios lábios. Foi assim que me apaixonei por você. Naquela tarde em algum dia de 2007 minha mente foi tomada por você. Mal podia imaginar que muito em breve você também transformaria meu peito em seu lar. Depois te vi me ensinar a dançar, te vi dançar, te vi aprender, te vi esperar, te vi cantar, reclamar, me senti abraçar, me senti esquentar, me senti chorar e me vi querer. Eu não conseguia entender, porque você não era o meu "perfil ideal", mas nossa...o amor é mesmo algo que não se explica. Você era doce, era madura, me tratava bem, me conquistava com sua voz e com cada gesto novo seu que eu descobria a cada novo dia que nascia. Engraçado pensar que um dia vendo você sentada em um banco e dizer uma frase que nunca esquecerei eu pensei comigo mesmo: "se tivesse uma chance, eu te mostraria o que é o amor". Entretanto, depois de tudo que vivemos quem de fato me mostrou o que é amar foi você(*) Pois, para mim era fácil amar você. Eu já te admirava, já babava cada vez que te via passar, já vivia lembrando daquele simples, mas....m.a.r.a.v.i.l.h.o.s.o. abraço que você me deu. Mas você sim, você me mostrou todo o seu verdadeiro amor quando mudou toda sua vida pra me ter ao seu lado. Você me amou quando viu sua vida tomar todo um novo rumo e mesmo assustada sentir que valia a pena. Eu penso que essa seja uma das maiores demonstrações de amor que alguém pode dar. E assim eu fui cada dia me apaixonando mais e também mudando minha vida cada dia mais, sempre para te traze um novo sorriso, um momento de alegria, um momento de amor e de paz. Quis te ajudar, quis estar ao seu lado, me reinventei como pude para sempre te ver feliz! Mas quem se reinventa corre o risco de errar, e assim eu errei:( Errei muito, mas tentei, pelo menos eu sei que tentei.

Você mudou minha vida! Eu era uma alpinista com todos os equipamentos, mas que tinha medo de começar a subir a montanha, mas você foi a mulher que a maioria dos grandes homens tinham e eu sempre quis ter. Você me ensinou a ter coragem, você me deu um motivo para subir aquela montanha e da forma mais incrível que uma grande menina podia fazer você me mostrou que eu era capaz e me colocou onde cheguei hoje. Sei que ainda posso ir muito mais longe, mas se não fosse por você e pelo cuidado e zelo que você tem comigo eu jamais chegaria onde estou. Nesse lugar, muito longe de onde comecei, tão longe que nem consigo mais ver onde meus passos me levariam de volta. Você foi um tornado que veio desconstruindo minhas fracas construções e me fez construir outras muita mais firmes e sólidas, ao mesmo tempo você foi a brisa que trouxe as sementes das mais belas flores para que essas nascessem em meu jardim e me fizessem lembrar a cada novo dia o quanto a vida era bela. Você foi aquela força que me fazia acreditar mesmo quando tudo era desfavorável, você foi a única pessoa que me mostrou que quando de fato acreditamos de todo nosso coração até as coisas impossíveis tornam-se possíveis. Você me mostrou que aquele ditado que diz que quando acaba o dinheiro o amor também acaba não passa de uma grande tolice, pois mesmo quando eu estava lutando para me reerguer e não podia te dar a vida que você merecia você ainda assim continuou ao meu lado. Você foi minha enfermeira, minha namorada, minha amiga, minha companheira, minha psicóloga, minha esposa, minha irmã e tudo mais que um homem precisa que uma menina seja em sua vida. Isso tudo que te escrevo é só para te dizer que por tudo que você fez para mim e que por tudo que você mudou em minha vida, eu jamais deixarei de amar você(*) Por tudo que você significa na minha vida, mesmo que por vezes eu possa me exaltar e dizer coisas das quais me arrependerei depois, na verdade eu nunca vou deixar de amar você. Você poderá contar sempre comigo, a qualquer hora do dia ou da noite, perto ou longe, não importando onde eu esteja eu sempre estarei ao seu lado. E para terminar, não se preocupe jamais em perder o amor que eu sinto por você, pois enquanto eu viver, e mesmo depois disso, onde quer que eu esteja meu coração ainda será seu. Para cuidar de você, para proteger você e para te ajudar a chegar onde quer que você queira.

Te amo e sempre te amarei!

sábado, 30 de abril de 2011

A queda

















Estou caindo. É como dizem: "do chão não passa." Mas e quando não há chão? Quando há somente queda não há conforto, não há esperança, não há fim, há apenas queda. E quanto mais se cai, mais fundo se chega, mais falta o ar, mais falta a luz. Estou caindo, em queda livre rumo ao nada. Uma queda solitária sem pára-quedas. Estou caindo no vazio que eu mesmo criei quando me matei no alto do prédio de onde me joguei.

Rima dos dias tristes














O sol se foi! É o que ouço gritar.
O sol se foi! É o que ouço em todo lugar.
E agora calor não há, luz não há.
Agora é mais triste o meu falar.
Cadê você que sabia tanto me amar?
Onde está você, para fazer de novo minha luz bilhar?

Agora é tudo escuro! É o que grita a multidão.
Agora não há luz em mim, habito na escuridão.
Peço a Deus em oração, que ele me tire dessa solidão.
Mas Deus parece não ouvir um mandrião.
Que por vezes não vive em retidão.
Sinto-me abandonado, na cova de um leão.
No meu teatro triste, esperando salvação.

Pai do céu, me acalme por favor.
Pelo menos essa noite, ouça firme o meu clamor.
E não me deixe mais assim, vivendo nessa dor.
E traga de volta para mim, dela o mais belo amor.

Voa passarinho (dor de amor)

Escrever é preciso. Há tantas coisas presas dentro de mim, tantos sentimentos que não se calam. Eles gritam, berram, e às vezes sussurram, mas o que quer que façam eles não me deixam em momento algum dormir ou esquecer de você. Não que eu queria, mas eu queria apenas que a dor parasse de doer. Queira ir na farmácia da esquina e comprar um remédio para curar essa dor tão forte que dói em meu peito. Dor que queima, que me faz querer chorar, que me leva pra você a todo momento de novo e de novo. Você que eu tanto amei, que eu tanto cuidei, para quem eu tanto me doei. Mas você é passarinho que não vive em gaiola, e chegou a hora de abrir as portas para que você possa voar, sem mim, sem minhas asas pra te protejer, sem meu bico pra te alimentar. Então voa passarinho, voa minha linda! Para cada batida de asa tua nesse céu sem fim mais uma pontada de dor sinto em meu coração. Dor de amor, é o que eles dizem. Dor que passa, é o que eles dizem. Mas se amar você for sentir essa dor cada vez que te vejo mais longe de mim, então prefiro viver doente a te esquecer. Voa passarinho, minhas portas continuam abertas para você. Voa passarinho, e volta, volta pra me curar, pois não há remédio que me cure, que não seja o teu amar.

As sementes


As estações passaram, passou o sol, a chuva, a seca e o florecer. Passaram luas e céus de azul e gris. Agora chegou a colheita e aqui estou, colhendo em dias belos os frutos amargos do meu próprio semear.
As sementes não eram perfeitas, mas eram boas, eram as melhores que podiam ser. Contudo, em barro que se fez para dar vida a plantas de inverno não adianta plantar sementes e desejar que elas sejam primavera.

sábado, 19 de março de 2011

De quantas mentiras é feita a vida?

Para alguns a vida nasceu a partir de um divino ato do Criador, para outros veio com asteróides trazendo os elementos básicos para seu início. A vida pode ser vivida várias vezes em corpos diferentes ou apenas uma vez em apenas um corpo, também pode ser a mais maravilhosa experiência ou a mais aterradora. Nossas próprias vidas podem ter começado num momento sublime, num momento carnal, dentro de um carro, em um quarto de motel, na casa de nossos pais, pode ter sido premeditada ou pode ter sido ao acaso. Assim é que a vida se inicia, a mais duradoura e difícil de todas as aventuras humanas.

Assim que começamos nossas vidas nesse planeta imenso, somos cercados de informação e idéias que por vezes se confundem com as nossas próprias, por vezes é até mesmo difícil saber se o que pensamos é de fato um pensamento nosso ou algo que foi sutilmente colocado ali seja lá por quem fosse. Se realmente somos aquilo que acreditamos ser ou se somos apenas uma cópia de todas as pessoas que cruzaram nossas vidas.
Então começamos a ouvir histórias que achamos lindas para depois termos a decepção de descobrir que elas nunca passaram de mentiras. Nos natais escrevemos cartas ou fazemos pedidos para um senhor barbudo que mora no Pólo Norte com a esperança de que ele nos traga presentes. Com essa tão linda história nasce a nossa primeira frustração ao acordarmos e percebermos que na árvore de natal a bicicleta não há, nem os vídeo games e as bonecas, parece que o bom velhinho esqueceu-se de nós e pela primeira vez nos sentimos rejeitados e esquecidos. Continua assim, natal após natal uma decepção após a outra até o dia em que descobrimos que o bom velhinho não mora no Pólo Norte, mas sim no Shopping mais próximo. Também descobrimos que ele pode até ouvir nossos pedidos, mas que na verdade quem os deve ouvir são os nossos pais, pois eles sim são os verdadeiros papais noéis. Nessa mentirinha cruel ser um bom menino ou boa menina é apenas metade da equação já que só podemos pedir aquilo que nossos pais podem nos dar. E para as crianças que não tem pai ou que tem famílias sem condições, Papai Noel é nada mais que mais um membro desse mundo cruel que sequer os olha e desde pequenos aprendem que não são parte da sociedade. Com essa lição também aprendemos ainda bem jovens que na vida muitas vezes merecer não significa que obteremos o que queremos, também aprendemos que é bonito e possível sonhar, porém é bom sonhar somente com aquilo que é tangível, caso contrário poderemos nos frustrar quando acordarmos de manhã e não vermos nossos sonhos realizados sob nossas árvores de natal. Papai Noel deixa de ser o bondoso velhinho do Pólo Norte e torna-se apenas uma forma leviana do mundo ganhar cada vez mais e mais dinheiro e o conto de natal passa a ser a verdadeira imagem de que para o mundo crianças e adultos são iguais quando o que vale de verdade é quantos zeros à direta existem na conta bancária daqueles que ganham com tudo isso. A primeira mentira se revela, mentira cruel e desonesta, mas necessária para fazermos bom uso dos nossos décimos terceiros. Ah..quase esqueci, no natal celebramos o nascimento de Jesus, mas Jesus não dá dinheiro e também nunca ouvi falar de um aniversário que se comemora numa data em que qualquer pessoa do mundo pode ter nascido, menos o próprio aniversariante. E como na vida desgraça pouca é bobagem, as mentiras podem até ter pernas curtas, mas por isso andam em bando! Então descobrimos também que coelho não bota ovo, que não nascemos de uma sementinha que papai colocou na barriguinha da mamãe nem que fomos trazidos por uma cegonha; descobrimos que o bichinho da televisão é só uma fantasia com uma pessoa dentro e que muitos de nós não somos tão bonitos quanto nossas mães nos disseram.

O tempo passa, a infância de ouro cada vez mais curta deixa seu lugar para a tão turbulenta e complicada adolescência e com ela vem mais uma cachoeira de mentiras, como se as que já tivemos na infância não tivessem sido suficientes. Apaixonamo-nos pela menininha ou menininho da escola e à esse alguém entregamos nossos corações. É verdade que muitos de nós crescemos em lares em que nossos pais já haviam há muito se separado, mas o mágico e maravilhoso sentimento do amor existe em nós, pois somos a geração que viu Branca de Neve ser acordada por um príncipe e com ele viver feliz para sempre, somos a geração que viu Shrek salvar a princesa e com ela formar uma família, somos a geração que viu casais enfrentarem tudo e terminarem juntos no último capítulo da Malhação, então é claro que nós saberemos bem melhor cultivar um amor, muito melhor do que nossos pais souberam. Compramos rosas com o dinheiro da mesada, damos uma carona para nossa amada em nossas bicicletas mágicas ao passo em que elas contam para suas amigas como estão apaixonadas. Começam então a surgir os subnicks no MSN e depoimentos no Orkut, as provas mais firmes e atuais de que um amor é verdadeiro e eterno. O único problema disso tudo é que a televisão que nos educou não estava lá para educar a vida e ela não sabe que o amor dura para sempre e exatamente neste momento, no momento em que cavalgamos no campo mais belo nosso cavalo tropeça e nos faz cair dele. Como num capricho da tristeza sobre a felicidade o relacionamento chega ao fim e com ele vêm as facas que laceram nossos corações e abrem feridas que jamais serão cicatrizadas, diferente da televisão nossa história não teve um final feliz, teve apenas um final. Faltou espaço, faltou tempo, faltaram caracteres sobrando para uma última palavra no nosso Twitter celestial e por isso a palavra “final” não pode ser acompanhada de “feliz”. É a mão mágica da vida que nos deu o mesmo fim que deu a nossos pais, porque precisamos nos lembrar daquela lição que aprendemos ainda bem jovens, que ser merecedor é apenas metade da equação e que quando somos adultos ser merecedor na verdade não quer dizer nada. Descobrimos que talvez nossos pais não tenham sido tão levianos um com o outro, apenas talvez não exista esse amor tão sublime que somos feitos acreditar. E assim, de forma cruel e impiedosa descobrimos que a eternidade do amor talvez não passe de uma simples fala escrita por algum poeta ou de uma mera formalidade no ato do casamento. Talvez “amor” e “eterno” jamais deveriam ter sido colocados na mesma frase e assim mais uma mentira, ou devo chamar de imprecisa verdade vem à tona.
Mas talvez a vida seja mesma feita disso, de muitas verdades e muitas mentiras, mentiras essas que estão aqui para que nós possamos acreditar no inacreditável e de certa forma termos alguma esperança no futuro, uma forma de nos fazer parar de olhar para aquilo que nos fere e limita e olharmos para um horizonte tão intangível quanto aquele que vemos no mar. Talvez ainda, não deixem de ser como nosso grande amigo Papai Noel, uma grande mentira com o único objetivo de nos deixar cada vez mais pobres.

Eu, que tenho apenas 26 anos e quero ainda por muito viver me pergunto quantas mentiras ainda irei descobrir até o fim da minha vida e quantas lágrimas ainda vou chorar. Aos 26 anos eu me pergunto: de quantas mentiras é feita a vida?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mais uma vez...amor

Ontem assistindo a novela Ti Ti Ti ouvi uma frase que muito me chamou atenção, a frase foi dita por Marcela, personagem vivida por Isis Valverde. A frase que ela disse foi essa, simples, porém muito verdadeira: amor não é merecimento. Parei um pouco e pensei sobre aquilo que havia acabado ouvir e cheguei à conclusão de que de fato a frase faz muito sentido, pois muitas vezes amamos pessoas que não merecem nosso amor ou também somos amados por pessoas pelas quais não fazemos nada para sermos merecedores de tal sentimento. É algo que já havia até mesmo comentado aqui, que na verdade o amor não precisa de razão para existir, ele simplesmente existe.
Creio que por essa razão tantas pessoas saiam tão tristes ao fim de uma relação (posso me incluir nesse grupo), pois pensam que se doando e dando razões para serem amadas irão eventualmente receber o amor da pessoa para a qual se dedicam, contudo gratidão e amor são duas coisas bem diferentes. A gratidão precisa de gestos para existir, só é possível ser grato a alguém se esse alguém te faz algo, já o amor existe independente de qualquer coisa. Ele é um sentimento tão maior e tão incompreendido que acha razões onde a razão por sua vez pode não ver razão alguma. É nessas horas que nos perguntamos por que não conseguimos esquecer tal pessoa ou até mesmo ouvimos que quando nos lembramos do passado temos a tendência de apagar o que foi ruim e lembrar com nostalgia e romantismo somente dos momentos bons, mas creio que na verdade isso tudo seja apenas um “truque” do amor. Ele existe por si só e talvez não exista nada de ruim que uma pessoa possa fazer ao ponto de matar o amor eu existe por ela, talvez possamos sentir mágoa, desconfiança e com nossas mentes tentar bloquear o amor que sentimos pela pessoa em questão, mas o amor em si jamais deixará de existir.
Penso que o amor seja um sentimento tão maior e tão superior a capacidade humana que ele sempre será um mistério para nós e jamais saibamos por que ele existe, quanto tempo dura ou do que ele é feito.
Acho que a nós cabe apenas entender que o amor pode até não ser merecimento, mas isso não nos dá o direito de maltratar quem nos ama, tampouco devemos deixar que outros sentimentos como orgulho ou egoísmo estejam acima do amor porque por amor tudo aquilo que não fere outro ser humano é válido.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Prazo de validade

Certo dia em uma conversa familiar minha mãe me disse que tempos atrás os produtos não possuíam prazo de validade estampado na embalagem, a única forma de saber se algo ainda estava em condições próprias para o consumo era vendo se a embalagem estava estufada ou pelo cheiro. O tempo foi passando, o mundo evolui e alguém sensato percebeu que seria muito útil para os consumidores saberem até que data algo poderia ser consumido e hoje podemos ver que todas as embalagens trazem essa informação.
Hoje em dia no mundo em que vivemos existe uma grande “coisificação” de pessoas e sentimentos e o prazo de validade estendeu-se também a elas e eles. Hoje parte dos relacionamentos tem um prazo de validade estampado já no ato do seu início, visto que pessoas se envolvem com outras por vários fatores, mas poucas vezes por amor. Pode ser porque são atraentes, porque tem dinheiro, porque precisam de sexo, para curar a solidão, porque querem acreditar que dará certo; é assim que muitos relacionamentos começam. É verdade que essa coisa de amor a primeira vista pode até existir, mas de forma geral no início de uma relação o que chama atenção no outro pode ser alguma outra coisa, mas não é amor de cara. Contudo, o problema é quando mesmo depois de certo tempo de envolvimento o casal não se envolve de forma completa porque sabe que aquilo é apenas uma curtição de momento, ou então um relacionamento que irá durar apenas até a chegada do carnaval, porque no carnaval é preciso estar solteiro para aproveitar a pegação.
Nos tempos de hoje os efeitos são especiais, os tweets e posts no Facebook são superficiais, os personagens dos desenhos no cinema são digitais e por fim o “amor” deixou de ser um sentimento e virou apenas uma palavra tão superficial quanto sua definição.
Nos anos dois mil amar não é preciso, pois amar é entregar sua vida à outra pessoa e nos tempos de hoje não podemos confiar nem em nossas próprias sombras. É preciso antes de tudo que nos formemos, que façamos nossas pós-graduações, que tenhamos ótimos empregos, que compremos nossos carros, que tenhamos nossas casas, que façamos nossas viagens, ou seja, que vivamos os melhores dias de nossas vidas da forma mais intensa possível só para nós mesmos e aí sim quando já estivermos cansados de tanta badalação poderemos entregar o resto de nossos dias para alguém. E esse alguém não precisa ser alguém especial, basta ser uma pessoa para preencher o vazio que a solidão eventualmente trará. Amor? Para que amor? Só é preciso sexo e uma pessoa para fazer companhia, sem apego emocional ou entrega em demasia, já que romantismo demais enjoa.
Os verbos hoje se conjugam na primeira pessoa do singular, EU sempre será muito mais importante do que VOCÊ! E que tal nosso, nossa, nossos, nossas? Ledo engano achar que ainda haja espaço para tais pronomes em uma frase, eles simplesmente tiveram seu lugar roubados pelo minha, meu, sua, seu.
É a grande evolução das espécies, como foi estudada pelo grandíssimo Charles Darwin. Somente os animais mais adaptados ao seu meio sobrevivem, e assim nós seres-humanos tivemos que nos adaptar e muito mais que praticar de fato viver o egoísmo e o egocentrismo para sobrevivermos nesse mundo.
Para aqueles que não se adaptarem não lhes caberá a morte física, entretanto poderão enfrentar a morte de seus espíritos ao passo que o mundo lá fora muda e se não mudarmos também somos antiquados, somos esquecidos. Pobre é o amor, que por viver na união entre duas pessoas não encontra mais nesse mundo individualista espaço para se fazer existir. Seu prazo de validade? Não há. Não porque durará para sempre, mas talvez por jamais saber o que é existir.

terça-feira, 15 de março de 2011

Eu gosto da chuva

Fascina-me olhar para o alto e ver bem baixinho as nuvens cinzas carregadas de chuva, é muito bonito pode ver esse contraste tão bruto entre o azul e o cinza quase negro que pouco a pouco toma conta de todo céu.
Gosto também de sentir aquele típico cheiro de terra molhada, ou de cimento molhado mesmo que sempre chega antes da chuva propriamente dita.
Gosto de ouvir e também de sentir na pele os primeiros pingos, de ouvir separadamente o som que cada um faz ao tocar o solo ou ao tocar as folhas de uma árvore antes de darem lugar ao som dos vários pingos caindo de uma só vez produzindo apenas um som contínuo.
Quando vejo a chuva caindo gosto de me sentar na varanda e admirá-la. Não é nada mais do que água, ao mesmo tempo em que não é nada menos do que água.
Gosto de ouvir os trovões e ver o céu se iluminar a cada relâmpago. Gosto ver os raios traçarem seu rumo em direção ao solo quando o céu está tomado pela noite.
Gosto da chuva, pois ela me traz paz. É como se houvesse uma grande limpeza no céu, então a chuva é sempre sinal de que tempos bons estão por vir.
Gosto da chuva, pois ela é simples e ao mesmo tempo poderosa
Gosto da chuva, pois ela acalma e faz sonhar.
Gosto da chuva sem razão nem porquê, simplesmente gosto.
A cada visita que ela queira me fazer, sempre será bem vinda.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O jardim das rosas cor-de-rosa

Pedro era um rapazinho de apenas quatorze anos que vivia seu primeiro amor. Ele estava apaixonado por uma menina chamada Naiara, uma bela menina de cabelos negros e olhos verdes que ele conhecera na escola. Ela tinha treze anos e para ela Pedro também era seu primeiro amor. O jovem rapaz era um dos melhores alunos de sua classe e tinha um futuro promissor esperando por ele.

Certo dia ao voltar da escola Pedro teve que assar na casa de sua avó para fazer um favor para sua mãe, ao chegar lá ele conversou um pouco como sua avó e perguntou para ela porque o amor sendo um sentimento tão belo e tão importante na vida das pessoas ainda assim morria. A avó do menino então perguntou se ele acreditava nos sonhos e ele respondeu que sim, então ela disse que a resposta para aquela pergunta dele seria vista em um sonho que ele teria. O menino deixou a casa de sua avó e voltou para sua casa, um percurso curto que levou no máximo dez minutos. Daquela noite em diante o menino sempre ia para cama com a esperança de que teria o sonho falado por sua avó. Os dias foram se passando e com ele vinham também as noites, até que quatorze dias depois da vista a casa de sua avó, no mesmo dia em que ele e Naiara completaram três meses de namoro juntos, o menino ao adormecer teve um sonho muito diferente.

De repente ele se viu em um campo imenso, todo chão era tomado por um lindo e perfeito gramado, a sua direita havia uma grande casa e ao lado direito da casa um vasto jardim de rosas cor-de-rosa. Pedro começou a caminhar em direção ao jardim e cada vez que chegava mais perto dele ele se impressionava com o seu tamanho e com o fato de algumas rosas estarem lindas e outras estarem apenas na forma de botões, ao mesmo tempo outras estavam praticamente mortas e secas. Ao chegar bem próximo ao jardim Pedro ficou estupefato com o tamanho dele. Havia fileiras de rosas que se estendiam para além do horizonte, do mesmo modo havia tantas fileiras que ao olhar para sua esquerda o jovem rapaz não conseguia ver um fim, era como se ele estivesse em meio a um oceano de rosas. O aroma das rosas encantava o menino e este encanto fez com que ele começasse a andar por dentro do jardim, tocando com suas mãos algumas das rosas ele podia ver e sentir claramente a diferença entre elas. Algumas eram vívidas e lindas, tinham pétalas largas e exalavam um aroma maravilhoso; por outro lado algumas estavam secas e outras eram apenas pequenos botões que esperavam sua vez de desabrochar. O jovem rapaz não entendia como era possível em uma mesma estação algumas rosas já estarem mortas ao passo que outras nem haviam desabrochado. Ele então sentou na terra entre duas fileiras onde podia ver claramente uma rosa linda, uma seca e uma ainda botão. Ele começou a tocá-las e se perguntou por que elas eram daquela forma. Após cerca de um minuto um senhor de barba e vestes brancas tocou o ombro esquerdo de Pedro e sentou-se ao lado dele, os dois então naquele momento começaram a conversar:

-Olá meu senhor! Quem é você? Você mora aqui?
-Olá Pedro! Não interessa saber quem sou, não é por essa razão que está aqui; e sim, eu moro aqui. Moro naquela casa que está a esquerda desse jardim.
-É o senhor quem toma conta desse jardim?
-Não, eu apenas planto as sementes, mas cada um cuida de sua própria rosa.
-Como assim cada um? Eu ainda não vi ninguém aqui, só tem eu aqui.
-Você não viu porque estava impressionado com a grandeza do jardim, mas fique de pé e olhe ao seu redor. Você irá ver que existem algumas pessoas aqui cuidando de suas rosas.

O menino então se colocou de pé e ao olhar para todos os lados viu que de fato algumas pessoas estavam ali cuidando de suas rosas, ele pode ver velhas senhoras, alguns senhores também, até mesmo algumas crianças e também muitas mulheres que pareciam mães. Pedro então se sentou mais uma vez ao lado esquerdo do senhor de barba branca e eles continuaram a conversar:

-É verdade, agora sim posso ver. Existem muitas pessoas aqui, mas eu vejo muito mais rosas do que pessoas.
-Eu sei, é triste, mas é a verdade. Posso te levar para um passeio, Pedro?
-Claro.
-Está certo, irei te levar para outro jardim, não tão belo como esse, mas muito populoso, você irá ver com seus próprios olhos. Não é muito longe daqui, na verdade é o jardim do meu vizinho.

O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e pediu que ele fechasse seus olhos, o senhor então contou somente até um e pediu que o jovem rapaz abrisse seus olhos novamente. Ao abrir, eles estavam em outro jardim, o jardim dos copos vazios.

-Nossa, senhor que jardim é esse? Porque tantos copos aqui? Não sabia que era possível plantar copos.
-De fato não é possível se plantar copos, mas as pessoas acreditam tanto que seja possível que os copos de fato nascem.
-Por favor, explique-me. Eu vejo tantas pessoas aqui, muito mais que no jardim das rosas, sendo que aqui o aroma não é o mesmo de lá, e eu vejo pessoas colocando coisas dentro dos copos, o que elas colocam?
-De fato esse jardim é muito procurado, você pode olhar ao seu redor e verá que para cada copo existe uma pessoa e vou te contar algo ainda mais interessante. Se você somar o número de pessoas daqui mais o número de pessoas em meu jardim você terá o número exato de rosas que tenho em meu jardim. Cada pessoa aqui coloca em seu copo algum desejo passageiro, alguma vontade vazia, algo que eles pensam que lhes trará felicidade. Mas pare e olhe os copos ao seu redor, você vê algo dentro deles?
-Não, não vejo nada. Onde está tudo que eles colocam?
-É por isso que esse jardim é chamado de jardim dos copos vazios, pois os desejos que eles aqui colocam são tão vazios quanto os próprios copos onde os colocam. Mas sente-se e olhe para o chão ao seu redor. Verá que todo desejo se encontra aqui, no chão.

O jovem rapaz olhou e viu que de fato no chão de tudo podia se encontrar, todo tipo de desejo lá estava. Alguns sujos, empoeirados, mas estavam todos lá largados no chão.
O senhor então pegou a mão de Pedro de novo e disse:

-Filho, feche os olhos, esse lugar não é para você, vou te levar de volta para meu jardim.

Pedro fechou os olhos e ao abri-los mais uma vez ele viu que estava no jardim das rosas cor-de-rosa novamente. O senhor de barba branca sentou-se com ele no chão mais uma vez e começou a explicá-lo:

-Este jardim é tão imenso porque existe uma rosa para cada alma que habita a terra e essas rosas são nada menos que o amor que cada um tem dentro de seu coração. Como você pode ver, algumas rosas estão lindas enquanto outras estão murchas, secas, ou ainda são botões. As murchas e secas são exatamente as rosas daquelas pessoas que estão no jardim dos copos vazios, ou então rosas de pessoas que vem aqui, mas não sabem cuidar bem delas.
-Como faço para cuidar bem de minha rosa?
-Não é uma tarefa complicada. Primeiro você deve acreditar que sua rosa existe, esse é o fator principal, caso contrário você jamais irá encontrá-la na imensidão desse jardim. Depois, você precisa dar a ela seu tempo, sua atenção, você precisa conversar com ela, ouvir o que ela tem para te dizer. Você precisa ser paciente com ela, precisa estar com ela sempre, precisa tratá-la bem e mostrar para ela que ela e importante em sua vida. Dessa forma sua rosa ficará cada vez mais bela.
-Mas senhor, e essas rosas que estão secas, elas não podem mais voltar a ficarem belas?
-Pedro, você vê aquele relógio no alto do céu?
-Sim, eu vejo. Mas porque ele só tem um ponteiro que aponta para o número zero?
-Porque nunca é cedo nem tarde demais para cuidar de uma rosa. Por mais que elas pareçam secas ou mortas, elas estão apenas tristes, mas ainda querem viver. Agora já é quase hora de você voltar para casa, pois em breve mais um dia irá nascer, mas antes quero te mostrar algo. Acompanhe-me.

O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e caminhou com ele alguns metros até que parou perto de uma rosa e começou mais uma vez a falar com o jovem moço.

-Olhe Pedro, consegue ver essa rosa?
-Nossa, consigo sim, ela é linda!
-Meu amigo, esta é a sua rosa. Há tempos ela era apenas um botão frágil e singelo, mas você Pedro, é um visitante que está em meu jardim todos os dias. Sempre posso vê-lo cuidando de sua rosa e isso muito me agrada.
-Nossa, mas eu não me lembro de jamais ter estado aqui.
-Mas você já esteve, muitas vezes, você apenas não se lembra. Mas fique tranqüilo, pois aqueles que visitam meu jardim não se lembram de suas visitas, este aqui é outro mundo, então é normal que isso aconteça. Apenas continue sendo este rapaz amoroso com sua família, com sua namorada, com seus amigos e como todo o resto, dessa forma sua flor será tão bela como tantas outras que você vê aqui. Mesmo que um dia você se sinta ferido, triste ou magoado, se você quiser chorar, derrame suas lágrimas aqui neste jardim e sua rosa por estar linda e forte irá curá-lo. Agora me de sua mão e feche seus olhos novamente.

O menino fechou os olhos e após alguns instantes ouviu um som eletrônico que tocava perto de onde estava, era seu celular o avisando que estava na hora de acordar para ir à escola. O menino acordou fascinado pelo sonho que teve e passou o dia todo se lembrando dele e ao sair da escola ele avisou sua mãe que iria passar na casa da avó dele. Ao chegar lá, sua avó pode ver que ele tinha um brilho diferente no olhar e parecia extasiado, ela então o perguntou:

-Porque esta tão feliz meu filho, aconteceu algo?
-Sim vovó, eu tive o sozinho que você me disse!
-Não é lindo o jardim?
-Sim, é maravilhoso! Mas como você sabia da existência dele?
-Da mesma forma que você soube. Eu o vi através de um sonho e desde então jamais deixei de visitá-lo.
-A senhora também viu o jardim dos copos?
-Vi sim, conheço bem aquele jardim, há muito tempo havia um copo lá com meu nome, mas agora não mais há. Pelo contrário, agora existe uma belíssima rosa que é minha e faço questão de cuidar muito bem dela.

Após a conversa com sua avó Pedro voltou para casa leve e feliz. Com o tempo ele se esqueceu do sonho, mas a mesma rosa que havia no jardim também estava plantada no coração de Pedro e esta fez com que ele jamais deixasse de sentir o mais belo de todos os sentimentos e por toda sua vida jamais houve um copo com o nome de Pedro escrito nele no jardim dos copos vazios.