Varuk era o único filho de Universo, o deus de todos os deuses. Varuk fora criado para cuidar de todos os seres viventes de todos os planetas, enquanto que Universo era responsável pelos planetas, estrelas e todo corpo celeste.
Varuk possuía vários ajudantes chamados Azuis e cada um era responsável por um sentimento; alegria, felicidade, saudade, satisfação, prazer, entre outros. Dentre todos os Azuis, havia um que Varuk mais achava especial e por isso o tinha em posição primordial em relação aos outros, seu nome era Ranier e ele era o grande Azul do amor.
Toda noite Ranier visitava os lares de todos os seres de todos os planetas e enchia o coração deles com amor, nas noites seguintes ele mais uma vez os visitava para certificar-se de que nada havia se perdido e que o amor ainda estava lá.
Certa noite ao visitar o planeta Terra Ranier se deparou no quarto de uma bela jovem e encantou-se por ela. Ela tinha 18 anos, pele morena, tinha cabelos curtos cacheados e era linda no mais puro sentido de sua existência. Ranier de imediato se apaixonou por ela e por isso foi incapaz de colocar no coração da jovem o amor que deveria. Ele então voltou ao Céu e decidiu que na noite seguinte voltaria ao quarto da menina e plantaria no coração dela amor por ele próprio, sendo assim na noite seguinte ele o fez e nada disse para Varuk.
Para encontrar sua amada durante o dia Ranier precisava deixar suas asas no Céu e assumir uma imagem mortal para ser semelhante a jovem, para isso ele contava com ajuda de outros Azuis para levá-lo e buscá-lo na Terra.
Tudo corria bem e Ranier e a moça já romanceavam por dois anos, até que um dia Varuk precisou de todos seus Azuis em emergência e no frenesi do momento Ranier foi esquecido na Terra. Durante a reuniao Varuk percebeu a ausência de Ranier e questionou o Azul da verdade sobre o que estava acontecendo e este contou tudo sobre o Azul do amor.
Ao saber de toda historia Varuk em muito desagradou-se e pediu que algum Azul trouxesse Ranier de volta ao Céu. Ao chegar lá, frente a frente com Varuk, que mostrava em sua face todo seu descontentamento e ira, Ranier foi condenado a passar o resto de sua existência amando a jovem como sua única e verdadeiro amor, mas em jamais poder receber o amor dela. Foi condenado também a falar e escrever sobre o amor pelos quatro cantos do mundo, deixando assim de ser o Azul do amor e tornando-se o Azul da poesia.
Triste e apaixonado, Ranier por vezes não suporta a dor que carrega em seu peito e então visita lares de homens e mulheres e deixa com eles partes de sua condenação na esperança de pouco a pouco se ver livre de sua pena. É dessa forma que nascem os poetas, mortais que carregam em si um pouco da dor de Ranier, condenados a escreverem e viverem em amor, mas quase nunca serem presenteados com ele.
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