Em algum lugar acima das nuvens, além de onde a vista alcança, lá Deus está. Sentado, de cabeça baixa, seus dedos entrelaçados em seus cabelos e em seu semblante a face da tristeza. O Todo poderoso, o onipotente, o oniciente cometeu um erro e agora carrega em suas costas o peso da dor de vários dos seus. O peso da cruz que seu filho carregara parece uma pena quando comparado ao peso de tantas almas em prantos que buscam alento nos ombros de Deus.
Ao final do quinto dia pensou que de tudo ele era possível e que tudo seria bom, mas se enganou e no alto de sua auto confiança criou o homem, um sonho de algo que seria lindo e a realidade de algo que se tornou repudioso. O declínio da raça continuou e o peso e a tristeza nos ombros do todo poderoso cresceu, pois agora além de seu próprio arrependimento ele carrega também os clamores daqueles que pedem noite após noite a ajuda dele para superar mais um dia nesse calvário em meio a tantas barbaridades e decepções. Deus sente o peso de ter criado a raça e também o peso de ver os poucos que deram certo serem oprimidos por tantos outros que deram errado. Deus com a palavra criou o mundo e a deu de presente para o homem, que quanto mais sábio fica mais sabe usá-la para ferir outros homens e assim tornar o mundo um lugar pior de se viver.
Confesso, Deus, que sim, por vezes senti e aindo sinto raiva de você por ter me dado a vida e me deixar nessa arena em meio aos leões sem você jamais ter me ensinado a lutar, mas também te perdoo, pois talvez você, o real Deus, seja bem menos deus e bem mais homem. A tristeza que carrego é apenas pelo fato do seu erro ter causado tanta dor a tantos de nós. Seu erro não machucou apenas alguns indivíduos por algum tempo, mas toda uma raça por todo tempo em que ela existir.
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