quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Se

Se eu fosse uma história famosa eu seria Romeu e você Julieta
Se eu fosse um filme eu seria Forrest Gump e você Jenny
Se eu fosse um desenho animado eu seria Doug e você Paty Maionese
Se eu fosse uma música eu seria o amante à moda antiga e você minha querida namorada
Se eu fosse um super-herói seria o Homem-aranha e você Mary Jane
Se eu fosse uma comida eu seria o queijo e você a goiabada
Se eu fosse uma bebida eu seria o café e você o leite
Se eu fosse um astro eu seria o sol e você a lua
Se eu fosse um príncipe você seria uma princesa
Se eu fosse rei você seria a rainha
Se eu fosse um jardim você seria as flores
Se eu fosse um suspiro você seria a razão dele existir
Se eu fosse um sonho você seria a imagem
Se eu fosse um coração você seria o que o faz bater
Mas Deus quis que eu fosse simplesmente Rafael...
E você fosse extraordinariamente...minha linda!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Quero me apaixonar


Quero mais uma vez sentir o gosto do primeiro beijo.
Quero mais uma vez me dedicar a aprender a forma certa de beijar você.
Quero sentir aquele frio na barriga quando tirar o carro da garagem para nosso primeiro encontro.
Quero ficar com cara de bobo e sentir meu coração acelerar quando você sorrir pra mim.
Quero andar de mãos dadas com você e sentir que naquele momento você é minha.
Quero ao seu lado acreditar que dessa vez vá durar para sempre.
Quero fazer você se encantar com meu jeito bobo de ser.
Quero olhar nos seus olhos e me perder dentro deles.
Quero sentir o toque de sua pele e o aroma de rosas em seu pescoço.
Quero te esperar no portão de sua casa e ver-te saindo de lá linda como nunca vira outra alguma.
Quero esquecer-me das horas enquanto ao seu lado seu amor toma conta de mim.
Quero me apaixonar por você, quero entregar-me pra você, quero fazer planos com você.
Quero viver com você o que jamais vivi.
Quero ser com você o que jamais fui.
Quero ter com você o que jamais tive.
Tudo o que quero nesse Natal....
...é me apaixonar de novo!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

The house of emptiness


Once I lived in a house full of people, everywhere I looked I could see somebody drinking, singing, dancing, telling jokes; in that house I never felt alone. Whenever I needed to cry I had a friendly shoulder, when I wanted to go out I always had someone to go with me, when I wanted to rest I had someone to be my pillow and blanket. I was very happy in that house, living with all those people making my life better with their smiles and voices, they never let me feel the heavy weight of time.
Suddenly, on a night when I was out working I got a phone call and nobody in my house liked what I said, it was a simple and innocent sentence, but for some reason everybody who lived there decided to pack and leave me. When I arrived back home there was no homecoming party, there was no one waiting for me at the door, no balloons to celebrate the happiness of my presence. All I saw was a huge dark space, empty and full of sadness at the same time. The only light in it was the moon that somehow could maker her way through the curtains of my living room. On the floor there were many objects that the guests of that house had left there, I could find all the sort of things from a pencil to a love note.
I decided to clean that all and told myself that I needed no one to make me feel as good as I was in the past, I could be responsible for my own happiness and kill that feeling of loneliness that was taking over me. I opened all the windows, cleaned all the memories, but light simply refused to enter in my house again. I could see birds flying and leaves dancing by the breeze, I could see beautiful blue skies and clouds made of cotton, but whenever I turned my head back and looked at my house it was all covered with darkness and filled with loneliness.
I felt alone, I had nowhere to go, nobody to talk to, nobody to gift, it was just me. One more night came and I noticed something on the floor, it really called my attention so I went there to check what it was. I could see the border of something which seemed to be a picture, I took it with my hands and before seeing the whole image I could remember that it was a picture that I had taken with all the people in the house on a happy night. Still before seeing the complete picture my mind was filled with the memories from that moment, I had everybody on my both sides smiling and posing for the camera, that was a great moment! But when I looked at the picture I had the most astonishing surprise of my life! Instead of seeing lots of people beside me I saw just one, just one tiny brunette girl on my right. She had a smile which seemed to be created by angels, she had hair like clouds blown by the winds and she had a heart that held nothing but just the most pure and endless love. That was the moment that I realized that my house has never had lots of people living in it, it was just me and this girl, a girl who in fact meant everything in my life. Now that she is gone the only thing that I still find in my house is hope, all the rest is gone with her, all the rest is her.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O poder de uma escolha

woods

Quantos de vocês já pararam em algum momento do dia e se perguntaram quantas escolhas você já tinha feito até então?  Digo escolhas simples como que camisa usar, atender ou não o telefone, qual shampoo comprar, atravessar ou não a rua naquele momento, entre outras tantas que fazemos durante o dia. É certo que nenhum de nós parou para contar, algo que creio ser impossível e nos dias de hoje ninguém tem tempo para fazer uma coisa idiota dessas, mas de fato creio que são muitas as escolhas que fazemos diariamente e uma escolha pode sim mudar tudo. O efeito borboleta (refiro-me a teoria, não ao filme) é justamente sobre isso, que um simples e pequeno ato poder tornar-se algo grandioso e aparentemente sem conexão alguma com o que foi feito antes, mas se pararmos para pensar isto faz todo sentido. Basta olharmos para trás e vermos quantas escolhas fizemos para chegar onde estamos hoje, assustador pensar que se apenas uma delas tivesse sido tomada de outra forma nossas vidas poderiam estar completamente diferente. Por vezes paro para me perguntar se todas essas escolhas são obras do acaso ou se há algo ou alguém maior regendo tudo isso porque são milhões de variáveis numa equação que tem somente um resultado, a nossa vida presente. Talvez a escolha mais importante que fiz em minha vida foi ter decidido aprender inglês. Lembro-me como se fosse ontem (na verdade foi a nove anos) eu sentado em um sofá verde com a lista telefônica na mão procurando um curso de inglês.  Graças a essa escolha minha, hoje tenho um bom emprego, um carro, grandes possibilidades de crescimento, tive uma namorada e com certeza minha futura esposa e família virão dessa escolha que fiz por querer falar inglês. É logico que fiz outras várias depois dessa, mas creio que essa foi minha escolha principal, a maior de todas elas. Se as escolhas tem de fato tanto poder em nossas vidas então por que será que por vezes acabamos tomando nossas decisões de formas tão levianas? Talvez porque sejamos humanos e não iremos parar e consultar todo nosso arquivo de erros e acertos antes de comprar um garfo com acabamento de madeira ou simples, ou talvez porque quando olhadas de forma reversa as escolhas parecem assumir grande importância, mas vividas no dia-a-dia elas não passam de apenas mais um ingrediente nessa farofa nossa que é a vida. O que sei, é que se cada escolha nossa pode de fato mudar todo o nosso futuro então sempre escolherei por meus próprios sentidos, pois afinal de contas quem colherá os frutos será  apenas eu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Navegantes

Icem suas velas e rumemos ao horizonte, em mares bravios ou calmos, em céus azuis e cinza, deixemos o vento soprar em nossas velas e rumemos em direção ao nosso objetivo. É como diziam nossos colonizadores, ”navegar é preciso, viver não é preciso”. Mas que objetivo é esse para onde navegamos? Creio que todos nós buscamos amor, dinheiro, um bom emprego, passar bem pelos estudos, mas creio que o que de verdade queremos na vida são certezas. É do ser–humano aventurar-se, contudo creio que todos nós, mesmo aqueles que dizem viver apenas o momento (posso me incluir neste grupo) ainda assim buscam alguma certeza na vida, mesmo que seja apenas uma.
Essa busca por certezas parece um parasita maldoso que nos transforma em hospedeiro e nos segue onde quer que estejamos, sempre sugando um pouco de nossas energias e pior ainda tentando tirar nossas esperanças, tentando tirar de nós aquele pequeno esforço a mais que teríamos se tivéssemos esse “detalhe” chamado certeza. A mais cruel de todas as companheiras, o mais triste dos dilemas.
Mas me pergunto se a busca frenética e incessante por certezas é algo que está nas raízes da raça humana ou se é algo que se desenvolveu com a evolução da humanidade na nossa tentativa de racionalizar e entender todos os mistérios da vida. Queremos entender desde a mente feminina à formação do universo, queremos entender sentimentos como se as coisas do coração fossem matemática e não poesia. Se a resposta para essa pergunta for que nós mesmos criamos a busca por certezas então será que não podemos apenas apontar nossas bússolas para o passado e voltar aos tempos em que vivíamos apenas um dia após o outro? Talvez assim nossas vidas fossem mais simples e nós seríamos mais felizes, contudo penso que nos dias de hoje não buscar certezas é o mesmo que não respirar, pois somos parte de um mecanismo onde somos apenas uma pequena peça e não há nada que possamos fazer para que todo o resto mude.
Penso que só o que nos resta é tentar sermos felizes com aquilo que temos e lutar enquanto somos capazes para tornar nossas incertezas realidades, e no meio do caminho o que devemos fazer é executar a simples e ao mesmo tempo difícil tarefa de acreditar.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um post para Deus


Como pode alguém ainda questionar ou até mesmo duvidar da existência de Deus? Não sou nenhum desses fanáticos religiosos que matam e criam guerras usando a religião como artifício e respeito a opinião daqueles que são ateus, mas me pergunto como ainda é possível existirem pessoas que não sintam o poder de Deus em suas vidas.
Eu, nessa minha vida que ano que vem completará vinte e sete anos passei por alguns momentos em que o Divino se fez muito presente e é por isso que hoje estou aqui escrevendo, pois me sinto quase que na obrigação de falar sobre Ele.
Algumas pessoas gostam de pensar que tem o controle e o poder de tudo em suas próprias mãos, que tudo depende apenas de seu esforço e que elas estão acima de qualquer obstáculo. Pois bem, creio que existam algumas pessoas que de fato constroem impérios riquíssimos frutos de muita inteligência e ambição, contudo o verdadeiro império é aquele que você constrói com as bênçãos dos céus.
Passei por um momento muito difícil em minha vida, com segurança digo a vocês que foi o momento mais difícil de todos, quando inclusive cheguei a questionar os planos de Deus para min, como pode ser visto no texto Heaven Corporation postado aqui neste blog, e foi nesse momento de extrema dificuldade que vi como vazia e desorientada ficou minha vida no momento em que passei a me “guiar” sozinho nessa aventura chamada vida. Afastei-me um pouco de Deus e as coisas começaram a não dar mais certo, eu era triste, estava mudado, diferente, já não era mais o mesmo Rafael que eu conhecia e aquilo me assustou! Foi assim até que em uma noite eu percebi que aquela vida só iria me levar à ruína, então decidi voltar a andar de mãos dadas com Deus não apenas para conseguir a benção que eu tanto espero e ainda creio que será minha, mas para encontrar a paz que havia perdido e a certeza de que com Ele eu estaria no caminho certo. E foi assim que tudo aconteceu, pouco depois de dobrar meus joelhos fui preenchido com Sua paz e uma enorme esperança em crer naquilo que parecia tão impossível tomou conta de mim então orei e pedi para Ele que realizasse aquela obra que eu tanto queria. Busquei a absolvição dEle, busquei mais uma vez andar em Seus caminhos e como um bom pai o Espírito Santo me presenteou com o mais belo e esperado dos presentes. Encheu meu peito mais uma vez de paz, me colocou no caminho da retidão, me faz mais uma vez valorizar as coisas dEle e não do mundo e encheu meu peito de vontade de falar sobre Ele.
Esse meu post foi dedicado exclusivamente a Ele, o nosso pai maior que lá de cima nos olha e toma conta de todos nós, mesmo quando pensamos que Ele nos esqueceu.
Acreditem meus amigos, acreditem, pois a vitória é muito mais saborosa e de fato verdadeira quando abençoada por aquele que nos deu a vida e enviou Seu único filho para morrer por mim, por você e por cada um de nós.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sete pecados



Desde que li pela primeira vez o livro “O retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde fiquei fascinado com a idéia de termos um quadro nosso que envelhecesse, adoecesse, morresse e se putrefizesse enquanto nós continuaríamos jovens e saudáveis, desde que não destruíssemos o dito quadro. Da mesma forma, o quadro de Dorian Gray mostrava os pecados que ele havia cometido em sua vida e este foi outro pensamento que me ocorreu em vários momentos de minha vida.
Por vezes fico imaginando o que veria se tivesse um quadro como esse, imaginando o que veria em minhas mãos, quantas rugas e cicatrizes haveria em meu rosto e corpo, queria ver meu olhar, minha postura, pois creio que todos nós guardamos em lugares secretos de nossas existências alguma atitude, pensamento, gesto ou palavra que queríamos não ter tomado, pensado, feito ou dito.
Gostamos de nos esconder por trás de roupas da moda, maquiagens caras, por trás de carros velozes e luxuosos, por trás de músculos e corpos bem torneados, mas qual será a nossa real imagem? Qual seria a imagem que teríamos nos nossos próprios retratos de Dorian Gray?
Eu creio que somente um quadro como esse poderia mostrar a real imagem que temos, visto que a imagem que temos para cada indivíduo que nos cerca depende muito mais da forma como ele decide nos ver do que como realmente somos. Podemos parecer metidos, arrogantes e destemidos para alguma pessoa e parecer justamente o oposto para outra, tudo depende dos olhos que nos vêem.
Eu sei das coisas que fiz e também todas as outras que deixei de fazer e por isso creio que a imagem que teria no meu “Retrato de Rafael Assis” não seria das mais belas, contudo ainda tenho o tempo que Deus me reserva aqui para poder consertar tudo que fiz de errado e quem sabe um dia ter uma imagem diferente dessa que imagino ter agora.

P.S. Gravura por Rafael Assis

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pequenas lembranças


Hoje na hora do almoço o prato do dia foi lasanha, um dos meus pratos preferidos. Com garfo e faca em mãos, olhei para lasanha ali no prato e lembrei-me de quando fui a casa dela para pedi-la em namoro, naquele dia ela fez uma lasanha pra mim e eu me senti um dos caras mais felizardos do mundo. Também me lembrei de quando em meu aniversário de 24 anos ela preparou um delicioso bolo de chocolate com uma cobertura muita boa e chocolates Bis derramados sobre ela. Foi uma bela festa surpresa que eu com certeza jamais irei esquecer! Ainda falando sobre comida, não é possível esquecer de quando ainda no vestiário da academia meu celular tocou e do outro lado da linha era ela me chamando para comer um brigadeiro que havia feito, nunca vou esquecer-me daquele dia simplesmente maravilhoso! Essas são lembranças que não importa quanto tempo passe sempre habitarão um endereço certo nas ruas das minhas memórias.
Então me lembrando disso tudo olho para trás e vejo que nosso relacionamento durou apenas um ano e seis meses, o mesmo tempo que disseram que duraria minha televisão...ah como eu queria que minha TV de fato já tivesse partido mas eu ainda tivesse ela ao meu lado. De qualquer forma, o que quero dizer é que em apenas dezoito meses minha mente foi bombardeada de bons momentos e agora me vejo cabisbaixo apenas revivendo tudo isso como alguém que vê o mesmo filme pela décima vez. Isso me faz pensar como deve ser difícil quando um relacionamento mais longo chega ao fim, quando, por exemplo, um casamento de dez anos, quinze anos ou até mais chega ao fim. Deve ser uma sensação ainda mais devastadora do que essa que sinto agora, algo muito mais profundo e lacerante que com certeza não chego nem ser capaz de explicar.
Outro fato que me veio na mente é como de fato deve ser horrível ver alguém que você ama ser levado pelas mãos de Deus. Mas será que a dor de ver esta mesma pessoa apenas dizendo que não te quer mais na vida dela é tão menos dolorosa? Penso que quando esta pessoa é levada para um outro plano ficam as tristezas pelo o que ainda poderia ser vivido, fica a sensação de que ainda não era a hora certa, sem falar toda a tristeza e vazio que já é sabido, mas quando a pessoa decide partir por opção nossas mentes são preenchidas por perguntas tais como o que fizemos de errado, o que poderíamos ter feito melhor, quais palavras e quais atitudes não deveríamos ter dito ou tomado, é uma sensação inexplicavelmente horrível. Não é simplesmente uma pessoa que decide seguir uma vida sem você, assim como existem milhões ao redor do mundo, e sim aquela única pessoa que na verdade fazia parte de sua vida, é como se um pedaço seu fosse embora e deixasse apenas o que sobrou de você. Por isso a sensação devastadora de vazio e perda, alguém que fez parte da sua vida por anos se vai e você além de ser obrigado a se acostumar a viver sem “parte” de você ainda precisa lidar com toda a culpa e o peso de ter feito algo errado. Então você se pergunta o que você fez de errado para que toda a certeza dos “eu te amos” e dos planos para o futuro dito por seu cônjuge tivessem simplesmente desaparecido, pergunta-se o que da tão grave você fez e qual crime ou pecado você cometeu para que aquilo que parecia tão certo e firme acabasse numa grande nuvem de poeira que o vento leva. Essa é uma dor que não há quem possa explicar, tampouco quem possa dizer que entende sem ter vivido isso.
O que ainda acrescenta mais dramaticidade nessa obra já tão pintada de negro pelas mãos do artista são os previsíveis conselhos que te dizem para esquecer, para seguir em frente, para não mais procurar tal pessoa. Como seria bom se fosse tão simples assim, mas não é, pois memórias nós podemos até sermos capaz de esquecer com o tempo, mas sentimentos são algo que irão permanecer conosco até o dia em que partamos.
O que fica em mim agora é isso, as mais doces lembranças dos mais doces momentos que vivi ao lado dela, momentos esses vividos e revividos cada vez que vejo algo que me faz lembrar dela ou simplesmente cada vez que me sinto sozinho e busco nas lembranças que ela me deixou o conforto e a imensa alegria que ela sempre foi capaz de me dar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A mais doce inverdade

O ditado popular diz que a mentira tem pernas curtas, na verdade as suas não eram curtas e eram as mais lindas que já vi. Suas pernas foram a primeira parte de seu corpo que me chamaram a atenção, lembro-me de estar passando ao seu lado quando você me chamou para te explicar um exercício sobre a Madonna, você estava sentada em uma cadeira e como não havia mais nenhuma para mim me agachei bem ao seu lado e vi suas lindas coxas repousarem naquela cadeira de plástico azul. Entre uma explicação e outra meus olhos se perdiam em sua silhueta e até hoje me lembro daquela tão bela visão.
Quis tanto ter você pra mim, quis tanto fazer seu coração morar no meu que fiz de tudo para que você me amasse, e por isso creio que acabei te iludindo e te fazendo acreditar em algo que não existia. Fiz você pensar que me amava e toda vez que você no meio de um longo abraço olhava para mim com seus belíssimos olhos castanhos transbordando de alegria e dizia “eu te amo” meu coração saltava dentro de meu peito como se tivesse pernas e eu acreditava com toda minha verdade nesta ilusão que eu mesmo havia criado. Como hoje eu queria ter nascido como todos os outros! Se eu tivesse sido como são a maioria dos homens e te amado somente o suficiente, se não tivesse feito tantas declarações, se não tivesse querido te dar o mundo inteiro talvez quem sabe você não teria se perdido nas minhas bondades e por fim eu não teria acreditado em seus “eu te amo” pois talvez eles jamais teriam sido proferidos.
Sinto-me tão triste agora e lágrimas rolam toda vez que me lembro de quando em meus braços você estava e me olhava como em raríssimas vezes, nesses momentos eu sabia que após alguns breves instantes olhando penetrantemente em meus olhos você com sua voz suave e única diria que me amava.
E eu, em meu esforço atlético para não deixar aquilo escapar ia cada vez mais longe, cada vez fazendo algo novo e mais surpreendente, não conhecendo as linhas dos limites e deixando-as para trás cada vez mais na esperança de manter-te ao meu lado. E hoje quando meu celular passa o dia inteiro sem tocar me deparo com a tão cruel realidade, realidade essa que é muito mais triste do que a grande mentira que criei. Entre verdade e mentira não sei o que escolher, mas creio que escolheria a verdade que me fere e me faz chorar, pois é esta mesma verdade que te faz feliz meu amor.
Deixei tão para trás meus limites que hoje nem sei mais como voltar. Voltar para onde? Voltar para que? Sinto-me tão perdido, tão fraco, tão sem horizontes para onde caminhar, olho ao meu redor e tudo parece igualmente vazio e negro, pois você não está comigo. E o pior de tudo é saber que você não ficou para trás apenas algumas milhas e eu posso voltar para te buscar e fazer-me feliz de novo, na verdade você nunca esteve de verdade nessa minha caminhada louca pelo seu amor, você era uma miragem que andava ao meu lado, mas no momento em que você despertou a miragem se foi e eu me vi perdido e sozinho.
Não deixei migalhas pelo caminho nem laços vermelhos amarrados em galhos de árvores, acho que pelo caminho ficaram apenas os pedaços de mim que caiam pouco a pouco desde o momento em que você me deixou, e seguir esses pedaços não me levará à lugar algum.
O que queria mesmo, de todo o meu coração, era um dia acordar no meu deserto de tristezas e ver mais uma vez você me olhar profundamente e dizer “eu te amo meu lindo”, mas sei que a grande probabilidade é de que isso não passe de um desejo sem grandes possibilidades de acontecer e o que me resta é seguir como um peregrino rumando sem direção, apenas caminhando sem saber para onde ir. O pior de tudo é perceber que nessa caminhada sempre há uma música, um objeto, uma lembrança que me faz mais uma vez querer ter você ali ao meu lado. Sempre há algo bonito em alguma loja para te presentear, mas agora meus presentes não têm remetente, apenas minhas lágrimas e pensamentos.
Obrigado por cada momento, cada beijo, cada abraço, cada palavra dita em momento de ternura! Mesmo que nada disso tenha sido real, te agradeço porque entre todas as inverdades que já vivi o seu amor foi a melhor de todas elas.

Te amo, mais do que ontem, mais do que hoje, mais do que amanhã...mais do que nunca!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A vida não imita a arte


Por que a vida não é como a arte? Por que no mundo real rosas não fazem mulheres chorar ou as faz se derreter por aquele que as traz? Talvez seja porque a arte retrata aquilo que todos desejaríamos ter ou ser, mais não há espaço nesse mundo para tal. E por que as rosas perderam seu valor? Creio que seja também porque essas criaturas tão delicadas e gentis tornaram-se band-aid para remendar traições e afins. Pobre das rosas, tiradas de seu tão belo lugar e lançadas a vala comum dos pedidos de desculpas. Contudo minhas rosas não são para desculpar-me por não ser capaz de ser o que você sempre quis que eu fosse, mas sim para mostrar-te que você é muito mais do que eu mereço. Pobre de mim, apaixonado por alguém que me enxerga e vê buracos, vazios, espaços imensos que podiam estar preenchidos de tantos adjetivos, mas que agora são apenas buracos. Em outra parte existem adjetivos, tantos quanto se possa imaginar, mas jamais serão capazes de cobrir ou desviar o olhar de quem busca aquilo que ali não está. Contudo, diferente da razão que te norteia e da idealização que te faz olhar para aquilo que justamente não tenho, tento mostrar-te que mesmo com minhas inúmeras falhas posso ainda ser capaz de fazer-te feliz se por um momento, ou dois talvez, quem sabe até mesmo por uma vida, conseguir fazer que teus olhos vejam e que teu corpo sinta toda a realidade que existe em mim. Fazer com que deseje e com que ame os mínimos detalhes que me fazem ser tão diferente, fazer com que entenda que não posso competir com o irreal, mas que sou tão realmente e verdadeiramente apaixonado por ti que cruzaria os quatro cantos do mundo para te encontrar e faria de tudo, até mesmo contra mim mesmo para te reconquistar. Vestido de palhaço, com teatro de fantoches, parecendo ser o mais louco de todos os seres somente para mais uma vez não apenas dizer, mas fazer-te sentir que te amo. E com esse amor te fazer entender que buracos todos temos, mas que são as coisas boas que trazemos em nós que nos fazem passíveis da admiração de alguém. E se fui digno da sua, é porque algo de bom guardo em mim. Então olhe, sinta, queria, ame, pois posso não ter tudo o que desejas, mas tenho muito mais do que você esperava! Quero ainda fazer minha luz se unir a sua e juntos iluminar-mos as trevas que nos cega. O que mais preciso fazer para que você enxergue que quando disse que me amava não estava somente envolta em ternura? Mas sim sentia também a verdade no amor que queimava teu corpo como chama e te tornava leve como pluma, amor que teimava em querer dormir no dia seguinte, mas que nunca abandonou a cama que fizera em teu coração. Ó Aline, nome simples e único, tal como a qual que lhe carrega, desperte este amor que dentro de ti há por esse rapaz que não mede esforços para ter a graça de te ter com ele por toda vida, acorde-o e não o deixe mais dormir, pois é nele que vive toda a ternura que te faz ser a pessoa mais amável desse mundo. Aquela que me conquistara com sorrisos e gentilezas, mas que no fim me fez amar-te e querer-te pela forma como você me amava e me queria. Aline de verso simples, pelo avesso e direito, te quero em todo momento e em toda cor, quero descobrir o caminho para chegar à cama onde deita o teu amor por mim e ajudar-te a desperta-lo para que ambos sejamos mais felizes. Sei que embora tua boca diga algo é em teu coração que acredito e é o que ele diz que eu ouço. Aline, dê a mim valor de rei, pois a ti tenho rainha, não me transforme em bobo da corte ou em palhaço triste, pois não quero ser coadjuvante em teu caminhar, quero ser aquele que caminha ao teu lado com braço forte e peito aberto para enfrentar o que for preciso para nunca deixar de ser seu.

Assinado, o mais feliz entre os tristes.

Obs: O nome Aline foi usado apenas para preservar a real identidade da inspiradora dessa obra.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Texto 3

Mas um dia se passou veloz como um cometa e deu seu lugar a um novo. Tudo parece igual, porém tudo está diferente. O sol se põe ao horizonte e sua bela luz refletida no mar parece fagulhas de um amor que antes fora chama. O reto horizonte distante de mim me faz enxergar todas as possibilidades que teríamos, contudo escolhemos justamente aquelas que nos levaram a lugar algum. Olho para baixo e vejo as ondas e ouço os seus sons enquanto elas golpeiam as pernas que me sustentam. Vendo esta magistral cena orquestrada pelo Divino com amor, lembro-me da paz que você dizia sentir quando estava junto ao mar. As águas tocavam tua pele e cabelos e você linda como sereia corria para meus braços. Gostaria de poder te mostrar e te contar com fascínio e emoção tudo que vi e vivi nessas minhas duas semanas, entretanto olhando para o mar vejo que da mesma forma como ele apagou nossos nomes na areia algo também lavou nossos sentimentos e agora minhas histórias já não mais te interessam, pois você decidiu escrever a sua sozinha.
Então em meu barquinho navego também sozinho, escrevendo minhas próprias histórias e velejando por entre céus azuis e tempestades, apontando sempre minhas velas para os ventos soprados por mim mesmo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Carta perdida

Você será aquela que em breve, ou talvez em longe, fará meus olhos se perderem na profundidade dos seus.
Será aquela que entre beijos e abraços me fará voar como pássaro e há de fazer-me sentir como príncipe.
Aquela que estará em minha mente assim que meu dia desperta, assim que ele terminar, e também em qualquer outro momento entre esses dois.
Será aquela que cujo corpo será tocado por minhas mãos a deslizar sobre sua suave e macia pele enquanto em seu ouvido serão proferidas eternas palavras de amor.
Será o tema principal dos meus sonhos, parte integrante de meus planos, vida que em nó de marinheiro se entrelaça na minha.
Terá o beijo mais doce, a voz mais macia, as mãos mais delicadas, os melhores carinhos, as palavras mais penetrantes e todos outros predicados que somente você tem.
Será aquela que irá me admirar, que me achará bonito mesmo ao acordar, que sentirá minha falta quando não estiver em casa, que saberá que mesmo longe estarei pensando em você.
Será o anjo sem asas que me levará aos céus, o mar de amor onde irei navegar, a esperança que se torna realidade em meio a desilusão.
Será meu sonho que acordou a noite e veio fazer parte da minha vida, será a vida que se deixou cochilar e veio fazer parte do meu sonho.
Será aquela que cuidará de meu coração como fosse único, de meus singelos sentimentos como fossem frágeis, da minha vida como se metade fosse.
Você será aquela que terá a chave para entrar por essa porta que agora trancada está.
Você será aquele que em breve de “meu amor” irei chamar.

O teatro

Tudo na vida tem um lado bom e outro ruim, é assim desde que o mundo é o mundo. Assim foi meu relacionamento, cheio de altos e baixos desde o início até seu final, passando por um momento de aparente calmaria mais ou menos alguns meses pouco após os meses iniciais. No meu sentimento os pontos baixos nunca foram fundo o suficiente a ponto de não me levar ao topo mais uma vez, contudo para ela completo esta frase apenas com reticências. Os momentos difíceis, as lágrimas, as feridas, parecem nunca se fecharem por completo, é como se ficassem escondidas em algum lugar perdido entre a emoção e a razão só esperando o momento certo para renascerem e voltar como fantasmas de um passado não tão distante. Fantasma grande e assustador, que te faz correr se nem ao menos vê-lo, o simples parecer de que ele possa estar por perto te faz procurar uma saída. E o fantasma esteve ali, sempre a minha espreita, fantasma que na verdade parecia ser muito mais real do que eu imaginava ser, fantasma esse que com o tempo me mostrou estar tão vivo como eu e você, com sangue correndo em suas veias, e na verdade aquilo que parecia tão concreto e palpável não passou de uma fantasia criada e encenada por mim mesmo. Como um bom escritor e diretor eu planejei em minha mente cada fala, cada cena, cada ângulo, cada por de sol, e quando a encenação acabava me sobrava a triste, dura e também cruel realidade. E ali eu me via vivendo à sombra dos personagens que eu mesmo criara, chorando lágrimas de tristeza muito mais reais do que as lágrimas de alegria de mentira que chorei em meu teatro. Enquanto todos encenavam e a platéia aplaudia, eu era o único que vivia o espetáculo como se fosse minha própria vida, alheio aos aplausos e a cortina que se fechava quase por completo ao final de cada dia. Quanto tempo eu demorei para perceber, quis atuar mesmo ao fim da peça, chorei nas cadeiras vazias daquele teatro escuro, somente eu ali sentado fitando meus olhos naquele palco vazio enquanto buscava desesperadamente achar em qualquer canto perdido a lembrança de um sorriso, de um beijo, de um bom momento, tentar me agarrar a qualquer esperança de que um dia minha atriz principal pudesse mais uma vez sair do camarim, as luzes se ascenderem e mais uma vez a peça começar, começar e estender-se para além dos limites da arte e saltar para a veracidade da vida.
Contudo ela nunca saiu dali, a platéia não pediu bis, os aplausos cessaram e assim tudo se acabou.
E agora sozinho no meu pequeno mundo de sonhos concretos e vazios tento em vão enterrar minhas lembranças e sentimentos, contudo parece que não existem pás grandes o suficiente nem terra em quantidade abundante que seja capaz de enterrar um teatro de amor onde o sentimento nunca fora uma encenação.
Não há pá, não a terra, há apenas esperança. Esperança do que, não se sabe.

Os caminhos por onde vim

Quantas são as atitudes que nos levam à lugares que não imaginávamos ir?
Algumas dessas decisões pode até parecer equivocadas ou até mesmo erradas, mas incríveis sãos os caminhos que elas nos levam.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas e se a voz do povo for de fato a voz de Deus então talvez seja o próprio divino nos dizendo que os caminhos Dele podem parecer incertos e tortuosos às vezes, mas nos levarão à um bom destino.
Da janela da minha sala eu via apenas uma estreita rua lá embaixo sob meus pés, hoje pela janela de minha sala eu vejo um infinito azul que toca o céu a milhas de distância de onde estou.
Poucas antes eram minhas possibilidades, agora parece que um livro de escolhas foi aberto a minha frente e aguarda somente que eu rubrique ao lado do caminho que quero seguir.
Tantos “erros”, tantas atitudes insensatas, tanta loucura, tanto destempero.
Podem chamar de acaso, de sorte, de merecimento, eu prefiro não rotular, não limitar, apenas agradecer por meus caminhos terem me trazido até aqui.
E como já agradeci a tudo e a todos, é por direito também agradecer a Ti e pedir desculpas pelas vezes em que Te questionei.
E é sentado nos amarelos degraus olhando aquele barquinho iluminado como árvore de natal que eu digo...

Obrigado Senhor!

domingo, 24 de outubro de 2010

O soldado


Não era dos soldados mais fortes, tampouco o consideravam o mais inteligente. Contudo, era do tipo que quando tinha um objetivo seguia em frente como um tanque blindado, só parando assim que sua missão fosse cumprida. Era confiável e motivado como poucos, era de fato um bom soldado.
Um dia viu-se em uma missão que parecia perdida, ele tinha tudo contra ele e a seu favor somente seu otimismo e a motivação que sempre estivera com ele.
Pendurou suas armas em seus ombros, pegou todo o resto que precisava e mais uma vez partiu.
Era como uma máquina, cada passo dava o tom de sua marcha, não havia nada em seu caminho que fosse capaz de impedi-lo de realizar seu feito.
Então ele seguiu e enfrentou diversas batalhas, os inimigos eram sempre os mesmos e ele sempre os vencia, batalha a batalha ele chegava mais perto de seu objetivo.
Entretanto, a cada batalha o nobre soldado se feria um pouco mais e deixava que as feridas fossem pouco a pouco tomando conta de sua pele e carne.
Então, bastante ferido, mas ainda assim confiante ele foi para mais uma batalha acreditando que mais uma vez sairia vencedor.
Oh soldado, chegou tão longe, mas agora suas pernas já não mais os levariam a lugar algum, tampouco suas armas seriam capazes de desferir tiros certeiros que o fizesse vencer.
Certeiras foram as balas do inimigo, e o soldado que uma vez fora forte e confiante viu-se cair de joelhos em seu próprio mundo, em seu próprio campo de batalha.
De seus olhos brotavam lágrimas e de suas feridas corria o sangue misturado com seu tão lutado suor.
Antes de cair, ele olhou para o céu sobre seu já debilitado corpo e lá entre as nuvens viu tudo que fizera.
Sentia seu coração bater cada vez mais devagar e sua respiração cada vez mais difícil.
Arrependeu-se de certas atitudes tomadas em suas batalhas, mas jamais por ter entrado nelas.
Caiu ali e ali fez seu túmulo, ali fez seu nome.
Morreu como um guerreiro, lutou como um guerreiro, viveu como um guerreiro.
Sonhou como um homem e no seu último segundo viu que derrota e vitória são os únicos destinos daqueles que lutam.
Já lutar é o único caminho para aqueles que escolhem vencer.

Gravura por: Rafael Assis

sábado, 16 de outubro de 2010

Não desista

Não existe lugar alto demais, nem distância longa demais
Tampouco cansaço que nos impeça de dar mais um passo
É nas horas em que nossas forças parecem se esvair
Que vemos o quão forte de fato somos
É nas horas em que tudo parece uma negra imensidão sem fim
Que vemos mais um brilhar de luz
Rompamos as amarras que nos seguram
Renunciemos ao cansaço, a falta fé, a insegurança e ao medo
Mostremos que quando mais parecemos fracos é quando verdadeiramente somos fortes
Pois a verdadeira força está em superar o que parece insuperável
Está em continuar quando o mundo quer que você pare
Não existe sonho grande demais
Não existe objetivo impossível
Somos nós mesmos que nos dizemos aquilo que somos ou não capazes de alcançar
Então não diga “eu não consigo”
Diga “sim, eu posso!”
Foque em seu sonho, seu objetivo.
Pois ele está lá
Somente esperando você ir buscá-lo
E quanto mais difícil ele parecer
Mais você aprenderá e se fortalecerá durante seu caminho
E com força e sabedoria, não existe outro fim que não seja a sua vitória

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Carta para um amanhecer

Mãe e Pai, venho por meio desta desculpar-me por todas as vezes que fui negligente com vocês, por todas as vezes que deixei de ouvir seus conselhos por achar que minhas idéias eram mais certas e também por todas as vezes que os coloquei em segundo plano.
Desculpem-me pelas diversas noites mal dormidas, pelos diversos problemas que os causei com relação ao carro, pelas dívidas que os fiz contrair por minha causa, por todos os transtornos que eu os trouxe. Tenham certeza que se eu pudesse voltar no tempo teria feito diferente várias coisas para não ter que vê-los passar pelo o que vocês passaram.
Sinto-me muito mal pela forma ingrata que posso os ter tratado por diversas vezes e quero que apenas saibam que não foi por mal, eu apenas não conseguia ver.
Quero que saibam também que eu posso até não admirar todas suas formas de pensamentos e posturas, mas que vocês dois são pessoas muito especiais e que são exemplos belíssimos!
Você meu pai, sempre se mostrou disposto a ir atrás de mim onde quer que eu estivesse, não havia hora nem lugar, eu sempre podia contar que com uma ligação no celular em poucos minutos você estaria lá, seja de Gol ou de Fusca, e de fato você sempre esteve. Com você eu aprendi a ser paciente, a ser uma pessoa amável, carinhosa, a ser um sujeito bondoso e sempre disposto a ajudar. Aprendi também que nem sempre nas ocasiões em que fazemos o bem somos recompensados por isso, mas que ainda assim vale a pena, pois a verdadeira ajuda é aquela que não busca nada em troca. Lembro-me de ter visto você chorar numa época em que tudo que eu ouvia era “homem não chora”, vi e vejo até hoje você cuidar e amar minha mãe com um amor que parece ser infinito e isso é algo que me encanta. Eu só tenho uma frase pra expressar o que sinto por você: pai, você é meu herói!
Você minha mãe, é aquela que amarrou meus sapatos até os 10 anos de idade, aquela que sempre cuidou de mim com o máximo de atenção que uma mãe pode ter para um filho. Aquela que nunca levantou a voz para mim, que nunca me xingou, que nunca me disse nenhuma palavra que me magoasse. Você é a pessoa que abdica dos seus próprios sonhos para realizar os meus e também os do Renato, mãe como você não há! Mais do que me ensinar a ler e a escrever, você me ensinou a lutar pelas coisas que quero, me ensinou que não é bom permanecer estagnado na vida, me mostrou que nada vem para aqueles que não buscam, e é isso que tenho feito desde sempre, lutado pelas coisas pelas quais eu acredito para um dia poder conquistá-las. Também te acho uma pessoa inteligentíssima e embora hoje eu fale mais de uma língua e entenda bastante sobre vários assuntos sei que jamais serei tão inteligente quanto você.
Sempre escrevi bastante sobre diversos assuntos e também para diversas pessoas, mas escrever para vocês sempre havia sido uma grande vontade que parecia estar aprisionada dentro de algo que não sabia explicar. Pois bem, esta noite as barras de ferro dessa prisão foram rompidas e consegui colocar nessa carta um pouco de tudo que sinto por vocês, gostaria de poder dizer muito mais, contudo as palavras e suas limitações jamais me permitirão. Quem sabe, até o fim da minha vida poderei demonstrar a tamanha gratidão e amor que sinto por vocês. Por agora, termino essa carta com algo que hoje em dia virou “bom dia”, mas que para mim são as três palavras mais carregadas de sentimentos que uma pessoa pode dizer.

Eu amo vocês!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Minha bela natural


Hoje a caminhar pela natureza, em um lugar tão já conhecido me surpreendi com o quanto eu pude mais uma vez me vislumbrar com tudo aquilo. Achava que seria como visitar um lugar que já havia ido com tanta frequência que poderia até achá-lo sem graça, porém ao chegar lá descobri novos ângulos, mirei novos olhares, ouvi novos sons e descobri mais uma vez a beleza da natureza! A natureza não envelhece, tampouco rejuvenesce, ela apenas muda e deixa-se revelar um belo e surpreendente novo segredo a cada visita.
Foi assim, contemplando e admirando uma das tantas belíssimas criações do divino que pude enfim compreender porque que meus olhos já familiares de sua tão única silhueta ainda se deixam encantar e se deleitam na mais pura fascinaçao toda vez que eles te vêem. Embora estes olhos, que já chegam a quase três décadas de vida, já conheçam bastante cada sutil curva e textura sua, você em seu transborde de naturalidade revela-os um novo encanto, uma nova surpresa, um novo detalhe a cada olhar que eles dirigem à ti. Você não envelhece, tampouco rejuvenesce, apenas muda e a cada mudança transforma-se em um novo ser mais belo e surpreendente do que jamais fora, me fazendo encantar-se por ti a cada dia, minuto ou segundo como se jamais a tivesse visto. É como uma rosa que ao passo lento do tempo desabrocha mais uma pétala, exala seu novo perfume e me ilumina com as cores tão vívidas e verdadeiras de suas pétalas.
Princesa, minha doce princesa, feliz serei vivendo dia após dia a doce mágica de descobrir-te.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O mundo em mute


Às vezes gostaria de pegar um controle remoto e colocar o mundo todo em "mute", deixaria apenas os sons da natureza e dos animais, todo o resto seria calado. Não haveria mais som de carros nem pessoas, não haveria funk nem axé, não haveria mais nada além do som de rios, miados, uivos e afins.
Queria que pelo menos por alguns minutos meus ouvidos maculados fossem libertos de tantas mentiras e valores sem valor algum.
Queria não ouvir que o dinheiro é mais importante que tudo, que o amor não existe, que é preciso ter diploma para ser alguém, que todo homem trai, que mulher só gosta de dinheiro, que tamanho é o que importa, que é preciso ser malandro etc.
Chega disso tudo, chega de tantas vozes, chega de tanta mídia e tanta TV, chega de comerciais.
Quero por algum momento na minha vida poder ouvir na magia do silêncio a tão baixinha e verdadeira voz do meu coração.
Essa sim é a única voz que me levará para um destino seguro e feliz, pois ela é uma voz que se importa comigo e sempre sabe onde me levar.
E mesmo se um dia ela não souber ao certo para onde me levar, pelos menos saberá que qualquer um dos dois caminhos me levará a honestidade e a algo que é verdadeiramente importante.
Quero por um mute no mundo, pois ele tenta me envenenar, quer me fazer acreditar em algo que nunca acreditei, e pior que isso, quer me fazer desacreditar em tudo que achava certo.
Mundo cruel que quer matar minha unicidade, quer me tornar igual a todos os outros, quer me ver como todos os outros.
Mas não mundo, você não irá vencer!
Pois posso não ser capaz de colocar um mute em você, mas sou capaz de dizer não a todas suas mentiras e dizer sim quantas vezes forem necessárias para as verdades dentro de meu coração!

O floricultor


Não há flores como as de Sakir, era o que todos diziam naquela cidade. As flores daquele rapaz eram sempre as mais perfumadas de todas, de longe se podia sentir o aroma das flores que eram colocadas a venda, eram as mais lindas, coloridas e mais perfumadas de toda a cidade. A loja estava sempre cheia de homens apaixonados por suas esposas, namoradas, mães e atá mesmo amantes.
A casa de Sakir ficava alguns quilômetros distante de sua loja e lá em um espaço enorme ele cultivava todas as belíssimas espécies de flores que vendia em sua loja. Ele sempre cuidara se duas flores com muita paixão e afinco, cuidar daquelas tão belas e frágeis flores era a vida de Sakir.
Naquela cidade costumava chover bastante naquela época do ano, entretanto em uma noite especial o céu estava limpo e era possível ver a lua cheia e linda, brilhante como nunca. As estrelas também pareciam estar mais próximas do que jamais estiveram e pareciam também estar em maior número. Naquela mesma noite uma jovem senhorita de outra cidade que havia viajado quilômetros apenas para ver a bela plantação de Sakir havia acabado de chegar e como ainda era cedo ela quis caminhar um pouco pela rua da casa de Sakir, que era bem próxima do hotel onde ela havia se hospedado. Ela era diferente de todas as moças da cidade, era a mais bela entre todas elas. Era morena, tinha lindos cabelos castanhos acobreados ondulados, uma voz suave como um doce canto de um anjo e um sorriso tão belao que fazia a mais bela flor de Sakir sentir-se feia. Seus olhos eram penetrantes e fascinantes, tinham um brilho que nem mesmo chegavam perto do brilhar das estrelas no céu daquela noite tão especial.
Ao passar pelos portões de Sakir ela notou um clarão no fundo da casa do rapaz e viu algumas pessoas correndo de um lado para outro sem saber o que fazer enquanto outras estavam paradas, pareciam estarrecidas e amedrontadas com suas mãos em seus rostos. A menina então abriu o portão negro da casa de Sakir e entrou, perguntou para uma das pessoas que estavam paradas o que estava acontecendo e eles disseram que as flores de Sakir estavam pegando fogo, que o fogo iria consumir toda a obra de uma vida de Sakir. Sem pensar duas vezes ela viu um balde jogado no jardim, uma torneira perto da plantação e começou jogar baldes de água ao fogo. Ao ver aquilo, um jovem que até então ela não conhecia chegou para ela e disse:

-Menina se afaste, você pode se queimar e esses baldes d’água não serão suficientes para apagar esse fogo!
-Eu sei senhor, mas alguém precisa fazer alguma coisa caso contrario tudo será perdido.

O Rapaz então puxou a menina forte pela cintura e a tirou dali dizendo para ela que era para esquecer aquilo, que a plantação havia sido perdida. Ela perguntou como ele podia deixar que uma plantação tão bela pudesse ser tomada pelo fogo e ele então respondeu.

-Estou muito triste de fato, mas eu posso plantá-las novamente, embora isso me custe muito tempo e dinheiro. Não há nada nesse mundo que não possa ser recuperado. A propósito moça, muito obrigado pela sua ajuda e coragem, é algo que não se vê muito nos dias de hoje, qual é seu nome?

-Me chamo Sesiat e acabei de chegar a cidade.
-Seja bem vinda Sesiat, eu me chamo Leafar Sakir.

Os dois conversaram um pouco mais e então a jovem percebeu que era hora de voltar para seu hotel, Sakir acompanhou a donzela até lá e depois voltou pra sua casa.
No dia seguinte Sakir parecia estar mais feliz do que jamais estivera e aquilo estava mexendo com a curiosidade de seus criados, um deles chegou para seu patrão e o perguntou.

-Senhor, suas flores foram todas queimadas ontem, como pode estar tão feliz? Na verdade, o senhor parece mais feliz do que jamais estivera.
-Meu caro, se você reparar, chovia todas as noites nesta cidade por uma semana e exatamente ontem não choveu. A chuva poderia ter evitado o incêndio, mas foi o mesmo céu limpo que levou embora minhas flores que fez com que aquela bela jovem saísse para um passeio por nossa cidade. Embora eu tenha perdido alguns milhares de flores ontem, eu encontrei, ou melhor, os céus fizeram com que apenas uma, porém a mais bela de todas me encontrasse.

O criado de Sakir sorriu como quem tivesse entendido tudo e deixou seu patrão sozinho, mais tarde Sakir foi procurar Sesiat em seu hotel e lá convidou a jovem para um passeio pela cidade.
Sakir encontrou na perda de todas suas flores a beleza de uma única que era tão bela e especial que jamais nenhum outro floricultor poderia ser capaz de criar, naquela noite de céu estrelado ele ganhou a mais bela flor que Deus fora capaz de criar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os três irmãos

Tempo existira desde todo o sempre e tinha como sua mulher a bela Eternidade, eles viviam bem porém chegou uma época em que viram que havia chegado a hora deles terem filhos. Tempo chamou Eternidade e ela também concordou que era bom que eles tivessem filhos, sendo assim em uma bela noite nasceram os trigêmeos Ontem, Hoje e Amanhã. Eles eram crianças lindas, contudo com personalidades diferentes. Ontem era o mais calado e introspectivo, através de seus olhos se podia ver que ele sempre buscava algo que parecia estar em sua mente, algo que parecia lembrar com saudade. Hoje era o mais prestativo de todos os irmãos, era o mais dinâmico, o mais corajoso e o mais cheio de energia também. Seus olhos sempre buscavam algo bem perto de si e ele parecia ser capaz de muitas coisas. Amanhã era o mais relaxado de todos, gostava de descansar e parecia não se preocupar muito com o presente, seus olhos buscavam sempre algo muito além, bem mais além do que todos podiam ver.
Certo dia, Tempo chegou para seus filhos e os disse:

- Universo veio até nossa casa e deixou comigo seis presentes, sendo três deles bons e três deles ruins e me disse que devo distribuí-los a vocês de forma que cada um tenha um bom e um ruim.

Os filhos de Tempo ficaram curiosos, pois queriam logo saber o que havia naquelas seis caixas que guardavam cada uma um presente. Eles então perguntaram quem ficaria com cada caixa e seu pai respondeu.

- Universo já me mostrou o que cada uma delas guarda e é por isso que preciso fazer um teste com vocês para decidir qual ficará com cada caixa. Prestem atenção, pois só direi uma vez. A tarefa é muito simples, basta vocês irem aos famosos anéis de Saturno e de lá trazerem uma pequena rocha para mim. Não importa quando, apenas tragam.

Os trigêmeos ouviram aquilo ao mesmo tempo, entretanto cada um teve uma reação diferente. Assim que seu pai terminou de dar as instruções Hoje foi o primeiro a sair, não perdeu tempo e como já sabia o caminho para Saturno foi direto para lá pronto para buscar a tal rocha e voltar tão logo quanto fosse possível.
Ontem se afastou de seu pai e ficou se lamentando, pois pensava que já devia ter feito aquilo antes em uma das muitas vezes em que fora conversar com Saturno, ao mesmo tempo lembrava com nostalgia das conversas que teve com ele.
Amanhã também se afastou um pouco de seu pai e ficou pensando que como seu pai não havia dado prazo algum para que tal tarefa fosse cumprida ele descansaria um pouco mais e deixaria para fazer aquilo depois, não havia necessidade daquilo ser feito agora. Ao mesmo tempo também pensava que guardando suas energias para mais tarde poderia trazer duas rochas para seu pai, invés de apenas uma.

Hoje foi o primeiro a voltar e assim que deixou a rocha com seu pai e foi congratulado por ele perguntou se ele já iria receber seus dois presentes, contudo seu pai disse que ainda não, somente quando ele pudesse entregar os seis presentes a todos no mesmo momento.
Após alguns dias apenas Hoje havia trazido a rocha e Tempo viu que aquele era o momento certo para entregar os seis presentes, ele então reuniu seus filhos e os disse:

-Tenho aqui os seis presentes que me foram dados por Universo e irei entregá-los a vocês, a começar por Ontem. Meu filho, você passou a maior parte do seu tempo se lamentando por não ter pegado as rochas antes quando fora conversar com seu amigo Saturno, sua tristeza foi tão grande que o impediu que fizesse algo no momento em que foi preciso, contudo também vi em seu olhar um sentimento de saudade das conversas que teve com ele no passado e lembrou-se de tudo de bom que havia conversado com ele, por isso ficará com a caixa da boa lembrança e também a caixa do arrependimento.
Agora é sua vez Ontem. Você meu filho foi muito rápido como sempre fora, dinâmico e sem deixar nada para depois. O problema meu filho é que você não parou para avaliar suas condições antes, não procurou saber se Saturno estava acordado, se eu precisaria de sua energia para depois, você apenas foi sem pensar em nada. Por isso te dou a caixas da eficiência e da impulsividade.
Por último, mas não menos importante, entrego suas caixas Amanhã. Vi que você teve boa intenção, você se guardou para que depois você pudesse realizar sua tarefa de forma ainda mais completa do que lhe foi pedida, você me traria duas rochas ao invés de apenas uma. Contudo meu querido filho, é preciso que se dê o primeiro passo, é preciso que usemos o momento que temo agora para começarmos as ações que nos levarão ao sucesso em um momento posterior, é por isso que te dou as caixas da visão a longo prazo e da preguiça.

Cada um dos gêmeos então pegou as duas caixas que a eles foram dadas e guardaram sempre consigo, levando-as onde quer que fossem. Deste modo as pessoas na Terra, que já nasciam com esses sentimentos dentro delas, podiam ser facilmente identificadas como estando mais próximas da forma de agir e de pensar de Ontem, Hoje ou Amanhã e se elas soubessem usar as caixas boas de cada um dos gêmeos com certeza não teriam do que se arrepender, não seriam impulsivas, tampouco preguiçosas. Com o melhor das caixas dos três irmãos elas seriam pessoas realizadas, felizes e sempre com boas lembranças em suas mentes de tudo que fizeram no passado.

Vazio

Vazio saia de mim, não me habite mais, pois estou cansado do vazio que você me traz. Vazio mau que me faz procurar e não achar o que tanto quero, que me faz tatear como um cego em busca das tão preciosas e valiosas palavras que você roubou de mim. Onde elas estão? Diga-me por caridade. Numa imensidão imensurável de sentimentos me vejo como um louco preso na minha camisa de força, braços atados, lábios cerrados, sentimentos grandes que não conseguem ser expressos, pois de mim, Vazio, você roubou as palavras. Traga-as de volta para mim, pois estou me afogando num mar de sentimentos! Não quero sair dele, mas quero mostrar a todos o que sinto e sei que seria capaz se não fosse pelo seu egoísmo, Vazio.
Sinto tanto, sinto tudo, vivo tudo e vivo-a. Vazio, saia de mim, pois quero me banhar num rio de largas margens, num rio de palavras, quero sair inundado por elas, perfumado por elas, quero sair imerso nelas e viver com elas. Pois como uma velha fofoqueira eu preciso falar, não assuntos vazios, rasos e superficiais, mas preciso falar sobre toda a beleza sentimental que toma conta de mim. Por isso Vazio, saia de mim; e palavras não me deixem jamais!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

4 de outubro


Uma mensagem rimada no celular chegada as três da manhã deu o tom do meu novo dia, não importa se a rima fora proposital, ela apenas aconteceu. Mensagem linda, daquelas que te faz sorrir, mensagem daquelas que te faz esquecer-se de tudo e somente ser feliz.
Mais um dia que nasce e com eles suas obrigações, telefonemas apressados, e-mails mal escritos, compromissos cancelados e outros confirmados. Tiro o carro da garagem e vou trocando marchas e lendo placas, vidros fechados para pouco consumir e uma camisa do rei do pop para me cobrir.
É ali na frente a Haddock Lobo? Sim meu amigo, é essa que cruza aí.
Enfim cheguei! Passos apressados, elevadores lentos, lá vou eu mais uma vez rumo ao tão familiar desconhecido, um mundo que me cerca, ele e o leão e eu a presa.
Dever cumprido, mission accomplished, solto o freio de mão e deixo descer. Caminho da roça? Que nada, quero encontrar meu céu.
O paraíso é logo ali, na saída 120 da Washington Luis, olho no retrovisor e não vejo nada, pista da direita liberada Lima Oscar Uniform.
Reduzo para quarta, terceira, muito lento, volto para quarta. Os olhinhos querendo fechar, melhor tirar uma soneca. Quase sonhando até que ouço um toque no vidro, meu anjo chegou, o paraíso nunca fora tão lindo.
No display as horas passam devagar e eu aqui protegido pelo negro insulfilm, enquanto isso um anjo estuda para ter um bom futuro.
Hora de ir, ir para onde? Não importa, onde você estiver está bom para mim. Então vamos, deixando as luzes nos guiarem e o som das águas nos acalmar.
E assim eu vôo, para seus braços e abraços e beijos, sem querer que o dia tenha fim. Mas enfim ele chega, para mais uma vez me afastar de você.
Mas não me importo, pois o fim de hoje é apenas um novo começo, o começo de uma nova e ainda mais bela história sem final, escrita a quatro mãos e a dois corações.

domingo, 3 de outubro de 2010

Louco

Talvez eu seja um louco que não conhece limites, que não conhece a profundidade do acelerador nem os perigos da chuva. Um louco que não se preocupa se ficará resfriado, se escorregará, se chegará tarde demais, se perderá a hora. Um tipo de louco que vê uma loucura pela qual se vale a pena ser louco. Um louco que vê na lama a beleza da vida, que vem em ossos quebrados a intensidade da vida com toda sua força, que vê em um sorriso a belíssima simplicidade que existe nas coisas de Deus. Talvez louco seja eu, talvez louco sejam todos vocês, a verdade nunca será sabida. Acho que o que importa e apenas o que nós sentimos em nossos corações não importando se somos loucos ou sãos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Untold witchtale


On a night on the twenty-seventh of April of nineteen eight-four a baby boy was born, he was not chubby but he was just as cute as one. On that day a witch stood beside him and looking deep into his eyes full of shine and hope she said: “One day I’ll make the bright of your eyes fade away and you will feel as miserable as I do.”

The parents of the kid couldn’t see the witch but she was there and she kept observing the little boy as he grew up. On a Christmas on the year when the boy turned seven the witch decided to give the first try to her horrible plan to take away the bright of his eyes, she came down at night while the boy was sleeping and appeared to him disguised as a fairy not make him feel afraid of her. She came flying with thin wings and wearing a beautiful dress, she came to the boy and said: “At the middle of the night wake up little boy and you will see the truth. There’s no Santa Claus at all, it’s just your daddy!”

The little boy didn’t believe and thought to himself: “This can’t be true, Santa comes to me every year on the twenty-fifth of December, she must be lying”. The boy woke up at the middle of the night and to his surprise he saw his daddy setting a gift underneath the Christmas tree. The boy felt shocked to discover that Santa was just a tale, but inside he didn’t care, it was even better to get presents from his daddy because he was his super-hero at the time.

The witch thought: “For bats’ wings, that boy didn’t give attention to this truth! Anyway, I have other horrible ones for him and if he doesn’t care I’ll create horrible lies as well.”

The witch went on with her plan but whenever the boy discovered something wasn’t real he simply didn’t care, he had more things to spend his time with then crying because of some silly children’s stories.

The boy grew up and was about to reach his teens and at this age the witch saw one more opportunity to take the bright of the boy’s eyes away. She came to him once more at night, sat close to her bed and near his face she said: “I’ll cover your face with the mask of ugliness and no girl will ever look at you until you double the age you are now.”

At that time the little boy was eleven and a half and the spell of the witch came true, he spent other eleven and a half years facing loneliness every single day of his life. Even though this feeling of loneliness was killing the boy inside, he bravely faced his days alone and kept on having a bright shine on his eyes.

On the year when he turned twenty-three the witch came once more to his life and said to him again: “Since I still see your eyes shining I’ll give you a gift, actually an evil in disguise. I’ll give you a blonde tiny girl for you to love and once you are deeply in love with her I’ll make her forsake you.”

The girl appeared in the boy’s life and after eight months of a superficial relationship the girl left him. The witch was laughing and feeling happy hoping that she would finally get the boy’s eyes’ shine, however the boy didn’t really love the girl and his bright eyes kept on shining.

Feeling very angry, the witch didn’t know what to do anymore and she felt like this until the day when another girl crossed the boy’s way. This one wasn’t a gift from the witch though, this one was special, heaven sent to the boy to make his eyes shine even brighter. The witch appeared to the boy again and said: “You are way too brave and strong to surrender to my spells, nothing I do can bring you down, but this time I’ll put so many doubts in her head that she will see you with eyes of black and white and when you are deeply in love with her she will forsake you.”

One year and five months passed and the boy thought things were going nice, but in the seventeenth month of the relationship things started to go wrong and the couple didn’t celebrate this date, the same happened on the following month and when they were about to complete one year and eight months together the relationship came to an end. The boy felt destroyed at the day, miserable inside, broken into pieces that couldn’t be mended, he felt so sad that even sadness felt pity of him.

From down below the witch stared at the boy’s eyes while the bright shine on them was slowly giving room to dark shadows. After a couple of minutes the shadows covered his eyes and that was the moment when the witch felt her plan had finally come true, close to the boy again she said: “Poor boy you are, you defeated me many times but I always knew one day you’d fall down on your knees, now pray for the angels from up above to give you bright new eyes because the shine of those ones are mine now. Let’s see if you are brave enough to believe in something when everything you believed was taken away from you.”

Heaven Corporation

Dear CEO of Heaven Corporation

My name is Rafael Assis and I started to pay more attention to your book at the beginning of 2009 and since then my life changed a lot. I left my old job and got a new one, later I left this one and get two others and now I am also about to leave one of them. I have one job left and it seems like it’s a great opportunity for me to grow in a short period of time. However, I was told that if I behaved well and followed your rules I would get a prize and I believed in that. I behaved fine, I tried to give more attention to my family and serve people whenever I had time. I gave more attention to love even though my heart was broken and I believed in it too because I was told that where there's love we can find you there, they said you live in every people's heart and so I listened to my heart. I gave attention to love even when everyone around me was paying attention to this evil called money. I talked straight to you every night before I go to bed on your hot line and I believe I got some of your answers in my dreams, but I got no prize at all. I followed my heart because I believed you were there but where are you now? I wonder where you were when I shed tears, when I lived in the house of pain and sorrow, when in return to my tender and sweet words I heard tough ones who felt like arrows thrown towards my heart, when I asked you for an answer and you told me to follow my heart. I followed my heart and see now what I've got! Is it what you had planned for me? I have many doubts on my head now and it seems like no matter how well I treat and how much love I give the ones you put on my way sooner or later the forsake me. Tell me, am I too wrong to believe in this feeling that you call love? Are people too retarded not to see the wonders of it? I mean, all I want now is to keep on following you and your book of instructions but it's getting hard because what I most want you seem not to give me and no matter how much tenderly I treat some people they simply leave me. Maybe you think it's not the right time yet or maybe I am not the kind of person who deserves this magic feeling called love. Anyway, I am just writing this letter to let you know that I feel broken, a little bit miserable and also losing the faith in your corporation because sometimes I think you are not giving enough attention to me. I don’t understand how you can let a person like me who does everything for love face such misery! If all of these things are tests I have got to tell you that I am fed up with them! Haven’t I already proved you how much brave and courageous I am? I believed in things that nobody did just because I did what you told me to do, to follow my heart, if that is not enough for you too see how much loyal to you I am so I have no idea about what to do to get my prize. These were my last words and I’m sorry if my letter is not as well organized as it should be, but I am not able to care about patterns right now. I am waiting for your reply.

Best regards,
Rafael Assis

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Full time bitch



Uma distinta dama da sociedade carioca se arruma para participar de um evento social em uma noite de sábado, seu marido, que já está arrumado, a espera enquanto ela se adorna e se perfuma com o que de mais caro o dinheiro pode comprar. Ela nasceu em uma família que já tinha posses e viu sua boa vida ficar ainda melhor quando conheceu seu marido, um grande empresário de uma multinacional.
Após algumas horas se arrumando os dois saem de sua casa na Barra da Tijuca e dirigem-se para a festa que acontecerá no Leme, ela vai ao banco do carona enquanto seu marido conduz a mais nova aquisição da família, uma BMW série 5. É aproximadamente oito e trinta da noite e durante o caminho ao Leme a bela dama vê pela janela do BMW de seu marido uma prostituta na calçada, uma cena corriqueira, mas que por alguma razão desconhecida acaba ficando na mente daquela senhora.
Os dois chegam ao Leme e vão em direção à mesa onde um grupo de amigos seus já os estava esperando, ficam ali conversando por alguns minutos até que os homens pedem licença para as damas e vão até o bar do evento beber um pouco. Nessa hora a dama que viu a prostituta começa uma conversa com suas amigas:

-Vocês já notaram como vem aumentando o número de prostituas no Rio de Janeiro?
-Olha, realmente vem crescendo, mas eu acho que antes era pior, hoje a gente quase não vê.
-Olhem, pois eu vi. Vindo para cá vi uma fazendo ponto, numa hora dessas.
-É assim mesmo, o Rio de Janeiro está cheio delas.
-Sabe o que eu acho? Se eu fosse política eu criaria uma lei para tornar a prostituição um crime. Onde já se viu legalizar isso? Isso é horrível!
-Concordo com você menina, essas mulheres só enfeiam nossa cidade.
-Vender o corpo por dinheiro, eu jamais faria isso!

Passados mais alguns minutos, a mesma senhora que começou a conversa sobre prostituição decide iniciar mais um assunto altamente filosófico.

-Minha filha está em Londres agora fazenda intercâmbio, aquela cidade é tão linda! Paris, Veneza e Madrid também são bonitas, mas nenhuma se compara a Londres.
-Acho Londres bonita sim, mas para mim a mais encantadora é Roma, nunca esquecerei aquele lugar! Mas deixemos nossas impressões de lado e vamos continuar o assunto, sua filha ficará em Londres por quanto tempo?
-Ela irá passar um ano em Londres, já disse para ela arranjar um namorado rico por lá, homem sem dinheiro não é homem!
-Ah amiga, só você mesmo! – disse sua amiga seguida por uma risada
-Mas é verdade. Veja meu exemplo, tenho tudo que preciso, minhas jóias, minhas roupas, meus carros, sempre que quero posso comprar um Prada, uma Louis Vuitton, um Dolce and Gabbana, isso é maravilhoso. Meu marido é perfeito, ele é o homem que sempre sonhei. Já disse para minha filha que essa historinha de amor que passa na televisão...hum...é tudo mentira, o amor não é esse sentimento maravilhoso que brota de lugar algum, ele acontece quando encontramos uma pessoa que possa nos dar aquilo que precisamos. Para mim não existe amor se não houver dinheiro.
-Eu gostaria de discordar de você, mas é verdade. Se meu marido também não tivesse dinheiro minha vida seria tão chata, é como diz aquele ditado que “quando o dinheiro sai pela porta o amor sai pela janela”.
-É verdade, você entendeu tudo. – completou a senhora com risos.

A festa acabou, todos os convidados voltaram para casa e a senhora que tanto conversou na festa foi para cama com seu marido, tiveram uma noite de sexo regada com vinhos caros em uma cama cujo preço poderia comprar metade do enxoval de um casal recém noivado.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: será que prostituas são realmente só aquelas que trabalham em night clubs, boites ou em puteros mesmo ou existem muitas outras mais que vivem por trás das cortinas de seda da sociedade? Paremos e reflitamos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Gutrid



O jovem Gutrid

Gutrid era o filho mais novo de Lael, ele tinha um irmão gêmeo chamado Egos e um irmão que era oito anos mais velho chamado Ranzao. Ambos cresceram na mesma casa e Gutrid sempre havia admirado seu irmão mais velho, que era um grande soldado do rei Labur, rei que controlava o reinado de Luxur. O rei Labur sempre havia admirado seu soldado Ranzao e o considerava um dos melhores no fronte de batalha, era destemido, inteligente, sábio e forte, grandes qualidades para um soldado. Em casa Gutrid tentava imitar os movimentos de seu irmão, nas ruas do reino brincava de luta com outros rapazes, todos sonhando em ser soldado do rei Labur.
Um dia Labur decidiu fazer a coleta de impostos junto com alguns de seus soldados para poder ter um contato mais próximo com seu povo e entre eles estava Ranzao. Ao passar por uma das diversas vielas do reino Labur pediu para que seu cocheiro parasse, pois uma luta entre alguns rapazes havia o chamado atenção. Ele assistiu a luta dos dois rapazes e ao final dela perguntou para Ranzao.

-Você mora aqui não e Ranzao? Conhece aquele rapaz magro?
-Sim majestade, aquele é meu irmão mais novo, Gutrid.
-Gostei da forma como ele luta, farei dele um soldado meu. Pegue-o e trago-o conosco.
-Sim majestade, assim o farei.

Gutrid vira soldado

Gutrid ficou surpreso quando seu irmão desceu da carruagem e foi em direção a ele, ele perguntou para Ranzao o que ele fazia ali e seu irmão o disse que o rei havia gostado de sua luta e gostaria de levá-lo com ele. Gutrid ficou muito feliz e subiu na carruagem junto com seu irmão mais velho, os dois cumprimentaram o rei e tomaram seus lugares na carruagem. Durante o caminho Gutrid tomou coragem e dirigiu uma pergunta para Labur.

-Majestade, porque me escolheu para ser um de seus soldados?
-Porque vi que você é habilidoso e inseguro.
-Inseguro? Ser inseguro é algo bom para um soldado?
-Às vezes sim, se não fosse pela sua insegurança seu inimigo o teria aniquilado, mas por hesitar você deu um passo para trás e isso fez com que você não perdesse a luta. As vezes a insegurança e a melhor amiga de um bom soldado".

Gutrid ficou feliz com as palavras do rei e também saltou de alegria por dentro, pois ser um soldado era o seu maior sonho.
Ao saber que Gutrid havia sido levado pelo rei Labur, Egos pegou um cavalo e seguiu ao encontro de seu irmão rumando para o vilarejo mais próximo do reinado de Luxur, ele cresceu junto de Gutrid e não iria largá-lo agora.
Depois de um dia de viagem Gutrid, Labur e Ranzao chegaram ao castelo do rei e lá dentro Gutrid começou o treinamento para se tornar um soldado real sempre sob os olhares atentos de seu irmão mais velho Ranzao. Egos chegou um dia depois da chegada de seus irmãos e foi logo ao encontro de Gutrid.

-Ola Gutrid! Parabéns, fiquei sabendo que agora você e um soldado real.
-Não ainda meu irmão, estou apenas em treinamento, mas em breve serei um soldado tão bom quanto meu irmão."
-Você de fato é muito bom e em breve terá seu valor reconhecido.

A primeira batalha

Os meses foram passando e Gutrid foi ficando cada vez melhor na arte da luta, sua principal característica era a sua cautela, ele só atacava se estivesse certo de que poderia acertar seu inimigo, não era do tipo de soldado valente que quer destruir todos, mas era eficiente e por isso raramente perdia uma batalha. Após cinco meses de treinamento uma parte do reinado de Luxur foi invadido por bárbaros de outra região e o rei Labur viu-se obrigado a mandar seu exército para o campo de batalha, Ranzão iria liderar um dos grupos de soldados e neste grupo estava seu irmão Gutrid. Preocupado com o primeiro combate real de seu irmão Ranzão foi até Gutrid e o disse.

-Gutrid, tenha cuidado, pois agora não é mais um treinamento, eles irão querer te matar, seja sempre cuidadoso como sempre foi - disse Ranzão.
-Certo irmão, tomarei todo o cuidado possível.

Ranzão sempre se preocupou com seus irmãos mais novos, mas dava um pouco mais de atenção para Gutrid, pois Egos tinha certo gênio ruim em si e tinha certa tendência para fazer coisas erradas. Ranzão foi então até o melhor ferreiro do reino e pediu para que ele fizesse para seu irmão Gutrid um belo e resistente escudo assim como uma espada leve, forte e afiada. Também pediu para o ferreiro que fizesse um leve e forte capacete e uma roupa de malha de ferro que pudesse protegê-lo dos golpes desferidos pelos inimigos. Após alguns dias o ferreiro entregou as peças para Ranzão e este em seu cavalo foi ao encontro de Gutrid.

-Irmão, olhe o que te trouxe, faça bom uso de tudo que está nesse saco.
-Obrigado irmão, são as armas mais lindas que já vi, espero não te desapontar no fronte.
-Quer não me desapontar? Então me faça o favor de voltar de lá vivo.

O exército do rei Labur passou três dias caminhando até que enfim chegaram ao lugar onde estavam os bárbaros, eles passaram a noite acampados em um lugar um pouco distante de onde os bárbaros se encontravam para no dia seguinte começarem a batalha para expulsar os invasores de lá. Assim que o dia raiou os soldados do rei levantaram-se e após chegar a um lamacento lugar colocaram suas aramas em punho e começaram a lutar contras os bárbaros. Foi uma batalha sangrenta, muitos cavalos se feriram, alguns soldados morreram, outros foram gravemente feridos, perderam membros, mas no fim da batalha muitos bárbaros haviam sido mortos e os que sobreviveram voltaram para sua terra natal. Gutrid havia se saído bem em sua primeira batalha, matou dez inimigos e feriu outros mais, aquilo chamou em muito a atenção de Ranzão que após voltar para o castelo reportou o fato para Labur, o rei então ficou impressionado com o feito do jovem soldado e então o condecorou com uma estrela de bravura. Ao voltar para as imediações do castelo, Gutrid recebeu a visita de seu irmão gêmeo.

-Você foi muito bem na sua primeira batalha matando dez e ferindo tantos outros, imagine daqui para frente como será, você será o melhor soldado do rei.
-Pare com isso Egos, os bárbaros não eram assim tão bem preparados, não era difícil acabar com eles.
-Ainda assim você o fez quando muitos outros soldados morreram ou se deixaram ferir por aquele grupo de mortos fome, você Gutrid foi o melhor no fronte!

O domínio por Egos

As palavras de Egos ficaram vagando pela mente de Gutrid por dias, ele sabia que os bárbaros não possuíam o mesmo armamento que ele, mas também sabia que matar dez em sua primeira batalha era um feito memorável e isso começou a tomar conta do rapaz.
Várias outras batalhas se seguiram seja por conquista de território ou por defender os limites das terras do rei e em todas elas Gutrid se mostrou muito bem no fronte, sempre se destacando no campo de batalha. Um dia um grupo de rebeldes revoltados com a tomada de seu território alguns anos atrás decidiu se juntar com outros ex habitantes de territórios tomados pelo rei Labur e formaram um numeroso exército de rebeldes, este exército invadiu o território de Labur e iniciou uma verdadeira barbárie nos vilarejos que ali exestiam. Labur em pouco tempo recebeu relatos do que estava acontecendo ali e destacou seu exército para mais essa missão, contudo antes que as tropas deixassem o reino de Luxur Ranzão foi visitar Gutrid em seu casebre e lá o encontrou junto de seu irmão gêmeo Egos.

-Olá Gutrid, posso entrar?
-É claro irmão, mas a que devo sua visita?
-Vim conversar com você meu irmão. Tenho notado nas últimas batalhas que você já não tem sido mais o mesmo, o vejo cada vez se arriscando mais, já não é mais o soldado cauteloso que costumava ser no passado, tenho medo que acabe se machucando e até mesmo morrendo. Peço que tenha cuidado e não subestime os rebeldes, eles são violentos e perigosos.
-Não precisa se preocupar comigo meu irmão, ainda sou o mesmo de sempre, apenas estou aprendendo cada vez como usar as armas e meu corpo no fronte de batalha, é apenas isso.
-Não é isso que vejo, mas se você me diz acredito em você, peço apenas que tenha mais cuidado, só isso.

Egos esperou Ranzao deixar o casebre de Gutrid e então chegou mais perto de seu irmão e começou uma conversa com ele.

-Não de ouvidos para o que Ranzao diz, ele e um fraco que até hoje não passa de um simples líder de pelotão, não chegou nem mesmo chegará ao posto de líder de todo exército. Você pelo contrário é bravo, valente, não precisa dos conselhos dele. Continue agindo como tem feito, não tema mais seus inimigos nem de passos para trás, de sempre um passo a frente, surpreenda-os com seu ataque feroz e impiedoso. Arranque a cabeça de um dos bárbaros e ergua-a ao alto na ponta de sua espada com sua mão direita para que todos temam você Gutrid. Isso feito o rei Labur ira te estimar ainda mais.

Ranzão é ferido

No dia seguinte os soldados de Labur rumaram para as terras dominadas pelos exércitos de rebeldes e após alguns dias de caminhada chegaram ao vilarejo tomado por eles e se surpreenderam com a cena que viram, o vilarejo que antes fora próspero e bonito havia sido reduzido a cinzas. Os soldados de Labur partiram para o ataque e travaram mais uma batalha sangrenta contra os rebeldes, Ranzao liderava o grupo e Gutrid usava toda sua habilidade para acabar um por um com todos os rebeldes que cruzavam seu caminho. Em certo momento daquela batalha Ranzao foi ferido por um dos rebeldes e caiu de seu cavalo, Gutrid viu aquilo e antes que um dos rebeldes pudesse desferir o golpe fatal contra Ranzao Gutrid surpreendeu o inimigo e o atacou por trás salvando a vida de seu irmão. Gutrid ergueu seu irmão do chão e pediu para que outros soldados levassem ele dali, os soldados obedeceram a ele e movido pela fúria de ver seu irmão ferido Gutrid encheu seu coração de ódio e foi matando ainda com mais fervor e desejo cada rebelde que ousava lutar com ele. Ao matar o último rebelde Gutrid lembrou-se de tudo que Egos havia o dito e arrancou a cabeça do rebelde, colocou-a na ponta de sua espada e a ergue com sua mão direita o mais alto que pode, deu um urro que assustou a todos e disse para os soldados que com ele haviam lutado naquela batalha.

-Levarei esta cabeça até o território desses mortos de fome e a pendurarei em uma árvore para que todos vejam e temam o exército de Labur e meu nome, assim ninguém mais se atreverá a invadir nossas terras e tomar nossas mulheres. Vida longa ao rei Labur e ao seu exército!

Antes que mesmo que o exército de Labur voltasse para as imediações do castelo o rei ficou sabendo do que acontecera com Ranzão e sobre a atitude de Gutrid que havia inflamado o espírito de luta nos soldados, aquilo chamou a atenção do rei e ele pediu que uma de suas carruagens fosse até o campo de batalha trazer Ranzão e Gutrid. A carruagem foi despachada com dois soldados e dois médicos tratar dos ferimentos de Ranzão, havia ainda um espaço sobrando para que Gutrid pudesse voltar com ele. O rei Labur deu ordens claras para os soldados na carruagem que fossem o mais rápido possível, pois ele tinha muito estima por Ranzão e queria vê-lo bem assim como também tinha urgência para falar com Gutrid.
Passaram-se quatro dias desde a saída até a volta dos soldados e médicos mais Gutrid e Ranzão e ao ver a carruagem ao longe Labur desceu e foi esperar seus bravos guerreiros junto aos portões do castelo. Assim que a carruagem entrou e parou um soldado abriu a porta e o rei Labur dirigiu sua palavra para Ranzão.

-Como anda meu caro, está bem?
-Sim majestade, graças a meu irmão estou vivo e o ferimento não foi fatal, contudo creio não mais ser capaz de servir-te.
-Gostaria muito que pudesse continuar me servindo, mas você cumpriu bem seu papel em cada batalha que travou, agora é hora de descansar meu caro amigo.
-Obrigado majestade!
-Também gostaria de conversar com você Gutrid, siga-me – disse Labur.
-Como queira.

Gutrid sobe de posto

Os dois passaram pelos vários corredores do castelo até chegarem à sala onde Labur poderia conversar com Gutrid sem que ninguém os pudesse ouvir, lá a conversa começou.

-Gutrid, meu mensageiro me informou sobre sua conduta durante a batalha, disse-me que você ao vencer seu último inimigo ergueu a cabeça dele em sua espada e isso inflamou a fúria em meus soldados, isso é verdade?
-É sim majestade, ao ver meu irmão ferido e a ponto de ter sua vida tirada eu acabei com todos os rebeldes que cruzavam meu caminho e então fiz o que te foi relatado com o último deles.
-Isso demonstra em muito sua bravura e seu espírito de luta Gutrid e agora que Ranzão está ferido e não pode mais servir-me eu nomeio você como novo líder dos meus soldados. Assim como seu irmão, você será agora responsável por liderar um grupo de quatrocentos soldados e tenho certeza que em muito pouco tempo será líder de todo meu exército no fronte de batalha.
-Agradeço por sua confiança em mim majestade, fique certo de que não o desapontarei.
-Assim espero Gutrid. Saiba que tenho grande estima por seu irmão e espero que você faça jus à reputação dele no campo de batalha.
-Tenha certeza que farei!
-Assim seja. Está dispensado.
-Com sua licença, majestade.

Gutrid voltou para seu aposento ainda sem acreditar no que havia acabado de acontecer, ele sempre imitara seu irmão quando mais jovem, mas nunca se imaginou como soldado do rei, tampouco como líder de um pelotão. Passadas algumas horas em seus aposentados e depois de fartar-se com algumas mulheres Gutrid recebeu a visita de Egos.

-Olá irmão, diz-se por todo reinado que você foi muito bravo no campo de batalha, seu nome corre à boca de todos.
-Sinto-me feliz, mas nada disso me importa de verdade.
-Porque está tão feliz então?
-O rei Labur me nomeou como líder de um pelotão de quatrocentos homens, é por isso que estou feliz! Graças a o que você me disse hoje deixei de ser um simples soldado e subi na hierarquia do rei. Obrigado irmão!
-Não me agradeça Gutrid, eu apenas disse o que fazer, mas foi você quem o fez. Você é o bravo e temido Gutrid, ninguém pode vencê-lo meu irmão. Não dê mais ouvidos a Ranzão, pois ele não passa de um medroso, você sim tem fibra de guerreiro. Você é grande e cada vez mais poderoso, em breve será uma lenda!
-Às vezes você me assusta, mas cada coisa que você diz torna-se real, quem sabe um dia não serei tão grande como você prevê.
-Será meu irmão, tenho certeza. Você é invencível, creia nisso e jamais perderá uma só batalha!

Egos aumenta seu poder

Egos deixou o casebre de Gutrid ainda sem acreditar no que havia ocorrido, seu irmão ganhava cada vez mais poder na hierarquia de Labur e também aumentava sua fama na cidade, Egos não conseguia entender como aquele menino franzino havia se tornado o grande Gutrid de Luxur. Desde pequeno Egos tinha inveja de seus irmãos, principalmente de Gutrid, pois achava que ele era o preferido entre os três irmãos. Egos se aproveitava da mente fraca de Gutrid para fazê-lo acreditar que realmente era invencível, mas na verdade tudo que ele queria era ver seu irmão cair em batalha.
O tempo foi passando e vez ou outra batalhas eram travadas para se estender cada vez mais os territórios de Labur, em cada batalha Ranzão orientava Gutrid para nunca deixar de ser atencioso no campo de batalha enquanto Egos insuflava sua invencibilidade e fazia-o acreditar que era praticamente onipotente. Após alguns anos Gutrid se tornou capitão supremo de todo exército de Labur e pelo fato do rei não ter nenhum herdeiro isso fazia de Gutrid o descendente direto do reino de Luxur. Insatisfeito e transtornado com o sucesso de seu irmão Egos decidiu tomar uma decisão drástica. Ele foi até a Floresta dos Pinheiros, um lugar que nunca era visitado nem mesmo pelo mais bravo soldado, pois se acreditava que lá vivia um bruxo chamado Illanus que não deixava sair vivo ninguém que entrava na floresta. Lá antes que Egos encontrasse Illanus o bruxo o encontrou.

-Olá Egos!
-Como sabe meu nome?
-Eu sou Illanus, não há nada que foi, é, ou será que eu não saiba. Não teve medo de entrar em minha casa e não sair daqui com vida?
-Não, creio que o senhor não me matará.
-Pensa certo, temos a mesma essência, é por isso que você sabe que pode vir e voltar para sua casa vivo. Mas deixamos de conversa e vamos ao que de fato nos interessa. Você quer que seu irmão perca uma luta no campo de batalha certo? Você quer vê-lo sucumbir.
-Sim, é isso que quero. Gutrid não pode se tornar tão poderoso assim!
-Tenho algo para te dizer. Sabe por que teu irmão nunca perde uma luta?
-Não, não sei a resposta.
-Porque Gutrid é forte, ágil, inteligente, um perfeito guerreiro. Só, existe um inimigo que pode vencê-lo.
-Então me diga como faço para encontrá-lo e te pagarei o que for.
-Não é preciso encontrá-lo, pois ele não existe. A única pessoa que pode vencer Gutrid é ele mesmo.
-Como assim?
-Traga-me um pedaço da unha do dedão do pé direito de Gutrid e deixe que o resto eu farei.
-E o que o senhor quer como pagamento?
-Simples, seu ódio por seu irmão já me alimenta, não precisa me pagar nada.
-Obrigado!
-Contudo, se você desistir levarei sua vida como pagamento. Então, está certo de que é isso que você realmente quer? Lembre-se, uma vez que decidir salvar seu irmão se você se arrepender de nosso trato terá que pagar com sua própria vida.
-Estou certo disso - disse Egos um tanto hesitante.
-Então está feito, traga-me a unha de seu irmão e deixe que farei o resto. Quando voltar com a unha de Gutrid te direi o que deve fazer.
-Está certo, até breve.
-Até logo.

A primeira queda pela vaidade

Egos deixou a Floresta dos Pinheiros e voltou para o vilarejo onde morava, ele passou o resto do dia lá e quando a noite chegou ele foi para as ruas do reino procurar por uma mulher. Ele andou por algumas horas até que achou a mulher perfeita, ele chamou a moça e ela o atendeu.

-O que quer meu nobre senhor?
-Estava te olhando e creio que você seja perfeita para o que quero. Você é jovem, tem belos seios, bonitos cabelos, se encaixa perfeitamente.
-Obrigado pelos elogios, mas saiba que eles não irão me comprar, uma noite comigo custa caro.
-Isto lhe paga? – Perguntou Egos enquanto mostrava para moça uma moeda de ouro que sacara de seu bolso.
-Paga uma semana inteira se preferir. Vamos, mostre-me onde é sua casa.
-Calma, não é para mim, é para meu irmão.
-Que bom irmão você é!
-Escute moça, escute com atenção. Levarei-te até o casebre de meu irmão gêmeo, o nome dele é Gutrid, o grande capitão do exército de Labur.
-Nossa, Gutrid! Será um prazer para mim deitar-me com ele.
-Fique quieta e ouça, ao entrar no casebre de Gutrid você dirá que é um presente dos moradores de Luxur para agradecer Gutrid pela sua bravura no campo de batalha e por ter protegido nossas mulheres. Meu irmão é um tolo e com certeza acreditará em você. Se ele ficar em dúvida tire sua roupa, meu irmão não resiste a moças jovens e belas como você. Deite-se com ele e o dê o que beber até que ele fique bêbado, após isso te peço que corte um pedaço da unha do dedão do pé direito de Gutrid e me traga, não precisa ser um pedaço muito grande, mas grande o bastante para que você possa trazer até a mim.
-Pra que quer isso?
-Isso não te importa, apenas faça o que te peço e amanhã essa moeda de ouro será sua.
-Está certo.
-Então vamos, me siga.

Egos saiu com a prostituta que havia conhecido e a levou até o casebre de Gutrid, elas chegaram até bem perto e pela janela Egos viu que seu irmão estava sozinho, uma oportunidade perfeita para por o plano de Illanus em prática. Egos abandonou a moça e deixou que ela fizesse seu trabalho, ela entrou no casebre de Gutrid e o pegou de surpresa.

-Ora moça, está perdida?
-Não, acabei de encontrar o que eu vinha procurando.
-Quem é você?
-Sou Michaela e estou aqui para te satisfazer essa noite, um presente em nome da cidade para o bravo Gutrid.
-Não sabia que era assim tão querido em Luxur, sinto me honrado! De fato você é uma moça muito bonita e diz a boa educação que não é de bom tom que recusemos presentes, sendo assim entre e faça aquilo para o qual foi paga.
-Será um prazer enorme!

Os dois tiveram uma noite tórrida de prazer e sempre que podia Micahela fazia com que Gutrid tomasse mais uma taça de vinho e após algumas horas Gutrid adormeceu, nessa hora Michaela tirou um pedaço da unha do dedão direito de Gutrid e saiu de seu casebre antes que ele pudesse acordar. Ela então foi ao encontro de Egos e lá deu o pedaço da unha de seu irmão para ele.

-Aqui está o que me pediu, agora quero meu pagamento.
-Como prometido, está aqui sua moeda de ouro. Muito obrigado pelos seus serviços.
-O prazer foi todo meu, se precisar de mim mais uma vez sabe onde me encontrar.
-Está certo, agora vá embora e lembre-se de nunca mencionar que me conhece.
-Que seja.

O mal é feito

Egos tinha em suas mãos aquilo que Illanus o havia pedido e embora não soubesse o que o bruxo faria com aquele pedaço de unha ele voltou rapidamente para Floresta dos Pinheiros.

-Illanus, fiz o que me pedira, aqui está a unha de meu irmão gêmeo.
-Muito bem meu caro Egos, vejo que é um homem de palavra, admiro muito pessoas assim!
-Agora me diga, o que fará com essa unha?
-Tudo ao seu tempo meu caro, agora apenas ouça o que te direi. Existe um vilarejo já bastante combalido ao oeste do reino, diga para Gutrid dominá-lo para que assim que assumir o reinado de Labur já ter suas terras expandidas ainda mais. Diga para ele reunir alguns soldados de confiança e prometer terras nesse vilarejo para eles e também o diga que faça escondido sem consultar o rei.
-Mas para que isso tudo?
-Labur está cansado de tantas lutas por território e seu irmão precisa de um motivo para lutar, pois será no combate que ele padecerá. Ele sempre te ouviu e agora não será diferente, em breve nosso plano se cumprirá.
-Está certo Illanus, farei o que me diz.

A segunda queda pela vaidade

Egos voltou para sua casa e em seguida foi falar com Gutrid, ao chegar lá ele o viu conversando com Ranzão.

-Seja bem vindo meu irmão – disse Ranzão. Estava aqui dizendo para Gutrid que em breve ele será rei de Luxur, basta agir naturalmente e as coisas acontecerão no tempo certo.
-Gutrid sempre foi um ótimo guerreiro e em breve será o melhor rei que Luxur já viu. E ainda digo mais, Gutrid pode expandir Luxur como jamais Labur sonhou, um dia nosso irmão será o rei de um império.
-Cuidado Egos, nosso irmão sabe de suas limitações e conhecer seus próprios limites é o principal para que qualquer pessoa possa conquistar seus objetivos.
-Pare com isso Ranzão, Gutrid não precisa de limites, ele é muito mais do que qualquer um jamais fora.
-Vamos parar com isso rapazes – disse Gutrid. Vamos beber e comemorar, deixemos o futuro para quando ele chegar.

Os três beberam e conversaram até a hora em que Ranzão deixou o casebre de Gutrid. Assim que ele saiu Egos começou novamente a conversa com seu irmão.

-Irmão, não dê ouvidos para Ranzão, você é invencível e um dia será um grande imperador! Ouça o que te digo, existe um vilarejo ao oeste que está combalido, junte alguns soldados de sua confiança e tome esse vilarejo, você não precisa esperar que aquele velho do rei Labur morra para começar a expandir seu território. Um dia isso tudo será seu então não perca tempo, comece agora. Você pode ter o mundo todo aos seus pés Gutrid, basta apenas você começar.

A verdade se revela

Gutrid a princípio achou uma loucura a idéia de Egos, mas cada vez mais ele se achava invencível e decidiu levar aquele idéia louca a frente para se afirmar ainda mais como o maior de todos os guerreiros. Ele foi até o ferreiro e pediu que ele fizesse um escudo com a letra G, substituindo o antigo escudo que usava com as letras LX. O ferreiro fez o que Gutrid pediu e então o soldado reunião alguns homens de sua confiança e os prometeu terras naquele lugar que seria conquistado. Quarenta e sete homens foram com Gutrid para o vilarejo e lá tudo parecia bem, parecia que seria uma conquista sem luta, contudo alguns minutos depois da tomada do território um pequeno exército de homens liderado por um cavaleiro cujo rosto não podia ser feito iniciou uma luta contra o pequeno exército de Gutrid. A luta foi travada e para o espanto de Gutrid o exército inimigo era forte e acabava pouco a pouco com os quarenta e sete homens de Gutrid, ele era o único que conseguia vencer os soldados que desferiam golpes contra ele. Gutrid percebeu que a força do exército inimigo estava em seu líder de rosto tampado e foi em direção a ele, este correu e levou Gutrid para um lugar onde ambos pudessem lutar sozinhos. Gutrid começou bem, ferindo o guerreiro inimigo com alguns leves cortes, ele se enchia cada vez mais de confiança até que em certo momento quando ele pensava já ter ganhado aquela luta o inimigo deu um passo para trás acertou Gutrid em sua perna esquerda. Ele caiu no chão e ao tentar se levantar o guerreiro inimigo chutou seu braço direito, o que fez Gutrid soltar sua espada. Ele tentou vencer a dor e alcançar sua espada, mas seu esforço foi em vão.

-Pobre Gutrid, se achava o invencível e agora vê seu fim cada vez mais próximo.
-Dê-me minha espada seu covarde para que possamos lutar como homens.
-Lutar como homens? Olhe para você, um cachorro praticamente morto, com ou sem espada você não é páreo para mim. Acabar com você seria como acabar cm uma mosca, você não consegue nem mais deixar o chão. Trouxe quarenta e sete homens para que fossem mortos por causa de sua vaidade, grande líder você é.
-Mostre-me seu rosto seu covarde, quero ver quem é aquele que em breve padecerá pela minha espada.
-Como queira.

O guerreiro tirou seu capacete reluzente e para surpresa de Gutrid ele tinha seu rosto.

-Egos, é você? – Perguntou Gutrid.
-Claro que não, eu sou você Gutrid. Sou você, porém sem sua vaidade e sua arrogância, tenho todas as suas qualidades atuais e todas as antigas que você perdeu com o passar tempo. Ironia pensar que seu maior inimigo foi você mesmo e que você morrerá pela mesma espada que tanto matou.

Uma segunda chance

Gutrid arregalou os olhos sem acreditar naquilo tudo, ele viu como tudo o que havia ouvido era verdade e se desesperou com a morte iminente. Ele via sua espada reluzente sendo segurada pelo seu inimigo e apontada para seu pescoço, a morte parecia certa para Gutrid. Quando o inimigo estava prestes a acabar com a vida de Gutrid Egos apareceu de trás de uma árvore e matou o inimigo com uma facada nas costas. Naquele mesmo momento Egos sentiu uma forte dor nas costas, no mesmo lugar onde ferira o inimigo e ao cair no chão com suas últimas forças disse para seu irmão.

-Perdoe-me, fui eu quem o criou e matando-o eu também acabo com minha vida. Ouça a Ranzão e você será um grande homem. Isso vale muito mais do que ser um grande guerreiro.

Egos faleceu e Gutrid perdeu todos seus homens, ele foi encontrado mais tarde por uma mulher que morava no vilarejo e ela tomou conta dele e cuidou de seus ferimentos. Ao se recuperar Gutrid voltou para o reinado de Luxur e foi direto ao encontro do rei Labur que queria em urgência falar com ele.

-Gutrid, fiquei sabendo de seu ato impensado. Pergunto-me porque fazer aquilo sem minha autorização, você era meu melhor homem, poderia ter sido um rei e agora aos meus olhos não passa de um louco.
-Majestade...
-Cale-se Gutrid, não quero ouvir sua voz. Pegue suas coisas, todas elas e deixe Luxur. Deveria ordenar que o matassem, mas como tenho estima por ti e por seu irmão deixarei você viver, mas me prometa que nunca mais aparecerá em minhas terras.

Gutrid deixou as terras do rei e foi seguido por seu irmão mais velho. Ele nunca mais voltou a ser soldado, nem mesmo ter a boa vida que tivera no passado, contudo ele teve a chance única de ver tudo que de errado fizera no passado e a chance de recomeçar.

Desenho por Rafael Assis