Para alguns a vida nasceu a partir de um divino ato do Criador, para outros veio com asteróides trazendo os elementos básicos para seu início. A vida pode ser vivida várias vezes em corpos diferentes ou apenas uma vez em apenas um corpo, também pode ser a mais maravilhosa experiência ou a mais aterradora. Nossas próprias vidas podem ter começado num momento sublime, num momento carnal, dentro de um carro, em um quarto de motel, na casa de nossos pais, pode ter sido premeditada ou pode ter sido ao acaso. Assim é que a vida se inicia, a mais duradoura e difícil de todas as aventuras humanas.
Assim que começamos nossas vidas nesse planeta imenso, somos cercados de informação e idéias que por vezes se confundem com as nossas próprias, por vezes é até mesmo difícil saber se o que pensamos é de fato um pensamento nosso ou algo que foi sutilmente colocado ali seja lá por quem fosse. Se realmente somos aquilo que acreditamos ser ou se somos apenas uma cópia de todas as pessoas que cruzaram nossas vidas.
Então começamos a ouvir histórias que achamos lindas para depois termos a decepção de descobrir que elas nunca passaram de mentiras. Nos natais escrevemos cartas ou fazemos pedidos para um senhor barbudo que mora no Pólo Norte com a esperança de que ele nos traga presentes. Com essa tão linda história nasce a nossa primeira frustração ao acordarmos e percebermos que na árvore de natal a bicicleta não há, nem os vídeo games e as bonecas, parece que o bom velhinho esqueceu-se de nós e pela primeira vez nos sentimos rejeitados e esquecidos. Continua assim, natal após natal uma decepção após a outra até o dia em que descobrimos que o bom velhinho não mora no Pólo Norte, mas sim no Shopping mais próximo. Também descobrimos que ele pode até ouvir nossos pedidos, mas que na verdade quem os deve ouvir são os nossos pais, pois eles sim são os verdadeiros papais noéis. Nessa mentirinha cruel ser um bom menino ou boa menina é apenas metade da equação já que só podemos pedir aquilo que nossos pais podem nos dar. E para as crianças que não tem pai ou que tem famílias sem condições, Papai Noel é nada mais que mais um membro desse mundo cruel que sequer os olha e desde pequenos aprendem que não são parte da sociedade. Com essa lição também aprendemos ainda bem jovens que na vida muitas vezes merecer não significa que obteremos o que queremos, também aprendemos que é bonito e possível sonhar, porém é bom sonhar somente com aquilo que é tangível, caso contrário poderemos nos frustrar quando acordarmos de manhã e não vermos nossos sonhos realizados sob nossas árvores de natal. Papai Noel deixa de ser o bondoso velhinho do Pólo Norte e torna-se apenas uma forma leviana do mundo ganhar cada vez mais e mais dinheiro e o conto de natal passa a ser a verdadeira imagem de que para o mundo crianças e adultos são iguais quando o que vale de verdade é quantos zeros à direta existem na conta bancária daqueles que ganham com tudo isso. A primeira mentira se revela, mentira cruel e desonesta, mas necessária para fazermos bom uso dos nossos décimos terceiros. Ah..quase esqueci, no natal celebramos o nascimento de Jesus, mas Jesus não dá dinheiro e também nunca ouvi falar de um aniversário que se comemora numa data em que qualquer pessoa do mundo pode ter nascido, menos o próprio aniversariante. E como na vida desgraça pouca é bobagem, as mentiras podem até ter pernas curtas, mas por isso andam em bando! Então descobrimos também que coelho não bota ovo, que não nascemos de uma sementinha que papai colocou na barriguinha da mamãe nem que fomos trazidos por uma cegonha; descobrimos que o bichinho da televisão é só uma fantasia com uma pessoa dentro e que muitos de nós não somos tão bonitos quanto nossas mães nos disseram.
O tempo passa, a infância de ouro cada vez mais curta deixa seu lugar para a tão turbulenta e complicada adolescência e com ela vem mais uma cachoeira de mentiras, como se as que já tivemos na infância não tivessem sido suficientes. Apaixonamo-nos pela menininha ou menininho da escola e à esse alguém entregamos nossos corações. É verdade que muitos de nós crescemos em lares em que nossos pais já haviam há muito se separado, mas o mágico e maravilhoso sentimento do amor existe em nós, pois somos a geração que viu Branca de Neve ser acordada por um príncipe e com ele viver feliz para sempre, somos a geração que viu Shrek salvar a princesa e com ela formar uma família, somos a geração que viu casais enfrentarem tudo e terminarem juntos no último capítulo da Malhação, então é claro que nós saberemos bem melhor cultivar um amor, muito melhor do que nossos pais souberam. Compramos rosas com o dinheiro da mesada, damos uma carona para nossa amada em nossas bicicletas mágicas ao passo em que elas contam para suas amigas como estão apaixonadas. Começam então a surgir os subnicks no MSN e depoimentos no Orkut, as provas mais firmes e atuais de que um amor é verdadeiro e eterno. O único problema disso tudo é que a televisão que nos educou não estava lá para educar a vida e ela não sabe que o amor dura para sempre e exatamente neste momento, no momento em que cavalgamos no campo mais belo nosso cavalo tropeça e nos faz cair dele. Como num capricho da tristeza sobre a felicidade o relacionamento chega ao fim e com ele vêm as facas que laceram nossos corações e abrem feridas que jamais serão cicatrizadas, diferente da televisão nossa história não teve um final feliz, teve apenas um final. Faltou espaço, faltou tempo, faltaram caracteres sobrando para uma última palavra no nosso Twitter celestial e por isso a palavra “final” não pode ser acompanhada de “feliz”. É a mão mágica da vida que nos deu o mesmo fim que deu a nossos pais, porque precisamos nos lembrar daquela lição que aprendemos ainda bem jovens, que ser merecedor é apenas metade da equação e que quando somos adultos ser merecedor na verdade não quer dizer nada. Descobrimos que talvez nossos pais não tenham sido tão levianos um com o outro, apenas talvez não exista esse amor tão sublime que somos feitos acreditar. E assim, de forma cruel e impiedosa descobrimos que a eternidade do amor talvez não passe de uma simples fala escrita por algum poeta ou de uma mera formalidade no ato do casamento. Talvez “amor” e “eterno” jamais deveriam ter sido colocados na mesma frase e assim mais uma mentira, ou devo chamar de imprecisa verdade vem à tona.
Mas talvez a vida seja mesma feita disso, de muitas verdades e muitas mentiras, mentiras essas que estão aqui para que nós possamos acreditar no inacreditável e de certa forma termos alguma esperança no futuro, uma forma de nos fazer parar de olhar para aquilo que nos fere e limita e olharmos para um horizonte tão intangível quanto aquele que vemos no mar. Talvez ainda, não deixem de ser como nosso grande amigo Papai Noel, uma grande mentira com o único objetivo de nos deixar cada vez mais pobres.
Eu, que tenho apenas 26 anos e quero ainda por muito viver me pergunto quantas mentiras ainda irei descobrir até o fim da minha vida e quantas lágrimas ainda vou chorar. Aos 26 anos eu me pergunto: de quantas mentiras é feita a vida?
Esse meu espaço é na verdade um lugar onde posso postar meu textos e pensamentos. O blog possui esse título porque acredito que o ponto final limita as palavras e sentimentos são muito maiores do que as palavras podem descrever, por isso às vezes não uso ponto final para que os sentimentos não se sintam acorrentados às limitações da gramática.
sábado, 19 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Mais uma vez...amor
Ontem assistindo a novela Ti Ti Ti ouvi uma frase que muito me chamou atenção, a frase foi dita por Marcela, personagem vivida por Isis Valverde. A frase que ela disse foi essa, simples, porém muito verdadeira: amor não é merecimento. Parei um pouco e pensei sobre aquilo que havia acabado ouvir e cheguei à conclusão de que de fato a frase faz muito sentido, pois muitas vezes amamos pessoas que não merecem nosso amor ou também somos amados por pessoas pelas quais não fazemos nada para sermos merecedores de tal sentimento. É algo que já havia até mesmo comentado aqui, que na verdade o amor não precisa de razão para existir, ele simplesmente existe.
Creio que por essa razão tantas pessoas saiam tão tristes ao fim de uma relação (posso me incluir nesse grupo), pois pensam que se doando e dando razões para serem amadas irão eventualmente receber o amor da pessoa para a qual se dedicam, contudo gratidão e amor são duas coisas bem diferentes. A gratidão precisa de gestos para existir, só é possível ser grato a alguém se esse alguém te faz algo, já o amor existe independente de qualquer coisa. Ele é um sentimento tão maior e tão incompreendido que acha razões onde a razão por sua vez pode não ver razão alguma. É nessas horas que nos perguntamos por que não conseguimos esquecer tal pessoa ou até mesmo ouvimos que quando nos lembramos do passado temos a tendência de apagar o que foi ruim e lembrar com nostalgia e romantismo somente dos momentos bons, mas creio que na verdade isso tudo seja apenas um “truque” do amor. Ele existe por si só e talvez não exista nada de ruim que uma pessoa possa fazer ao ponto de matar o amor eu existe por ela, talvez possamos sentir mágoa, desconfiança e com nossas mentes tentar bloquear o amor que sentimos pela pessoa em questão, mas o amor em si jamais deixará de existir.
Penso que o amor seja um sentimento tão maior e tão superior a capacidade humana que ele sempre será um mistério para nós e jamais saibamos por que ele existe, quanto tempo dura ou do que ele é feito.
Acho que a nós cabe apenas entender que o amor pode até não ser merecimento, mas isso não nos dá o direito de maltratar quem nos ama, tampouco devemos deixar que outros sentimentos como orgulho ou egoísmo estejam acima do amor porque por amor tudo aquilo que não fere outro ser humano é válido.
Creio que por essa razão tantas pessoas saiam tão tristes ao fim de uma relação (posso me incluir nesse grupo), pois pensam que se doando e dando razões para serem amadas irão eventualmente receber o amor da pessoa para a qual se dedicam, contudo gratidão e amor são duas coisas bem diferentes. A gratidão precisa de gestos para existir, só é possível ser grato a alguém se esse alguém te faz algo, já o amor existe independente de qualquer coisa. Ele é um sentimento tão maior e tão incompreendido que acha razões onde a razão por sua vez pode não ver razão alguma. É nessas horas que nos perguntamos por que não conseguimos esquecer tal pessoa ou até mesmo ouvimos que quando nos lembramos do passado temos a tendência de apagar o que foi ruim e lembrar com nostalgia e romantismo somente dos momentos bons, mas creio que na verdade isso tudo seja apenas um “truque” do amor. Ele existe por si só e talvez não exista nada de ruim que uma pessoa possa fazer ao ponto de matar o amor eu existe por ela, talvez possamos sentir mágoa, desconfiança e com nossas mentes tentar bloquear o amor que sentimos pela pessoa em questão, mas o amor em si jamais deixará de existir.
Penso que o amor seja um sentimento tão maior e tão superior a capacidade humana que ele sempre será um mistério para nós e jamais saibamos por que ele existe, quanto tempo dura ou do que ele é feito.
Acho que a nós cabe apenas entender que o amor pode até não ser merecimento, mas isso não nos dá o direito de maltratar quem nos ama, tampouco devemos deixar que outros sentimentos como orgulho ou egoísmo estejam acima do amor porque por amor tudo aquilo que não fere outro ser humano é válido.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Prazo de validade
Certo dia em uma conversa familiar minha mãe me disse que tempos atrás os produtos não possuíam prazo de validade estampado na embalagem, a única forma de saber se algo ainda estava em condições próprias para o consumo era vendo se a embalagem estava estufada ou pelo cheiro. O tempo foi passando, o mundo evolui e alguém sensato percebeu que seria muito útil para os consumidores saberem até que data algo poderia ser consumido e hoje podemos ver que todas as embalagens trazem essa informação.
Hoje em dia no mundo em que vivemos existe uma grande “coisificação” de pessoas e sentimentos e o prazo de validade estendeu-se também a elas e eles. Hoje parte dos relacionamentos tem um prazo de validade estampado já no ato do seu início, visto que pessoas se envolvem com outras por vários fatores, mas poucas vezes por amor. Pode ser porque são atraentes, porque tem dinheiro, porque precisam de sexo, para curar a solidão, porque querem acreditar que dará certo; é assim que muitos relacionamentos começam. É verdade que essa coisa de amor a primeira vista pode até existir, mas de forma geral no início de uma relação o que chama atenção no outro pode ser alguma outra coisa, mas não é amor de cara. Contudo, o problema é quando mesmo depois de certo tempo de envolvimento o casal não se envolve de forma completa porque sabe que aquilo é apenas uma curtição de momento, ou então um relacionamento que irá durar apenas até a chegada do carnaval, porque no carnaval é preciso estar solteiro para aproveitar a pegação.
Nos tempos de hoje os efeitos são especiais, os tweets e posts no Facebook são superficiais, os personagens dos desenhos no cinema são digitais e por fim o “amor” deixou de ser um sentimento e virou apenas uma palavra tão superficial quanto sua definição.
Nos anos dois mil amar não é preciso, pois amar é entregar sua vida à outra pessoa e nos tempos de hoje não podemos confiar nem em nossas próprias sombras. É preciso antes de tudo que nos formemos, que façamos nossas pós-graduações, que tenhamos ótimos empregos, que compremos nossos carros, que tenhamos nossas casas, que façamos nossas viagens, ou seja, que vivamos os melhores dias de nossas vidas da forma mais intensa possível só para nós mesmos e aí sim quando já estivermos cansados de tanta badalação poderemos entregar o resto de nossos dias para alguém. E esse alguém não precisa ser alguém especial, basta ser uma pessoa para preencher o vazio que a solidão eventualmente trará. Amor? Para que amor? Só é preciso sexo e uma pessoa para fazer companhia, sem apego emocional ou entrega em demasia, já que romantismo demais enjoa.
Os verbos hoje se conjugam na primeira pessoa do singular, EU sempre será muito mais importante do que VOCÊ! E que tal nosso, nossa, nossos, nossas? Ledo engano achar que ainda haja espaço para tais pronomes em uma frase, eles simplesmente tiveram seu lugar roubados pelo minha, meu, sua, seu.
É a grande evolução das espécies, como foi estudada pelo grandíssimo Charles Darwin. Somente os animais mais adaptados ao seu meio sobrevivem, e assim nós seres-humanos tivemos que nos adaptar e muito mais que praticar de fato viver o egoísmo e o egocentrismo para sobrevivermos nesse mundo.
Para aqueles que não se adaptarem não lhes caberá a morte física, entretanto poderão enfrentar a morte de seus espíritos ao passo que o mundo lá fora muda e se não mudarmos também somos antiquados, somos esquecidos. Pobre é o amor, que por viver na união entre duas pessoas não encontra mais nesse mundo individualista espaço para se fazer existir. Seu prazo de validade? Não há. Não porque durará para sempre, mas talvez por jamais saber o que é existir.
Hoje em dia no mundo em que vivemos existe uma grande “coisificação” de pessoas e sentimentos e o prazo de validade estendeu-se também a elas e eles. Hoje parte dos relacionamentos tem um prazo de validade estampado já no ato do seu início, visto que pessoas se envolvem com outras por vários fatores, mas poucas vezes por amor. Pode ser porque são atraentes, porque tem dinheiro, porque precisam de sexo, para curar a solidão, porque querem acreditar que dará certo; é assim que muitos relacionamentos começam. É verdade que essa coisa de amor a primeira vista pode até existir, mas de forma geral no início de uma relação o que chama atenção no outro pode ser alguma outra coisa, mas não é amor de cara. Contudo, o problema é quando mesmo depois de certo tempo de envolvimento o casal não se envolve de forma completa porque sabe que aquilo é apenas uma curtição de momento, ou então um relacionamento que irá durar apenas até a chegada do carnaval, porque no carnaval é preciso estar solteiro para aproveitar a pegação.
Nos tempos de hoje os efeitos são especiais, os tweets e posts no Facebook são superficiais, os personagens dos desenhos no cinema são digitais e por fim o “amor” deixou de ser um sentimento e virou apenas uma palavra tão superficial quanto sua definição.
Nos anos dois mil amar não é preciso, pois amar é entregar sua vida à outra pessoa e nos tempos de hoje não podemos confiar nem em nossas próprias sombras. É preciso antes de tudo que nos formemos, que façamos nossas pós-graduações, que tenhamos ótimos empregos, que compremos nossos carros, que tenhamos nossas casas, que façamos nossas viagens, ou seja, que vivamos os melhores dias de nossas vidas da forma mais intensa possível só para nós mesmos e aí sim quando já estivermos cansados de tanta badalação poderemos entregar o resto de nossos dias para alguém. E esse alguém não precisa ser alguém especial, basta ser uma pessoa para preencher o vazio que a solidão eventualmente trará. Amor? Para que amor? Só é preciso sexo e uma pessoa para fazer companhia, sem apego emocional ou entrega em demasia, já que romantismo demais enjoa.
Os verbos hoje se conjugam na primeira pessoa do singular, EU sempre será muito mais importante do que VOCÊ! E que tal nosso, nossa, nossos, nossas? Ledo engano achar que ainda haja espaço para tais pronomes em uma frase, eles simplesmente tiveram seu lugar roubados pelo minha, meu, sua, seu.
É a grande evolução das espécies, como foi estudada pelo grandíssimo Charles Darwin. Somente os animais mais adaptados ao seu meio sobrevivem, e assim nós seres-humanos tivemos que nos adaptar e muito mais que praticar de fato viver o egoísmo e o egocentrismo para sobrevivermos nesse mundo.
Para aqueles que não se adaptarem não lhes caberá a morte física, entretanto poderão enfrentar a morte de seus espíritos ao passo que o mundo lá fora muda e se não mudarmos também somos antiquados, somos esquecidos. Pobre é o amor, que por viver na união entre duas pessoas não encontra mais nesse mundo individualista espaço para se fazer existir. Seu prazo de validade? Não há. Não porque durará para sempre, mas talvez por jamais saber o que é existir.
terça-feira, 15 de março de 2011
Eu gosto da chuva
Fascina-me olhar para o alto e ver bem baixinho as nuvens cinzas carregadas de chuva, é muito bonito pode ver esse contraste tão bruto entre o azul e o cinza quase negro que pouco a pouco toma conta de todo céu.
Gosto também de sentir aquele típico cheiro de terra molhada, ou de cimento molhado mesmo que sempre chega antes da chuva propriamente dita.
Gosto de ouvir e também de sentir na pele os primeiros pingos, de ouvir separadamente o som que cada um faz ao tocar o solo ou ao tocar as folhas de uma árvore antes de darem lugar ao som dos vários pingos caindo de uma só vez produzindo apenas um som contínuo.
Quando vejo a chuva caindo gosto de me sentar na varanda e admirá-la. Não é nada mais do que água, ao mesmo tempo em que não é nada menos do que água.
Gosto de ouvir os trovões e ver o céu se iluminar a cada relâmpago. Gosto ver os raios traçarem seu rumo em direção ao solo quando o céu está tomado pela noite.
Gosto da chuva, pois ela me traz paz. É como se houvesse uma grande limpeza no céu, então a chuva é sempre sinal de que tempos bons estão por vir.
Gosto da chuva, pois ela é simples e ao mesmo tempo poderosa
Gosto da chuva, pois ela acalma e faz sonhar.
Gosto da chuva sem razão nem porquê, simplesmente gosto.
A cada visita que ela queira me fazer, sempre será bem vinda.
Gosto também de sentir aquele típico cheiro de terra molhada, ou de cimento molhado mesmo que sempre chega antes da chuva propriamente dita.
Gosto de ouvir e também de sentir na pele os primeiros pingos, de ouvir separadamente o som que cada um faz ao tocar o solo ou ao tocar as folhas de uma árvore antes de darem lugar ao som dos vários pingos caindo de uma só vez produzindo apenas um som contínuo.
Quando vejo a chuva caindo gosto de me sentar na varanda e admirá-la. Não é nada mais do que água, ao mesmo tempo em que não é nada menos do que água.
Gosto de ouvir os trovões e ver o céu se iluminar a cada relâmpago. Gosto ver os raios traçarem seu rumo em direção ao solo quando o céu está tomado pela noite.
Gosto da chuva, pois ela me traz paz. É como se houvesse uma grande limpeza no céu, então a chuva é sempre sinal de que tempos bons estão por vir.
Gosto da chuva, pois ela é simples e ao mesmo tempo poderosa
Gosto da chuva, pois ela acalma e faz sonhar.
Gosto da chuva sem razão nem porquê, simplesmente gosto.
A cada visita que ela queira me fazer, sempre será bem vinda.
quinta-feira, 10 de março de 2011
O jardim das rosas cor-de-rosa
Pedro era um rapazinho de apenas quatorze anos que vivia seu primeiro amor. Ele estava apaixonado por uma menina chamada Naiara, uma bela menina de cabelos negros e olhos verdes que ele conhecera na escola. Ela tinha treze anos e para ela Pedro também era seu primeiro amor. O jovem rapaz era um dos melhores alunos de sua classe e tinha um futuro promissor esperando por ele.
Certo dia ao voltar da escola Pedro teve que assar na casa de sua avó para fazer um favor para sua mãe, ao chegar lá ele conversou um pouco como sua avó e perguntou para ela porque o amor sendo um sentimento tão belo e tão importante na vida das pessoas ainda assim morria. A avó do menino então perguntou se ele acreditava nos sonhos e ele respondeu que sim, então ela disse que a resposta para aquela pergunta dele seria vista em um sonho que ele teria. O menino deixou a casa de sua avó e voltou para sua casa, um percurso curto que levou no máximo dez minutos. Daquela noite em diante o menino sempre ia para cama com a esperança de que teria o sonho falado por sua avó. Os dias foram se passando e com ele vinham também as noites, até que quatorze dias depois da vista a casa de sua avó, no mesmo dia em que ele e Naiara completaram três meses de namoro juntos, o menino ao adormecer teve um sonho muito diferente.
De repente ele se viu em um campo imenso, todo chão era tomado por um lindo e perfeito gramado, a sua direita havia uma grande casa e ao lado direito da casa um vasto jardim de rosas cor-de-rosa. Pedro começou a caminhar em direção ao jardim e cada vez que chegava mais perto dele ele se impressionava com o seu tamanho e com o fato de algumas rosas estarem lindas e outras estarem apenas na forma de botões, ao mesmo tempo outras estavam praticamente mortas e secas. Ao chegar bem próximo ao jardim Pedro ficou estupefato com o tamanho dele. Havia fileiras de rosas que se estendiam para além do horizonte, do mesmo modo havia tantas fileiras que ao olhar para sua esquerda o jovem rapaz não conseguia ver um fim, era como se ele estivesse em meio a um oceano de rosas. O aroma das rosas encantava o menino e este encanto fez com que ele começasse a andar por dentro do jardim, tocando com suas mãos algumas das rosas ele podia ver e sentir claramente a diferença entre elas. Algumas eram vívidas e lindas, tinham pétalas largas e exalavam um aroma maravilhoso; por outro lado algumas estavam secas e outras eram apenas pequenos botões que esperavam sua vez de desabrochar. O jovem rapaz não entendia como era possível em uma mesma estação algumas rosas já estarem mortas ao passo que outras nem haviam desabrochado. Ele então sentou na terra entre duas fileiras onde podia ver claramente uma rosa linda, uma seca e uma ainda botão. Ele começou a tocá-las e se perguntou por que elas eram daquela forma. Após cerca de um minuto um senhor de barba e vestes brancas tocou o ombro esquerdo de Pedro e sentou-se ao lado dele, os dois então naquele momento começaram a conversar:
-Olá meu senhor! Quem é você? Você mora aqui?
-Olá Pedro! Não interessa saber quem sou, não é por essa razão que está aqui; e sim, eu moro aqui. Moro naquela casa que está a esquerda desse jardim.
-É o senhor quem toma conta desse jardim?
-Não, eu apenas planto as sementes, mas cada um cuida de sua própria rosa.
-Como assim cada um? Eu ainda não vi ninguém aqui, só tem eu aqui.
-Você não viu porque estava impressionado com a grandeza do jardim, mas fique de pé e olhe ao seu redor. Você irá ver que existem algumas pessoas aqui cuidando de suas rosas.
O menino então se colocou de pé e ao olhar para todos os lados viu que de fato algumas pessoas estavam ali cuidando de suas rosas, ele pode ver velhas senhoras, alguns senhores também, até mesmo algumas crianças e também muitas mulheres que pareciam mães. Pedro então se sentou mais uma vez ao lado esquerdo do senhor de barba branca e eles continuaram a conversar:
-É verdade, agora sim posso ver. Existem muitas pessoas aqui, mas eu vejo muito mais rosas do que pessoas.
-Eu sei, é triste, mas é a verdade. Posso te levar para um passeio, Pedro?
-Claro.
-Está certo, irei te levar para outro jardim, não tão belo como esse, mas muito populoso, você irá ver com seus próprios olhos. Não é muito longe daqui, na verdade é o jardim do meu vizinho.
O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e pediu que ele fechasse seus olhos, o senhor então contou somente até um e pediu que o jovem rapaz abrisse seus olhos novamente. Ao abrir, eles estavam em outro jardim, o jardim dos copos vazios.
-Nossa, senhor que jardim é esse? Porque tantos copos aqui? Não sabia que era possível plantar copos.
-De fato não é possível se plantar copos, mas as pessoas acreditam tanto que seja possível que os copos de fato nascem.
-Por favor, explique-me. Eu vejo tantas pessoas aqui, muito mais que no jardim das rosas, sendo que aqui o aroma não é o mesmo de lá, e eu vejo pessoas colocando coisas dentro dos copos, o que elas colocam?
-De fato esse jardim é muito procurado, você pode olhar ao seu redor e verá que para cada copo existe uma pessoa e vou te contar algo ainda mais interessante. Se você somar o número de pessoas daqui mais o número de pessoas em meu jardim você terá o número exato de rosas que tenho em meu jardim. Cada pessoa aqui coloca em seu copo algum desejo passageiro, alguma vontade vazia, algo que eles pensam que lhes trará felicidade. Mas pare e olhe os copos ao seu redor, você vê algo dentro deles?
-Não, não vejo nada. Onde está tudo que eles colocam?
-É por isso que esse jardim é chamado de jardim dos copos vazios, pois os desejos que eles aqui colocam são tão vazios quanto os próprios copos onde os colocam. Mas sente-se e olhe para o chão ao seu redor. Verá que todo desejo se encontra aqui, no chão.
O jovem rapaz olhou e viu que de fato no chão de tudo podia se encontrar, todo tipo de desejo lá estava. Alguns sujos, empoeirados, mas estavam todos lá largados no chão.
O senhor então pegou a mão de Pedro de novo e disse:
-Filho, feche os olhos, esse lugar não é para você, vou te levar de volta para meu jardim.
Pedro fechou os olhos e ao abri-los mais uma vez ele viu que estava no jardim das rosas cor-de-rosa novamente. O senhor de barba branca sentou-se com ele no chão mais uma vez e começou a explicá-lo:
-Este jardim é tão imenso porque existe uma rosa para cada alma que habita a terra e essas rosas são nada menos que o amor que cada um tem dentro de seu coração. Como você pode ver, algumas rosas estão lindas enquanto outras estão murchas, secas, ou ainda são botões. As murchas e secas são exatamente as rosas daquelas pessoas que estão no jardim dos copos vazios, ou então rosas de pessoas que vem aqui, mas não sabem cuidar bem delas.
-Como faço para cuidar bem de minha rosa?
-Não é uma tarefa complicada. Primeiro você deve acreditar que sua rosa existe, esse é o fator principal, caso contrário você jamais irá encontrá-la na imensidão desse jardim. Depois, você precisa dar a ela seu tempo, sua atenção, você precisa conversar com ela, ouvir o que ela tem para te dizer. Você precisa ser paciente com ela, precisa estar com ela sempre, precisa tratá-la bem e mostrar para ela que ela e importante em sua vida. Dessa forma sua rosa ficará cada vez mais bela.
-Mas senhor, e essas rosas que estão secas, elas não podem mais voltar a ficarem belas?
-Pedro, você vê aquele relógio no alto do céu?
-Sim, eu vejo. Mas porque ele só tem um ponteiro que aponta para o número zero?
-Porque nunca é cedo nem tarde demais para cuidar de uma rosa. Por mais que elas pareçam secas ou mortas, elas estão apenas tristes, mas ainda querem viver. Agora já é quase hora de você voltar para casa, pois em breve mais um dia irá nascer, mas antes quero te mostrar algo. Acompanhe-me.
O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e caminhou com ele alguns metros até que parou perto de uma rosa e começou mais uma vez a falar com o jovem moço.
-Olhe Pedro, consegue ver essa rosa?
-Nossa, consigo sim, ela é linda!
-Meu amigo, esta é a sua rosa. Há tempos ela era apenas um botão frágil e singelo, mas você Pedro, é um visitante que está em meu jardim todos os dias. Sempre posso vê-lo cuidando de sua rosa e isso muito me agrada.
-Nossa, mas eu não me lembro de jamais ter estado aqui.
-Mas você já esteve, muitas vezes, você apenas não se lembra. Mas fique tranqüilo, pois aqueles que visitam meu jardim não se lembram de suas visitas, este aqui é outro mundo, então é normal que isso aconteça. Apenas continue sendo este rapaz amoroso com sua família, com sua namorada, com seus amigos e como todo o resto, dessa forma sua flor será tão bela como tantas outras que você vê aqui. Mesmo que um dia você se sinta ferido, triste ou magoado, se você quiser chorar, derrame suas lágrimas aqui neste jardim e sua rosa por estar linda e forte irá curá-lo. Agora me de sua mão e feche seus olhos novamente.
O menino fechou os olhos e após alguns instantes ouviu um som eletrônico que tocava perto de onde estava, era seu celular o avisando que estava na hora de acordar para ir à escola. O menino acordou fascinado pelo sonho que teve e passou o dia todo se lembrando dele e ao sair da escola ele avisou sua mãe que iria passar na casa da avó dele. Ao chegar lá, sua avó pode ver que ele tinha um brilho diferente no olhar e parecia extasiado, ela então o perguntou:
-Porque esta tão feliz meu filho, aconteceu algo?
-Sim vovó, eu tive o sozinho que você me disse!
-Não é lindo o jardim?
-Sim, é maravilhoso! Mas como você sabia da existência dele?
-Da mesma forma que você soube. Eu o vi através de um sonho e desde então jamais deixei de visitá-lo.
-A senhora também viu o jardim dos copos?
-Vi sim, conheço bem aquele jardim, há muito tempo havia um copo lá com meu nome, mas agora não mais há. Pelo contrário, agora existe uma belíssima rosa que é minha e faço questão de cuidar muito bem dela.
Após a conversa com sua avó Pedro voltou para casa leve e feliz. Com o tempo ele se esqueceu do sonho, mas a mesma rosa que havia no jardim também estava plantada no coração de Pedro e esta fez com que ele jamais deixasse de sentir o mais belo de todos os sentimentos e por toda sua vida jamais houve um copo com o nome de Pedro escrito nele no jardim dos copos vazios.
Certo dia ao voltar da escola Pedro teve que assar na casa de sua avó para fazer um favor para sua mãe, ao chegar lá ele conversou um pouco como sua avó e perguntou para ela porque o amor sendo um sentimento tão belo e tão importante na vida das pessoas ainda assim morria. A avó do menino então perguntou se ele acreditava nos sonhos e ele respondeu que sim, então ela disse que a resposta para aquela pergunta dele seria vista em um sonho que ele teria. O menino deixou a casa de sua avó e voltou para sua casa, um percurso curto que levou no máximo dez minutos. Daquela noite em diante o menino sempre ia para cama com a esperança de que teria o sonho falado por sua avó. Os dias foram se passando e com ele vinham também as noites, até que quatorze dias depois da vista a casa de sua avó, no mesmo dia em que ele e Naiara completaram três meses de namoro juntos, o menino ao adormecer teve um sonho muito diferente.
De repente ele se viu em um campo imenso, todo chão era tomado por um lindo e perfeito gramado, a sua direita havia uma grande casa e ao lado direito da casa um vasto jardim de rosas cor-de-rosa. Pedro começou a caminhar em direção ao jardim e cada vez que chegava mais perto dele ele se impressionava com o seu tamanho e com o fato de algumas rosas estarem lindas e outras estarem apenas na forma de botões, ao mesmo tempo outras estavam praticamente mortas e secas. Ao chegar bem próximo ao jardim Pedro ficou estupefato com o tamanho dele. Havia fileiras de rosas que se estendiam para além do horizonte, do mesmo modo havia tantas fileiras que ao olhar para sua esquerda o jovem rapaz não conseguia ver um fim, era como se ele estivesse em meio a um oceano de rosas. O aroma das rosas encantava o menino e este encanto fez com que ele começasse a andar por dentro do jardim, tocando com suas mãos algumas das rosas ele podia ver e sentir claramente a diferença entre elas. Algumas eram vívidas e lindas, tinham pétalas largas e exalavam um aroma maravilhoso; por outro lado algumas estavam secas e outras eram apenas pequenos botões que esperavam sua vez de desabrochar. O jovem rapaz não entendia como era possível em uma mesma estação algumas rosas já estarem mortas ao passo que outras nem haviam desabrochado. Ele então sentou na terra entre duas fileiras onde podia ver claramente uma rosa linda, uma seca e uma ainda botão. Ele começou a tocá-las e se perguntou por que elas eram daquela forma. Após cerca de um minuto um senhor de barba e vestes brancas tocou o ombro esquerdo de Pedro e sentou-se ao lado dele, os dois então naquele momento começaram a conversar:
-Olá meu senhor! Quem é você? Você mora aqui?
-Olá Pedro! Não interessa saber quem sou, não é por essa razão que está aqui; e sim, eu moro aqui. Moro naquela casa que está a esquerda desse jardim.
-É o senhor quem toma conta desse jardim?
-Não, eu apenas planto as sementes, mas cada um cuida de sua própria rosa.
-Como assim cada um? Eu ainda não vi ninguém aqui, só tem eu aqui.
-Você não viu porque estava impressionado com a grandeza do jardim, mas fique de pé e olhe ao seu redor. Você irá ver que existem algumas pessoas aqui cuidando de suas rosas.
O menino então se colocou de pé e ao olhar para todos os lados viu que de fato algumas pessoas estavam ali cuidando de suas rosas, ele pode ver velhas senhoras, alguns senhores também, até mesmo algumas crianças e também muitas mulheres que pareciam mães. Pedro então se sentou mais uma vez ao lado esquerdo do senhor de barba branca e eles continuaram a conversar:
-É verdade, agora sim posso ver. Existem muitas pessoas aqui, mas eu vejo muito mais rosas do que pessoas.
-Eu sei, é triste, mas é a verdade. Posso te levar para um passeio, Pedro?
-Claro.
-Está certo, irei te levar para outro jardim, não tão belo como esse, mas muito populoso, você irá ver com seus próprios olhos. Não é muito longe daqui, na verdade é o jardim do meu vizinho.
O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e pediu que ele fechasse seus olhos, o senhor então contou somente até um e pediu que o jovem rapaz abrisse seus olhos novamente. Ao abrir, eles estavam em outro jardim, o jardim dos copos vazios.
-Nossa, senhor que jardim é esse? Porque tantos copos aqui? Não sabia que era possível plantar copos.
-De fato não é possível se plantar copos, mas as pessoas acreditam tanto que seja possível que os copos de fato nascem.
-Por favor, explique-me. Eu vejo tantas pessoas aqui, muito mais que no jardim das rosas, sendo que aqui o aroma não é o mesmo de lá, e eu vejo pessoas colocando coisas dentro dos copos, o que elas colocam?
-De fato esse jardim é muito procurado, você pode olhar ao seu redor e verá que para cada copo existe uma pessoa e vou te contar algo ainda mais interessante. Se você somar o número de pessoas daqui mais o número de pessoas em meu jardim você terá o número exato de rosas que tenho em meu jardim. Cada pessoa aqui coloca em seu copo algum desejo passageiro, alguma vontade vazia, algo que eles pensam que lhes trará felicidade. Mas pare e olhe os copos ao seu redor, você vê algo dentro deles?
-Não, não vejo nada. Onde está tudo que eles colocam?
-É por isso que esse jardim é chamado de jardim dos copos vazios, pois os desejos que eles aqui colocam são tão vazios quanto os próprios copos onde os colocam. Mas sente-se e olhe para o chão ao seu redor. Verá que todo desejo se encontra aqui, no chão.
O jovem rapaz olhou e viu que de fato no chão de tudo podia se encontrar, todo tipo de desejo lá estava. Alguns sujos, empoeirados, mas estavam todos lá largados no chão.
O senhor então pegou a mão de Pedro de novo e disse:
-Filho, feche os olhos, esse lugar não é para você, vou te levar de volta para meu jardim.
Pedro fechou os olhos e ao abri-los mais uma vez ele viu que estava no jardim das rosas cor-de-rosa novamente. O senhor de barba branca sentou-se com ele no chão mais uma vez e começou a explicá-lo:
-Este jardim é tão imenso porque existe uma rosa para cada alma que habita a terra e essas rosas são nada menos que o amor que cada um tem dentro de seu coração. Como você pode ver, algumas rosas estão lindas enquanto outras estão murchas, secas, ou ainda são botões. As murchas e secas são exatamente as rosas daquelas pessoas que estão no jardim dos copos vazios, ou então rosas de pessoas que vem aqui, mas não sabem cuidar bem delas.
-Como faço para cuidar bem de minha rosa?
-Não é uma tarefa complicada. Primeiro você deve acreditar que sua rosa existe, esse é o fator principal, caso contrário você jamais irá encontrá-la na imensidão desse jardim. Depois, você precisa dar a ela seu tempo, sua atenção, você precisa conversar com ela, ouvir o que ela tem para te dizer. Você precisa ser paciente com ela, precisa estar com ela sempre, precisa tratá-la bem e mostrar para ela que ela e importante em sua vida. Dessa forma sua rosa ficará cada vez mais bela.
-Mas senhor, e essas rosas que estão secas, elas não podem mais voltar a ficarem belas?
-Pedro, você vê aquele relógio no alto do céu?
-Sim, eu vejo. Mas porque ele só tem um ponteiro que aponta para o número zero?
-Porque nunca é cedo nem tarde demais para cuidar de uma rosa. Por mais que elas pareçam secas ou mortas, elas estão apenas tristes, mas ainda querem viver. Agora já é quase hora de você voltar para casa, pois em breve mais um dia irá nascer, mas antes quero te mostrar algo. Acompanhe-me.
O senhor de barba branca pegou Pedro pela mão e caminhou com ele alguns metros até que parou perto de uma rosa e começou mais uma vez a falar com o jovem moço.
-Olhe Pedro, consegue ver essa rosa?
-Nossa, consigo sim, ela é linda!
-Meu amigo, esta é a sua rosa. Há tempos ela era apenas um botão frágil e singelo, mas você Pedro, é um visitante que está em meu jardim todos os dias. Sempre posso vê-lo cuidando de sua rosa e isso muito me agrada.
-Nossa, mas eu não me lembro de jamais ter estado aqui.
-Mas você já esteve, muitas vezes, você apenas não se lembra. Mas fique tranqüilo, pois aqueles que visitam meu jardim não se lembram de suas visitas, este aqui é outro mundo, então é normal que isso aconteça. Apenas continue sendo este rapaz amoroso com sua família, com sua namorada, com seus amigos e como todo o resto, dessa forma sua flor será tão bela como tantas outras que você vê aqui. Mesmo que um dia você se sinta ferido, triste ou magoado, se você quiser chorar, derrame suas lágrimas aqui neste jardim e sua rosa por estar linda e forte irá curá-lo. Agora me de sua mão e feche seus olhos novamente.
O menino fechou os olhos e após alguns instantes ouviu um som eletrônico que tocava perto de onde estava, era seu celular o avisando que estava na hora de acordar para ir à escola. O menino acordou fascinado pelo sonho que teve e passou o dia todo se lembrando dele e ao sair da escola ele avisou sua mãe que iria passar na casa da avó dele. Ao chegar lá, sua avó pode ver que ele tinha um brilho diferente no olhar e parecia extasiado, ela então o perguntou:
-Porque esta tão feliz meu filho, aconteceu algo?
-Sim vovó, eu tive o sozinho que você me disse!
-Não é lindo o jardim?
-Sim, é maravilhoso! Mas como você sabia da existência dele?
-Da mesma forma que você soube. Eu o vi através de um sonho e desde então jamais deixei de visitá-lo.
-A senhora também viu o jardim dos copos?
-Vi sim, conheço bem aquele jardim, há muito tempo havia um copo lá com meu nome, mas agora não mais há. Pelo contrário, agora existe uma belíssima rosa que é minha e faço questão de cuidar muito bem dela.
Após a conversa com sua avó Pedro voltou para casa leve e feliz. Com o tempo ele se esqueceu do sonho, mas a mesma rosa que havia no jardim também estava plantada no coração de Pedro e esta fez com que ele jamais deixasse de sentir o mais belo de todos os sentimentos e por toda sua vida jamais houve um copo com o nome de Pedro escrito nele no jardim dos copos vazios.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Teus olhos
Que olhar é esse que penetra a alma e acalenta o coração?
Que olhar é esse que faz o próprio tempo esquecer-se de passar?
Olhos tão vívidos como sol, tão lindos como o mar, tão mansos como a brisa e tão simples como um sorriso.
Impossível já seria esquecer-te, pois apenas 4 letras tem teu nome, mas se mesmo o impossível se tornasse possível, inesquecível seriam as cores desse belo arco-íris que habita em teu pequeno par de céus.
Um par de céus onde a própria liberdade abdicou do direito de ser livre para em teus olhos criar seu lar.
Par de céus que fazem navegantes perdidos se encontrarem e que faz a própria perdição perder-se de si mesma.
Teu olhar e tão belo que o próprio universo e suas estrelas parecem brilhar menos cada vez que você os olha.
Ledo engano, sao apenas os teus olhos que ofuscam o brilho dos astros lá de cima.
Astros que mesmo em toda sua grandeza atemporal, perdem seu estrelato diante da mais pura beleza do olhar de uma mortal.
Que olhar é esse que faz o próprio tempo esquecer-se de passar?
Olhos tão vívidos como sol, tão lindos como o mar, tão mansos como a brisa e tão simples como um sorriso.
Impossível já seria esquecer-te, pois apenas 4 letras tem teu nome, mas se mesmo o impossível se tornasse possível, inesquecível seriam as cores desse belo arco-íris que habita em teu pequeno par de céus.
Um par de céus onde a própria liberdade abdicou do direito de ser livre para em teus olhos criar seu lar.
Par de céus que fazem navegantes perdidos se encontrarem e que faz a própria perdição perder-se de si mesma.
Teu olhar e tão belo que o próprio universo e suas estrelas parecem brilhar menos cada vez que você os olha.
Ledo engano, sao apenas os teus olhos que ofuscam o brilho dos astros lá de cima.
Astros que mesmo em toda sua grandeza atemporal, perdem seu estrelato diante da mais pura beleza do olhar de uma mortal.
Talvez o amor
O grande William Shakespeare uma vez escreveu que o caminho do verdadeiro amor nunca foi suave. Sinto-me tocado cada vez que leio essas palavras, pois de fato creio que o mais belo dos sentimentos talvez tenha sim que passar pelos mais imensos desafios para provar sua verdadeira existência. Contudo, o amor para se fazer existir, para se fazer ser visto e admirado precisa se seres humanos como eu e você para se materializar, e é aí que venho a me perguntar. Quantos de nós realmente acreditamos nele ao ponto de transformarmos abismos em meras rachaduras e muralhas em frágeis cercas? Quantos de nós podemos de fato sentir o amor na sua mais profunda essência e deixar que esse sentimento que rege todos os outros nos norteie e nos faça ir além de onde nossa razão e nossos corpos nos dizem sermos capazes?
Creio que o amor não seja apenas um sentimento fantasiado na cabeça de poetas e escritores, visto que nenhum humano, nem mesmo o mais belo de todos seria capaz de criar sentimento tão intenso e forte ao ponto de nortear toda uma vida. Então acredito que esse amor descrito por Shakespeare e por outros tantos poetas não seja apenas fruto de uma mente brilhante, mais um amor real e absoluto que existe em cada um de nós, apenas não somos todos nós que gostamos de admitir ou que acreditamos que ele é de fato a única coisa na vida que vale a pena toda luta e toda cicatriz, seja ela na carne ou no coração. Se temos tantos outros valores “mais importantes” hoje em dia, nada mais cabível que deixar o amor ali adormecido, descansando, e guardar nossas energias para todas essas outras coisas.
Assumir o amor parece muita vezes como assumir uma fraqueza, parece como assumir uma cultura ultrapassada, algo deixado para um tempo onde casamento era para sempre e onde o amor não era uma mera palavra encontrada em cartões de dia dos namorados, mas sim um sentimento que nos fazia sonhar e que carregava em suas quatro letras toda uma razão para estarmos vivos. Talvez poetas sejam seres que vivem em amor durante toda sua vida e por isso tenham tanta facilidade em descrevê-lo ou pelo menos em tentar defini-lo. Talvez sejam pessoas corajosas o suficiente para escrever, falar, pintar, cantar sobre ele sem medo de serem apontados como loucos ou sentimentais. Talvez, seja preciso que hajam pessoas como estas em um mundo como esse para que os outros de nós não se esqueçam de que o amor não são apenas palavras em textos, em blogs, em cartões ou histórias em filmes hollywoodianos, ele é de fato um sentimento real. Real ao ponto de vencer tudo, todos, de vencer o tempo e as circunstâncias. Real e absoluto, forte e suave como a água que vence a rocha e como vento que move montanhas. O amor não é apenas algo para se acreditar, mas um sentimento para se viver.
domingo, 6 de março de 2011
O mandrião
Deus ajuda quem cedo madruga
Mas para que cedo acordar?
Se o tempo e a lua lá fora
Nunca deixam de passar
Então durma, mandrião
E deixe o ponteiro girar
Pois, lá fora ainda se acha a noite
E ainda há tempo para o dia começar
Mas o dia é apenas um nome
Uma doce ilusão
Pois, o tempo é aquele que corre
Ao bater de um coração
Então mandrião, levante e viva
Não deixe o tempo passar
Pois, com ele passa a vida
E ela não costuma esperar
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