Hoje foi um daqueles dias de céu cinza em que nada acontece, se pelo menos chovesse, trovejasse, se relampejase um pouco, ou se de repente o sol saísse; mas não, nada aconteceu.
Foi um dia chato que poderia nem ter existido em minha vida, pois a verdade é que esse dia foi como um ator que participou de uma peça mudo e sem ser visto, atrás de uma cortina qualquer num papel coadjuvante que foi menos importante que um figurante.
O dia passou, a falta chegou, você não ligou; não me procurou, não se lembrou e em mim nada sobrou.
Agora encontro meu consolo num teclado de computador quando na verdade o que mais queria era poder descansar em seus braços.
Ainda bem que ainda tenho as palavras, ao meu lado agora sentadas comigo nesse colchão velho e surrado. Elas nunca me abandonam, acho que são como um presente ou um prêmio de consolação para aqueles que como eu em certos momentos não tem nada além de seus próprios pensamentos.
Gostaria de poder estar sob melhores lençóis agora, mas já que não os posso ter, como um mendigo perdido numa calçada qualquer coberto com folhas de jornal eu me perco um pouco nessa solidão que se abriu entre mim e você e acho meu alento no cobertor das palavras que escrevo.
Esse é o retrato em duas cores de um dia que só teve uma, a cor da solidão.
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