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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Português aplicado

Assunto chato esse tal de português, cheio de verbos, adjetivos, preposições, artigos e afins. Português mais parece uma pintura de arte moderna.

De tantos verbos nesta língua complicada, tenho íntima relação com os verbos querer e amar, verbos transitivos diretos. Na verdade nem sei, sempre fui ruim em português. Mas me pergunto porque somente verbos transitivos pedem complemento se tantas coisas são vazias sem algo que as completem, como um copo, substantivo concreto que precisa de água, suco, ou algum outro substantivo concreto para completa-lo.
Vida é também por sua vez um substantivo, abstrato segundo as gramáticas dos famosos e renomados Bechara e Celso Cunha, mas não há nada de abstrato em viver. A vida é formada de muitas emoções que a gramática também classificaria como abstratas, abstratas podem até ser na frieza da sintaxe mas são por certo concretas nos corações de quem as sentem. Digam-me o que há de abstrato na saudade, na tristeza, na felicidade, no amor, abstrato seria apenas para aqueles que de fato nunca viveram.

Verbo querer é verbo transitivo e por isso já quis muitos complementos e muitos desses complementos nunca completaram cantos escuros do meu verbo viver. O escuro, que por sua vez, é substantivo abstrato para a gramática mas não para mim.

E então cansado de viver de abstrações busquei o amor concreto que complementaria meu verbo viver. E o amor veio para mim em forma de substantivos seguidos de adjetivos e a frieza da gramática encontrou no calor de um corpo sua forma de escapar dos livros e fazer-se real. Pele morena, cabelos de mar, contornos de nuvens, sorrisos de verdadeira alegria, dedos feitos de paz, beijos feitos de amor, abraços feitos de asas, asas que me fazem voar.

E foi assim que você foi feita, de muitos substantivos, adjetivos e muitas coisas que nem sei os nomes. E eu que nunca fui bom em português, descobri na prática que na minha vida o único complemento que cabe em meu verbo amar é o substantivo concreto você.

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