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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tão perto e tão longe

Muitas vezes usamos esse dito popular que hoje intitula meu texto para nos referirmos a amores; saudades; diferenças sociais, e é sobre essa última que hoje escreverei.

Pra quem vê de fora, andar de bike não passa de uma atividade tola e sem sentido de homens que esqueceram de crescer, mas só quem pratica esse esporte ou lazer sabe como essa atividade pode no trazer belas experiências e nos mostrar coisas que nem sempre vemos.

No meu último passeio de bike à cidade de Miguel Pereira pude ver como as diferenças sociais estão tão presentes no nosso cotidiano e mesmo assim muitas vezes não as enxergamos.

Subindo a sinuosa serra de Miguel Pereira nos deslumbramos com suas lindas paisagens e ao mesmo tempo sentimos nossos músculos se esforçando ao máximo para vencer a próxima curva, para dar apenas mais uma pedalada e assim chegar ao nosso destino. Já quase no fim da serra encontramos uma senhora que vendia bananas, um ótimo alimento para quem pratica esporte pois evita cãibras, dentre outros poderes milagrosos que essa fruta tem. Pois bem, decidimos comprar uma dúzia e a senhora começou a contar a história de sua vida e disse que alí estava desde 1948, que havia ficado muito feliz quando pôde finalmente construir um banheiro em sua casa para evitar o incômodo de ter que ir ao meio do mato sempre que necessário. Também disse que a até pouco sua alegria era ligar uma bateria de carro na televisão e poder se distrair um pouco. A senhora acordava as 3 da manhã todo dia para poder trabalhar e chegava em casa pela meia-noite, mesmo assim ainda conseguiu tempo para ter não 4 ou 5, mas nada menos que 20 filhos. Na hora que partíamos a senhora terminou dizendo o que mais me chamou a atenção. Ela nos perguntou se fazíamos ideia porque ela vendia bananas e nós com certeza não sabíamos responder, então a senhora nos deu a resposta. Disse-nos que vendia bananas apenas para poder comprar café, algo que ela não abre mão. Estranho pensar que para maioria de nós basta ir ao banco, sacar dinheiro e ir ao supermercado, nada de grandes dificuldades. Já para uma senhora de idade sem emprego que mora na subida da serra de Miguel Pereira talvez café não seja algo tão simples.

Todos nós vemos coisas assim na TV uma vez ou outra, mas ver isso de verdade é bem mais tocante do que em um programa de televisão.

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