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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Full time bitch



Uma distinta dama da sociedade carioca se arruma para participar de um evento social em uma noite de sábado, seu marido, que já está arrumado, a espera enquanto ela se adorna e se perfuma com o que de mais caro o dinheiro pode comprar. Ela nasceu em uma família que já tinha posses e viu sua boa vida ficar ainda melhor quando conheceu seu marido, um grande empresário de uma multinacional.
Após algumas horas se arrumando os dois saem de sua casa na Barra da Tijuca e dirigem-se para a festa que acontecerá no Leme, ela vai ao banco do carona enquanto seu marido conduz a mais nova aquisição da família, uma BMW série 5. É aproximadamente oito e trinta da noite e durante o caminho ao Leme a bela dama vê pela janela do BMW de seu marido uma prostituta na calçada, uma cena corriqueira, mas que por alguma razão desconhecida acaba ficando na mente daquela senhora.
Os dois chegam ao Leme e vão em direção à mesa onde um grupo de amigos seus já os estava esperando, ficam ali conversando por alguns minutos até que os homens pedem licença para as damas e vão até o bar do evento beber um pouco. Nessa hora a dama que viu a prostituta começa uma conversa com suas amigas:

-Vocês já notaram como vem aumentando o número de prostituas no Rio de Janeiro?
-Olha, realmente vem crescendo, mas eu acho que antes era pior, hoje a gente quase não vê.
-Olhem, pois eu vi. Vindo para cá vi uma fazendo ponto, numa hora dessas.
-É assim mesmo, o Rio de Janeiro está cheio delas.
-Sabe o que eu acho? Se eu fosse política eu criaria uma lei para tornar a prostituição um crime. Onde já se viu legalizar isso? Isso é horrível!
-Concordo com você menina, essas mulheres só enfeiam nossa cidade.
-Vender o corpo por dinheiro, eu jamais faria isso!

Passados mais alguns minutos, a mesma senhora que começou a conversa sobre prostituição decide iniciar mais um assunto altamente filosófico.

-Minha filha está em Londres agora fazenda intercâmbio, aquela cidade é tão linda! Paris, Veneza e Madrid também são bonitas, mas nenhuma se compara a Londres.
-Acho Londres bonita sim, mas para mim a mais encantadora é Roma, nunca esquecerei aquele lugar! Mas deixemos nossas impressões de lado e vamos continuar o assunto, sua filha ficará em Londres por quanto tempo?
-Ela irá passar um ano em Londres, já disse para ela arranjar um namorado rico por lá, homem sem dinheiro não é homem!
-Ah amiga, só você mesmo! – disse sua amiga seguida por uma risada
-Mas é verdade. Veja meu exemplo, tenho tudo que preciso, minhas jóias, minhas roupas, meus carros, sempre que quero posso comprar um Prada, uma Louis Vuitton, um Dolce and Gabbana, isso é maravilhoso. Meu marido é perfeito, ele é o homem que sempre sonhei. Já disse para minha filha que essa historinha de amor que passa na televisão...hum...é tudo mentira, o amor não é esse sentimento maravilhoso que brota de lugar algum, ele acontece quando encontramos uma pessoa que possa nos dar aquilo que precisamos. Para mim não existe amor se não houver dinheiro.
-Eu gostaria de discordar de você, mas é verdade. Se meu marido também não tivesse dinheiro minha vida seria tão chata, é como diz aquele ditado que “quando o dinheiro sai pela porta o amor sai pela janela”.
-É verdade, você entendeu tudo. – completou a senhora com risos.

A festa acabou, todos os convidados voltaram para casa e a senhora que tanto conversou na festa foi para cama com seu marido, tiveram uma noite de sexo regada com vinhos caros em uma cama cujo preço poderia comprar metade do enxoval de um casal recém noivado.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: será que prostituas são realmente só aquelas que trabalham em night clubs, boites ou em puteros mesmo ou existem muitas outras mais que vivem por trás das cortinas de seda da sociedade? Paremos e reflitamos.

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