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sábado, 4 de junho de 2011

A alegria juvenil

Ouçam quantos risos, quantas falas altas; vejam quantas palavras acompanhadas por gestos. Nunca pensei que fora preciso um movimento de mão para cada uma delas.
A juventude se faz ver, ouvir e sentir, tem um comportamento que se difere de todo resto.
Nos jovens o riso rola solto, a vida é eterna e o tempo é uma mera convenção que à eles não se aplica. Ser jovem é ser aquilo que se é.
Em outro lado dessa mesma linha temos o adulto, cheio de polidez e recato. Tudo no adulto é ponderado, as conversas, os risos, as expressões, alguns são tão educados que por vezes parecem desprovidos de sentimentos.
Para um observador de fora tal postura de neutralidade poderia ser sim atribuída à educação, mas para um ser da raça é notável a razão de que tal comportamento acontece devido às experiências de vida acumuladas nas costas de um adulto. Se olharmos para o passado teremos de fato esta confirmação. Nos nossos quinze anos de idade não precisávamos nos preocupar com IPVA, IPTU, prestações de casa, carros, comida para fazer, filhos para criar, deveres do trabalho, dívidas com cartão de crédito, nada. Aos quinze anos a única preocupação era com a prova de física para amanhã que só fomos lembrar hoje.
A juventude ri e fala alto não porque lhe falta educação, mas sim porque lhe farta a alegria. Aos jovens não se é permitido sofrer de amor, ver um amigo ser levado pelas mãos de Deus, ter seus sonhos roubados, ouvir palavras duras, só o que se permite aos jovens é sorrir. Talvez aos jovens nada disso seja permitido porque a própria vida ainda seja inocente assim como eles.
Mas então se passam os anos e com eles vem a fase adulta, que deixa nos rostos rugas não apenas por causa do tempo que sei foi, mas também por tudo aquilo que se perdeu. Cada ruga conta em si a história de um momento de tristeza ou de preocupação, elas são um relato vivo, testemunhas oculares de tudo aquilo que aquela alma sofreu. Por vezes essas almas viram seus heróis partirem, viram amores eternos morrerem mesmo antes do murchar das flores, viram natais sem Noel, viram crenças sólidas como rochas serem destruídas como um castelo de cartas, viram que a vida não era o que antes se pensou ser. Para muitos adultos a vida é agora apenas um exercício contínuo de conformidade, pois seus sonhos se perderam ou foram esquecidos em um lugar entre o ensino médio e a faculdade e já não há mais tempo nem forças para procurá-los. Para eles agora só o que resta e se conformarem com a rotina, com o emprego, com o preço da gasolina e com a conta de telefone que esse mês veio mais baixa.
Para o adulto o jovem ri e fala alto porque é mal-educado, mas na verdade o problema está na alegria do adulto, que outrora fora muito eloqüente, mas que agora não passa de um simples sussurrar.

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